A construtora e incorporadora paulistana Mitre Realty Empreendimentos, especializada em imóveis de média e alta renda, definiu a faixa indicativa de sua Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla em inglês), quando uma empresa quer ter ações na Bolsa, de R$ 14,30 a R$ 19,30. As informações foram publicadas em prospecto preliminar no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O período de reserva das ações do IPO da Mitre acontece a partir da próxima terça (21) até dia 31 de janeiro. O preço final será definido em 3 de fevereiro e a empresa terá seus papéis listados na B3, a Bolsa de Valores brasileira, no dia 5 de fevereiro. A empresa entrou com pedido de registro em 6 de dezembro de 2019. As ações vão negociar sob o código MTRE3.
A companhia fará uma oferta primária de 45.454.545 ações, correspondente a 44,76% do capital da construtora, e a captação pode chegar a mais de R$ 763, 63 milhões, caso o preço fixado fique no preço médio da faixa, de R$ 16,80.
Além disso, a oferta primária poderá ter ainda um lote adicional de 4,2 milhões de ações. Ainda poderão ser ofertadas 4,8 milhões de ações em uma oferta secundária, que seriam vendidas pelos empresários Fabrício Mitre e Jorge Mitre, da família controladora da empresa.
Com a emissão de novas ações, Fabrício Mitre, que é o presidente da empresa e tem 40,48% do capital da empresa, deve ficar com 22,36% após a oferta. Já seu pai, Jorge Mitre, com 14,70% pode ficar com 8,15% depois do IPO.
Considerando a oferta suplementar, 61.363.634 ações serão negociadas no mercado, correspondentes a 56,2% do capital social da empresa. Ainda neste cenário, a captação seria de R$ 1,03 bilhão, ao preço médio de R$ 16,80, segundo o documento.
A operação será coordenada por Itaú BBA, BTG Pactual e Bradesco BBI.
O que a Mitre diz no prospecto
A empresa diz que os seus empreendimentos Haus Mitre “têm arquitetura e concepção diferenciada (…), e, em geral, oferecem opções de unidades de 1, 2 e 3 dormitórios, com metragens mais compactas do que as da concorrência”. Com isso, os preços partem de R$ 199 mil, para unidades de 24 metros quadrados (m²), a R$ 1,5 milhão (para imóveis de 3 dormitórios com 100 m²).
Sob a linha Haus Mitre já foram lançadas 1.039 unidades e destas 895 já foram vendidas, desde o lançamento do produto.
Na data do prospecto, empresa tinha vários projetos em desenvolvimento como:
- Haus Mitre Vila Mariana (99% vendido, sendo 84% em um mês após o lançamento)
- Haus Mitre Butantã (98% vendido, sendo 85% em um mês após o lançamento)
- Raízes Guilhermina Esperança (99% vendido, sendo 94% em um mês após o lançamento)
- Haus Mitre Brooklin (94% vendido, sendo 76% em um mês após o lançamento)
- Raízes Vila Prudente (63% vendido, sendo 57% em um mês após o lançamento)*
- Haus Pinheiros (68% vendido, sendo 59% em um mês após o lançamento)*
- Haus Alto Butantã (72% vendido, sendo 72% em um mês após o lançamento)*.
*Lançados em novembro de 2019
“Acreditamos que os mercados de média e média-alta renda em que atuamos, serão os mais beneficiados pelo novo ciclo de oferta de crédito acessível e forte crescimento de demanda nos próximos anos” em meio ao cenário de taxas de juros mais baixas, refere no documento.
O dinheiro do IPO será usado para comprar terrenos e pagar custos de construção e demais despesas operacionais. “Monitoramos a oferta e demanda de produtos de todos os bairros da cidade de São Paulo, excluindo os bairros mais periféricos e de baixa renda, em que não atuamos”, segundo a empresa.
Entre setembro e novembro do ano passado, a construtora diz que recebeu ofertas para comprar mais de 500 terrenos em São Paulo.
A empresa, que afirma ser detentora de um dos maiores níveis de rentabilidade sobre o patrimônio (ROE) no setor e dos maiores giros de ativos do mercado imobiliário em São Paulo, teve receita líquida de R$ 190 milhões nos primeiros nove meses de 2019, 66% maior do que na mesma etapa do ano passado.
Segundo o prospecto, a construtora aponta que registrou um ROE de 53% no período de 9 meses findo em 30 de setembro de 2019. “Em 30 de setembro de 2019, a Mitre possuía apenas 27,7% de dívida corporativa em relação ao seu patrimônio líquido e dívida à produção (SFH) coberta por 3,45 vezes os recebíveis e estoque”, de acordo com o documento.
De janeiro a setembro de 2019, o lucro líquido da Mitre Realty cresceu 84% em comparação com mesmo período de 2018, para R$ 26,7 milhões.
Retomada de IPO’s
O IPO da Mitre será o primeiro da B3 em 2020. No ano passado foram realizados apenas cinco IPO’s: o da varejista de material esportivo Centauro (CNTO3), o da empresa distribuidora Neonergia (NEON3), e os da empresa de joias Vivara (VIVA3), da varejista de moda C&A (CEAB3) e do Banco BMG (BMGB11).
Para 2020, outras 14 empresas estão na fila para ter suas ações na Bolsa brasileira.
O professor de finanças do Ibmec, Giácomo Diniz, alerta que o investidor deve ter cuidado e não participar de IPOs sem uma boa avaliação.