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Acordo EUA-China vai tirar 0,3 ponto do PIB do Brasil, estima Ray Dalio

Projeção é do investidor, bilionário e dono da Bridgewater Associates LP, a maior gestora de fundos de hedge do mundo, segundo relatório divulgado a clientes a que o Economia Bárbara teve acesso

Bárbara Leite

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O acordo parcial entre EUA e China firmado nesta 4ª prevê compras de US$ 200 bi de itens americanos pelos chineses–Foto: Reprodução

O acordo comercial parcial firmado entre EUA e a China nesta quarta-feira (15) deve tirar 0,3 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas em um país) brasileiro ao ano nos próximos dois anos, estima o investidor e bilionário Ray Dalio, dono da Bridgewater Associates LP, a maior gestora de fundos de hedge do mundo, em relatório divulgado a clientes que o Economia Bárbara teve acesso.

A projeção significa dizer que, em vez da economia brasileira crescer, em 2020, os 2,3% estimados pelo mercado (segundo a última previsão do Boletim Focus), subiria apenas 2%. No ano seguinte, a alta seria de 2,2%, e não de 2,5% conforme preveem os analistas do mercado financeiro ouvidos semanalmente pelo Banco Central (BC).

Leia também: Veja o que diz a 1ª fase do acordo comercial EUA-China

O impacto negativo, previsto por Dalio, é resultado de um dos pontos do acordo sino-americano, o mais importante, que prevê que a China aumente, nos próximos dois anos, em US$ 200 bilhões as compras de produtos e serviços dos EUA.

Desse total, US$ 32 bilhões são de produtos agrícolas, como carne, soja e outros grãos, itens tradicionais da pauta exportadora do Brasil ao país asiático (veja detalhes do acordo na tabela abaixo).  

China se compromete a comprar US$ 200 bilhões em produtos e serviços americanos nos próximos 2 anos (em US$ bilhões):

Áreas1º ano2º anoTotal
Agricultura12,519,532
Energia (petróleo e gás)18,533,952,4
Produtos manufaturados*32,944,877,7
Serviços12,825,137,9
Total76,7123,3200

Fonte: Departamento de Comércio dos EUA *incluem máquinas industriais, equipamentos elétricos, produtos farmacêuticos, aeronaves, veículos automotores, ferro e aço e instrumentos ópticos e médicos

Com isso, o país asiático deixará de comprar de outros países, como o Brasil, para adquirir esses itens dos EUA.

O Brasil será afetado, sobretudo, por conta das compras de produtos agrícolas, que vão prejudicar o agronegócio brasileiro, segundo Dalio.

Leia também: China habilita mais 13 frigoríficos do Brasil para exportação; JBS, BRF e Marfrig entre as beneficiadas

Já o impacto nos EUA será positivo. A previsão é que o PIB americano cresça 0,4 ponto percentual ao ano e o déficit comercial dos EUA recue 0,8% do PIB com o pacto comercial de “fase 1” nos próximos dois anos.

O gestor colocou o Brasil na lista dos países mais sensíveis ao acordo, ao lado de Tailândia e Nova Zelândia, por exemplo (veja abaixo o impacto estimado nas economias com o acordo comercial “fase 1” entre EUA e China).

Ele destacou que as economias podem atenuar esse choque encontrando outros mercados consumidores para vender seus produtos no lugar da China.

Impacto potencial nas economias do acordo comercial parcial entre EUA e China:

PaísesImpacto potencial no PIB ao ano nos próximos dois anos
EUA+0,4 ponto percentual
Tailândia-0,6 ponto percentual
Malásia -0,5 ponto percentual
Nova Zelândia-0,4 ponto percentual
Coreia do Sul-0,4 ponto percentual
Singapura-0,3 ponto percentual
Brasil-0,3 ponto percentual
Argentina -0,3 ponto percentual

Fonte: Ray Dalio, da Bridgewater Associates

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