(atualiza com cotações de fechamento)
O Ibovespa, índice de referência da Bolsa brasileira, renovou as máximas históricas intradiária e de fechamento nesta quinta-feira (23), acima dos 119 mil pontos, com bancos liderando as altas. Vale e frigoríficos foram os destaques negativos, “ofuscando” o brilho da B3, que negociou em baixa pela manhã.
O índice da B3 terminou com alta de 0,96% em 119.527 pontos, um novo recorde. Mais cedo, foi aos 119.534, também uma nova marca histórica no meio de um pregão. O dia foi volátil, já que o Ibovespa chegou a cair 1,25% pela manhã, negociado nos 116.905 pontos.
As ações do Itaú Unibanco (ITUB4) subiram 2,37%, e puxaram o índice acionário, seguido de Bradesco (BBDC4), com avanço de 2,64%, e do Banco do Brasil (BBSA3), com alta expressiva de 5,62%. Os papéis do Santander (SANB11) registraram aumento de 1,96%.
O bom desempenho do setor financeiro, que tem peso de 26% no índice Bovespa, pode ser explicado por interesse de estrangeiros nos papéis do segmento. “Perguntei para três tesourarias de bancões. Os três me responderam: estamos com fluxo de compra de gringo, todos comprando apenas açōes de primeira linha, principalmente bancos! Olhei o dólar, e o real é a melhor moeda do mundo. Os gringos chegaram!”, disse Pablo Syper, diretor da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara.
Semana teve pregões de pressão sobre bancos com UBS, BofA e concorrência
Entre terça (21) e quarta (22), o segmento vinha sendo penalizado depois que o banco suíço UBS anunciou queda de 5% em seu lucro, pelos receios da entrada de novos competidores em meio à queda das taxas de juros e devido ao relatório do Bank of America (BofA) que rebaixou as ações do Itaú e os papéis do Bradesco.
No documento do BofA, os analistas Mario Pierry, Giovanna Rosa e Ernesto Gabilond destacaram que “enquanto a economia ganha força e os empréstimos continuam a crescer a uma velocidade de dois dígitos, nós esperamos que o setor entregue um crescimento de receita de apenas um dígito em 2020, o que representaria uma profunda desaceleração em relação à expansão de 20% vista em 2019”.
Com China, Vale e frigoríficos pesam
As ações da Vale (VALE3), por outro lado, lideravam as perdas nesta quinta. Os papéis encerram com baixa de 1,42%. Também pressionaram o índice as desvalorizações das ações da JBS (JBSS3) e da BRF (BRFS3), que caíram 0,77% e 2,13%, respectivamente.
“Nos dois casos, a ‘culpa’ vem da China”, lembra Syper. Os preços das commodities (matérias-primas), como o minério de ferro, tombam nesta quinta com receios de queda da demanda por conta da possibilidade do coronavírus, que já matou 17 pessoas e adoeceu outras 473, se espalhar mais rapidamente nos próximos dias, já que, nesta sexta (24), começa um feriado de Ano-Novo Lunar de uma semana, em que os chineses viajam, cenário mais propicio à propagação da doença.
Também da China veio a notícia de que os frigoríficos brasileiros estão tendo que reduzir suas margens para vender sua carne para lá.
Reportagem do jornal “Valor Econômico” desta quarta (22) relatou que os chineses estão impondo descontos de 30% sobre o valor da carne sul-americana, afetando a rentabilidade das companhias.
A reportagem afirma que, desde dezembro, os importadores impuseram descontos de pelo menos US$ 1 mil por tonelada sobre cargas que já estavam no mar e até mesmo nos portos do país. Há relatos de pedidos de US$ 2,5 mil, deságio significativo.