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Por coronavírus, UBS corta projeção do PIB do Brasil em 2020 mas sobe para 2021

Novas estimativas do banco suíço para o crescimento da economia brasileira resultam da desaceleração esperada na economia chinesa por conta dos efeitos do surto no consumo e serviços neste ano e projetada retomada mais acelerada no ano que vem; para os economistas do banco suíço, novas estimativas devem levar a dois cortes na Selic neste ano; real deve se valorizar até fim do ano

Bárbara Leite

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UBS prevê que a China cresça 5,4% neste ano, e não mais 6% conforme previsto antes do surto–Foto: Reprodução

O surto de coronavírus, que matou 415 na China e deixa 80% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas em um país) da China parado nesta semana, levou o banco suíço UBS a revisar em baixa suas projeções para o crescimento da economia brasileira em 2020, em função da desaceleração esperada na economia chinesa, maior parceiro comercial do Brasil.

Para o ano que vem, porém, os economistas do UBS esperam que o Brasil se beneficie de uma retomada mais rápida da economia chinesa e cresça mais.

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Agora, o banco estima que a economia brasileira registre um crescimento de 2,1% em 2020, e não os 2,5% previstos antes. Para 2021, o movimento é inverso. Em vez de 2,5%, o banco projeta uma alta de 2,8% no PIB do Brasil.

Desaceleração chinesa por conta do surto

As mudanças nas previsões resultam da revisão em baixa do crescimento da economia chinesa.

“O UBS agora espera que o crescimento na China caia para 5,4% neste ano, ante 6,0%
anteriormente, com os maiores impactos no consumo e no setor de serviços. UBS também
espera um impacto significativo na Ásia, bem como no crescimento global”, diz o relatório dos economistas do UBS, Tony Volpon e Fabio Ramos, divulgado nesta terça-feira (4).

Para os analistas, a expectativa é que o surto seja controlado no primeiro trimestre deste ano, mas eles ainda veem riscos negativos à frente.

Importância da China para o Brasil

O relatório destaca a importância da China para a economia brasileira.

“A China é o maior parceiro comercial do Brasil e é um ‘fixador de preços’ das mais importantes “commodities” (matérias-primas) exportadas pelo Brasil”, lembram. Petróleo e minério de ferro estão entre as maiores matérias-primas que o país exporta, e estão com suas cotações em quedas, justamente, por conta da queda da demanda chinesa, afetada pelo surto de coronavírus, que deixou escolas, empresas e viagens suspensas.

“O impacto negativo imediato já pode ser observado nas condições financeiras, com o nosso índice apontando para crescimento abaixo de 2% para este ano”, contam.

Novas previsões para 2020 e 2021

Diante do novo cenário, os economistas projetam que o Brasil cresça menos neste ano: 2,1% ante 2,5%, projetados anteriormente. Para 2019, a alta prevista é de 1,1%.

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Já em 2021, o banco acredita que o Brasil se beneficie “da reação ‘em forma de V’ esperada no crescimento chinês e global”, e acelere o crescimento para 2,8%, contra 2,5% previstos anteriormente.

Uma desaceleração nas exportações brasileiras seria compensada por um aumento do consumo doméstico.

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Em 2020, as exportações brasileiras devem crescer 1,4%, abaixo da média de 2,5% dos últimos 15 anos. “Continuamos vendo que a demanda doméstica registre melhor desempenho que o PIB: 3,1% em 2020 e 3,8% em 2021”, segundo o relatório do UBS.

Mais dois cortes na Selic

Para o UBS, a maior fragilidade no crescimento econômico do Brasil, ao mesmo tempo, em que as previsões de inflação de curto prazo seguem abaixo das metas dá suporte ao Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de cortar nesta quarta (5) a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 4,25% ao ano, e mais 0,25 ponto na reunião de 18 de março, levando a Selic para 4%.

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Dólar em R$ 4

O banco continua apostando que o real mais se valorizar em 2020 e o dólar fechar o ano em R$ 4. Nesta terça, a moeda americana é negociada em R$ 4,24.

Para os economistas, o real será beneficiado pelas aprovação de novas reformas econômicas e previsão de volta dos aumentos na Selic em 2021.

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