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BC corta taxa Selic para 4,25% e diz que é hora do juro parar de cair

Como esperado, Copom reduziu, pela quinta vez, o juro básico da economia, diante da inflação e crescimento econômico mais fracos; no comunicado, autoridade afirma que chegou o momento do fim do ciclo de baixas da taxa básica, iniciado em julho de 2019

Bárbara Leite

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Decisão do Copom, do BC, foi unânime e já era amplamente esperada; mercado estava na expectativa com comunicado–Foto: Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa básica de juro da Selic em 0,25 ponto percentual de 4,50% para 4,25% ao ano, menor nível da história.

Com a decisão, que era amplamente esperada pelo mercado, o juro básico atinge uma nova mínima histórica. É o menor patamar desde 1999, quando o Brasil adotou o regime de metas para a inflação.

Trata-se do quinto corte consecutivo no juro básico. O atual ciclo de cortes começou em julho de 2019, quando a Selic estava em 6,50% ao ano. As primeiras quatro reduções foram de meio ponto percentual (0,5%), enquanto nesta quarta, a Selic caiu menos, 0,25 ponto percentual.

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A Selic é o instrumento usado pelo BC para controlar a inflação. Quando o índice de preços oficial, o IPCA, periga ficar abaixo da meta estabelecida, há espaço para a Selic cair – o que, por sua vez, joga consumo e inflação para cima, estimulando, por tabela, o crescimento econômico.

A meta central de inflação para 2020 é de 4%. O mercado projeta inflação em 3,40% no fim do ano, portanto, bastante abaixo do centro da meta. Para 2021, o objetivo central de inflação é de 3,75% (tolerância entre 2,25% e 5,25%). A estimativa para o ano que vem está em 3,75%, de acordo com o último Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (3).

Fim do ciclo de corte de juros

Se o mercado tinha dúvidas quanto aos próximos passos do Copom, após o corte desta quarta (5), o BC deixou claro no comunicado que acompanhou a decisão seu posicionamento: é hora dos juros pararem de cair.

“O Copom entende que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na condução da política monetária. Considerando os efeitos defasados do ciclo de afrouxamento iniciado em julho de 2019, o Comitê vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária. O Comitê enfatiza que seus próximos passos continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação, com peso crescente para o ano-calendário de 2021″, diz o último parágrafo da nota.

Segundo Álvaro Bandeira, economista-chefe do Modalmais, o BC “já destacou que enxerga como adequada a interrupção do processo de flexibilização, dado que o ciclo econômico exige cautela”.

Segundo Bandeira, a autoridade reduziu a expectativa de inflação de 3,70% para 3,50% e disse que” será preciso perseverar nas reformas e ajustes da economia”.

O recado do BC foi tão claro que até os economistas do Itaú Unibanco passaram a ver a taxa em 4,25% até ao fim do ano. Antes, eles vinham apostando, contra a maioria do mercado, que a taxa cairia para 4% ainda em 2020.

“O Copom decidiu cortar a taxa Selic em 0,25 p.p., como amplamente esperado, levando-a para 4,25% a.a., e afirmou claramente que, dados os efeitos defasados do ciclo de flexibilização, vê como adequado interromper o processo. Assim, esperamos que as autoridades mantenham a taxa básica inalterada em 4,25% a.a. até o fim do ano”, diz o Itaú, em nota.

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Além disso, também falou em “prosseguir com política monetária estimulativa, o que permite a leitura de que na continuidade de dados fracos pode voltar a agir. Porém, o quadro mais provável parece ser de manter a Selic estabilizada por bom tempo”, avaliou.

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Após a decisão e a leitura do comunicado, “mantemos nossa expectativa que a taxa Selic permanecerá neste nível pelo menos até o começo de 2021. De fato, a atividade econômica segue frágil, insensível à expansão do crédito e às mudanças no mercado monetário e financeiro, donde a expectativa de que se a Selic não cai, também não sobe”, de acordo com os economistas do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves e Mariana Major de Oliveira.

Renda fixa menos rentável

O novo juro vai deixar a nova poupança–depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012– ainda menos atrativa. A caderneta vai passar a pagar menos que 3% (2,98% ao ano)– abaixo do rendimento do FGTS, que está em 3% mais Taxa Referencial (TR), taxa que está zerada.

Também ficará abaixo da inflação, estimada em 3,40% neste ano. Ou seja, o ganho real (já descontado a inflação) da poupança segue negativo.

Os investimentos atrelados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), como fundos de investimentos e Certificados de Depósito Bancários (CBDs), também devem ter seus rendimentos achatados com a possível decisão do Copom. Ou seja, vai ficar ainda mais difícil a tarefa no país de conseguir “viver” de renda fixa.

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Por conta disso, analistas dizem que quem quer ver o seu dinheiro rendendo mais vai ter que aprender a assumir riscos e partir para a renda variável, como ações listadas na Bolsa de Valores e fundos imobiliários, entre outras opções.

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