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No mês do Natal, vendas do comércio caem e têm pior desempenho que o esperado

Varejo tem queda de 0,1% em dezembro e interrompe uma sequência de sete altas consecutivas em 2019, segundo divulgou o IBGE nesta quarta (12); dado é mais um a frustrar o mercado, indicando que a retomada da economia brasileira está sendo mais gradual do que a projetada

Bárbara Leite

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Vendas dos hipermercados caíram 1,2% e puxaram o resultado negativo do varejo em dezembro - Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias

As vendas do varejo brasileiro caíram 0,1% em dezembro, interrompendo uma sequência sete altas mensais consecutivas, em meio ao impacto da alta do preço das carnes, que prejudicaram o faturamento dos supermercados no último mês de 2019.

O número, divulgado nesta quarta-feira (12) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), veio pior do que o previsto pelos analistas–era projetada uma alta nas vendas do comércio de 0,20% em dezembro. O dado de novembro, por outro lado, foi revisado parra cima, de alta de 0,6% para 0,7%.

O dado é mais um a frustrar o mercado, depois da indústria já ter registrado desempenho abaixo do previsto em dezembro, sinalizando que a economia brasileira está em uma recuperação mais lenta do que esperada.

Leia também: Indústria interrompe dois anos de alta, e cai 1,1% em 2019 com Argentina e Brumadinho

De acordo com o IBGE, seis das oito atividades pesquisadas no comércio varejista tiveram taxas negativas em dezembro, sendo que o que mais pesou no índice geral foi o recuo em hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,2%).

“Essa atividade, que tem peso de 44% no total do varejo, foi particularmente afetada pelo comportamento dos preços das carnes”, disse a gerente da pesquisa, Isabella Nunes.

Também tiveram resultado negativo nessa comparação: Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-2,0%); Tecidos, vestuário e calçados (-1,0%); Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-10,9%); Combustíveis e lubrificantes (-0,4%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,1%).

Em contrapartida, dois setores mostraram avanço, suavizando a queda no indicador geral estão os Móveis e eletrodomésticos (3,4%) e os Livros, jornais, revistas e papelaria (11,6%).

“A Black Friday em 2019 caiu na última sexta-feira do mês de novembro, o que levou o comércio a expandir as promoções para o fim de semana e, assim, muitas das vendas desse evento ocorreram já em dezembro, no domingo do dia 1º. Isso pode ter influenciado nos resultados positivos para o setor de móveis e eletrodomésticos”, comenta Isabella.

Comércio desacelera em 2019

No acumulado de 2019, o setor varejista cresceu 1,8% e fechou o terceiro ano consecutivo de taxas positivas, embora tenha havido uma desaceleração em relação a 2017 (2,1%) e 2018 (2,3%).

Na comparação com dezembro de 2018, houve avanço de 2,6% nas vendas, sendo que o varejo mostrou maior dinamismo no segundo semestre de 2019 (3,3%) do que no primeiro (0,6%), em relação ao mesmo período do ano anterior.

“A presença de recurso livre adicional devido a liberação dos saques nas contas do FGTS a partir do mês de setembro e a melhoria na concessão de crédito à pessoa física são alguns fatores que podem ter influenciado esse resultado no segundo semestre. O comércio ainda não se recuperou totalmente da crise de 2015 e 2016, mas está em seu momento mais elevado desde outubro de 2014”, explica Isabella Nunes.

Varejo ampliado desilude em dezembro

Considerando o comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, o volume de vendas em dezembro teve decréscimo de 0,8% em comparação a novembro.

Os analistas já projetavam uma queda, mas bem menor, de -0,2%.

O resultado foi impactado, principalmente, pelo recuo de 4% nas vendas de veículos e de baixa de 1,1% na compra de material de construção.

Já em relação a dezembro do ano anterior, os resultados positivos prevalecem em cinco das oito atividades.

O segmento de Outros artigos de uso pessoal e doméstico, que engloba lojas de departamentos, óticas, joalherias, artigos esportivos, brinquedos etc, exerceu a maior contribuição ao resultado geral do varejo, com avanço de 12,9%, fechando o ano de 2019 com avanço de 6% frente a 2018.

O setor de móveis e eletrodomésticos, com aumento de 18,6% no volume de vendas, a melhor taxa desde março de 2012 (20,9%), exerceu o segundo maior impacto positivo, acumulando um índice de 3,6% no ano.

Já o setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com recuo 2,9% no volume de vendas frente a dezembro de 2018, exerceu o maior impacto negativo na formação da taxa global do varejo.

A análise pelo indicador acumulado no ano mostrou perda de ritmo ao passar de 0,8% em novembro para 0,4% em dezembro. Também houve recuo no volume de vendas de combustíveis e lubrificantes (-1%), que exerceram a segunda maior contribuição negativa para o resultado total do varejo.

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