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IPO da Moura Dubeux: veja tudo sobre a oferta da construtora

Período de reserva das ações da construtora e incorporadora de imóveis de luxo e alto padrão de Pernambuco começa na próxima terça (28); dinheiro da operação será usado quitar dívidas com bancos; fique por dentro da 3ª estreia programada para a B3 em 2020

Bárbara Leite

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Imagem de um empreendimento da Moura Dubeux em Fortaleza: empresa registrou prejuízo no ano passado–Foto: Reprodução

A construtora e incorporadora de Pernambuco Moura Dubeux, voltada para empreendimento de luxo e alto padrão, definiu a faixa indicativa de sua Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla em inglês), quando uma empresa quer ter ações na Bolsa, de R$ 17 a R$ 21. As informações foram publicadas em prospecto preliminar no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O período de reserva das ações do IPO da Moura Dubeux começa na terça-feira da semana que vem, dia 28 de janeiro, e vai até dia 7 de fevereiro. O preço final será definido em 10 de fevereiro e a empresa terá seus papéis listados na B3, a Bolsa de Valores brasileira, no dia 12 de fevereiro.

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A empresa entrou com pedido de registro em 9 de dezembro de 2019. As ações vão negociar sob o código MDNE3.

 A companhia fará uma oferta primária de 51.150.895 ações ordinárias e a captação pode chegar a mais de R$ 971,867 milhões, caso o preço fixado fique no valor médio da faixa, de R$ 19.

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Além disso, a oferta primária poderá ter ainda um lote adicional de 10.230.179 ações e outro de 7.672.634 papéis em uma oferta suplementar.

Considerando as ofertas adicional e suplementar, a empresa vai vender 69.053.708 ações ordinárias, representativas de, aproximadamente, 72,07%, podendo levantar mais de R$ 1,312 bilhão com o IPO, considerando o preço médio.

Esta operação será 100% de oferta primária, ou seja, o dinheiro captado vai diretamente para o caixa da empresa, que é comandada pelo irmãos Marcos, Aluísio e Gustavo Dubeux.

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A oferta é coordenada pelos seguintes bancos: Itaú BBA, Credit Suisse, Bradesco BBI, BB Investimentos e Caixa Econômica Federal.

De acordo com o professor de finanças do Ibmec, Giácomo Diniz, o investidor deve ter cuidado em participar de IPOs sem uma análise mais detalhada.

Destino dos recursos

Caso a oferta seja colocada por completo, a empresa vai encaixar líquidos cerca de R$ 1,223 bilhão. Desse total, a empresa informou, no prospecto preliminar, que vai usar parte para amortizar/liquidar as principais dívidas com seus atuais credores, que são três dos bancos coordenadores da oferta: Bradesco BBI, BB Investimentos e Caixa.

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No total, em setembro de 2019, a Moura Dubeux devia para essas instituições financeiras R$ 998,166 milhões. A dívida com o banco de investimento do Bradesco era a menor, de 55,350 milhões; ao BB Investimentos, o débito chega a R$ 423,113 milhões, e à Caixa, R$ 519,703 milhões.

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A companhia também vai utilizar “parte dos recursos a serem captados com a oferta para o fortalecimento e otimização da sua estrutura de capital, através da melhoria da liquidez promovida pelo aumento de recursos em caixa”, diz o documento.

“Dentre os principais impactos na sua situação patrimonial e resultados, a companhia acredita que o uso dos recursos captados resultará na redução do seu nível de endividamento, elevando seu valor patrimonial”, informa.

Prejuízo de R$ 68 milhões

A construtora informou que registrou prejuízo de R$ 68 milhões no acumulado de 2019 até setembro, números melhores que os R$ 119,3 milhões negativos alcançados no mesmo período de 2018.

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Os resultados líquidos no ano passado foram impactados sobretudo pelas despesas financeiras no período, que somaram R$ 134,4 milhões nos primeiros nove meses de 2019, um aumento de 32,9% em relação ao mesmo período de 2018.

Essa alta resultou das “repactuações do endividamento com: o Sistema Financeiro de Habitação (SFH), das Debêntures e das captações para o Capital de Giro”, explicou a empresa, no prospecto.

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“Notadamente, os juros sob essas operações foram maiores aumentando as despesas financeiras do período. Além disso, outros impactos que aumentaram as despesas financeiras foram gerados por estornos da carteira de clientes (atualização do INCC, provisão de juros, multa e mora) devido a distratos”, diz.

Receita e banco de terrenos com potencial de R$ 3,6 bilhões

A receita líquida no ano passado até setembro foi de R$ 311 milhões, uma queda de 1,6% ante igual intervalo em 2018.

“Desde 2016, a companhia tem focado novos produtos no regime de condomínio fechado, reduzindo os lançamentos de incorporação imobiliária devido à restrição de crédito destes produtos. Por consequência, as receitas líquidas foram reduzidas desde então. Além disto, a provisão de distratos feita no período teve impacto negativo em R$ 107,3 milhões na receita”.

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“O segmento de condomínios caracteriza-se como prestação de serviço e tem baixo custo atrelado, fato este que tende a reduzir o volume de receita líquida”, explicou.

Segundo a empresa, em setembro de 2019, ela detinha um banco de terrenos com potencial de vendas aproximadamente de R$ 3,6 bilhões.

Histórico da construtora pernambucana

O grupo Moura Dubeux (MD) teve início em 1983, no Recife (PE), pelos irmãos Aluísio, Gustavo e Marcos José Moura Dubeux. “Os três, jovens engenheiros, lançaram-se a um projeto inédito e arrojado: construção de edifício de alto luxo, sob regime de condomínio fechado e obra a preço de custo”, detalha no prospecto.

Em julho de 1987, foi constituída a Moura Dubeux, inicialmente sob a forma de sociedade por cotas de responsabilidade limitada. A transformação para sociedade anônima ocorreu 20 anos depois. A Morada de Apipucos -primeiro empreendimento da MD –foi entregue em 1990.

Visando expandir a atuação no segmento econômico, a MD inicia, em 2009, parceria com MRV, e realiza sua primeira emissão de debêntures no mercado de capitais.

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Ao contrário da tendência no setor, a construtora, que foca em empreendimentos de luxo e alto padrão, acabou por não realizar seu IPO entre 2007 e 2010 e conduziu seu processo de expansão regional via capital de terceiros.

Atingida pela derrocada do setor imobiliário, experimentou uma queda acentuada das vendas e um aumento dos distratos, o que levou ao endividamento.

No documento, a companhia informa que é a maior incorporadora da região Nordeste, sendo a primeira em “market share” (participação de mercado) nas cidades de Recife, Fortaleza e Natal, e uma das primeiras na cidade de Salvador – conforme pesquisa da UBS de 2018.

A companhia também possui forte presença no segmento do mercado imobiliário composto por flats, hotéis e resorts (“Segunda Residência”), voltado aos consumidores de alto padrão e estrangeiros.

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A Moura Dubeux possuía, em setembro último, 1.388 funcionários alocados em 23% na área administrativa e 77% na área de operações.

Em suma, nos 36 anos de existência, a companhia informou que construiu mais de 3,5 milhões de metros quadrados (m2) e entregou mais de 20 mil unidades, distribuídas em 217 empreendimentos.

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