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Veja os melhores e piores investimentos em janeiro

No mês do receio de uma ‘terceira guerra mundial’, do acordo comercial ‘fase1’ entre EUA e China, de expectativas de novas quedas de juro e do coronavírus, veja quanto renderam as principais aplicações financeiras do país

Bárbara Leite

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Ranking das rentabilidades: Bitcoin, ouro e dólar lideraram ganhos em janeiro de 2020–Foto: Pixabay

Em janeiro de 2020, deu Bitcoin, ouro e dólar como os melhores investimentos no mês. Na lanterna do ranking das principais aplicações financeiras do país, ficaram fundos imobiliários e Bolsa, que termina com a primeira queda após quatro meses de valorização consecutiva.

O mês foi turbulento. Começou com os receios de uma “terceira guerra mundial”, após um ataque dos EUA a um aeroporto em Bagdá (Iraque), que matou o general, Qassem Soleimani, segundo militar mais importante do Irã, que chegou a retaliar, mas não teve mais consequências. O presidente americano, Donald Trump, apenas impôs mais sanções econômicas ao país.

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Quando a tensão esfriou, se concretizou o esperado acordo comercial parcial entre EUA e China, animando os investidores. Os números de novembro da atividade econômica brasileira, por outro lado, vieram trazer receios em relação à retomada da economia brasileira.

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Mas o ânimo voltou com dados melhores da China, do ICB-Br (prévia do PIB) e revisão em alta do Fundo Monetário Internacional (FMI) das previsões de crescimento para o Brasil, enquanto cortou a média global, e recomendações de compra de ações do Brasil por bancos de investimentos, como o Santander, que informou que o país é a principal aposta dos gestores na América Latina em 2020.

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O humor azedou nas últimas duas semanas com o surgimento de um novo coronavírus na China, que se espalhou a 19 países, matou mais de 300 no país asiático e infectou 14.380 pessoas, suspendendo viagens e negócios, ameaçando desacelerar a economia chinesa e o resto do mundo, em especial, emergentes dependentes de “commodities”, que têm queda nas cotações em meio aos receios de queda de demanda.

Bitcoin, ouro e dólar: brilham

Em momentos de incerteza, eles brilham. O ouro e o dólar voltaram a ser investimentos de refúgio devido às tensões durante o mês, que se intensificaram na reta final, com o coronavírus. O ouro teve valorização de 7,08% na B3 (Bolsa de Valores brasileira) e ficou na vice-liderança dos melhores investimentos em janeiro.

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Na sequência, surge o dólar, que acumulou valorização de 6,86% no mês. Foi a maior alta para qualquer mês desde agosto de 2019 (8,51%) e a mais intensa para meses de janeiro desde 2010 (8,86%). Na última semana, o avanço foi 2,42%.

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Além do surto e dos restantes eventos externos, que impuseram cautela, o dólar segue pressionado pela falta e pouca previsão de fluxo de capital do exterior e expectativa de queda da taxa básica de juros, a Selic, na próxima quarta (5), que deixa menos atrativo o chamado “carry trade”, quando o investidor tira seu capital dos EUA e o coloca em outros países, que pagam juros maiores.

Com previsão de menos dólares no mercado, os investidores “correm” para comprar a moeda americana.

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Por tabela, os fundos cambiais, fundos de investimentos que investem em moedas estrangeiras, como o dólar, também estão entre as melhores opções de aplicações financeiras do mês passado, tendo acumulado alta de 4,68%.

O Bitcoin, que já havia sido o melhor investimento de 2019, manteve o título em janeiro, ao subir 38,34%. A criptomoeda já é considerada por muitos analistas também uma reserva de valor, como o ouro e dólar.

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Além disso, a moeda virtual pode estar se beneficiando de um fenômeno, que acontece a cada quatro anos e tende a valorizar o ativo. É o Halving, que vai ocorrer em maio, e como ele vai diminuir a oferta de Bitcoins, o mercado já pode estar antecipando o movimento.

Renda fixa perde para a inflação

O mês voltou a não ser bom para renda fixa, que segue perdendo rendimento em meio à taxa Selic historicamente baixa, de 4,50% ao ano.

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O CDI (Certificado de Depósito Interbancário), atrelado à Selic, pagou 0,36%, o mesmo retorno médio de um CDB (Certificado de Depósito Bancário). Ambos perderam para a inflação medida pelo IGP-M, que registrou alta de 0,48% em janeiro.

A inflação também bateu a nova poupança, depósitos feitos após 4 de maio de 2012, que rendeu 0,26%, enquanto que a antiga continua pagando 0,50%, quase igualando o índice de preços. Isso quer dizer que, em termos reais, o ganho da poupança é negativo.

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No Tesouro Direto, os títulos prefixados fecharam o mês com ganho reduzido. O IRF-M, índice da Anbima (entidade do mercado de capitais) que acompanha os títulos do Tesouro Prefixado, terminou com rendimento de 0,26%. Já o IMA-B, índice que mede a performance dos títulos do governo brasileiro, atrelados à inflação, o Tesouro IPCA+, subiu 0,88%.

Fundos imobiliários e Bolsa: piores investimentos em janeiro

Estrelas em 2019 e com puxada na reta final do ano passado, os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), que investem em variadas possibilidades dentro do ramo imobiliário, como shoppings e prédios de escritórios, e a Bolsa fecharam o mês negativos.

O Ifix, índice que mede o desempenho médio das cotações dos fundos de investimentos imobiliários (FII), terminou caindo 3,76% no mês e foi o pior investimento em janeiro. O segmento sofre ajuste, após rali no fim do ano passado, que foi puxado pelas expectativas positivas para o crescimento da economia e alta do emprego e da renda. Neste ano, o mercado começou a reduzir as projeções para o crescimento em 2020, em meio à crise na China e dados mais desanimadores do fim de 2019.

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Já a Bolsa perdeu 1,63%, em um mês de forte volatilidade. O Ibovespa chegou a bater um novo recorde, fechando acima dos 119 mil pontos pela primeira vez na história. Mas terminou o mês nos 113.760 pontos. Em 2019, o indicador subiu 31,58%.

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Apesar da queda do índice, muitas ações bateram o desempenho do Ibovespa, como a Via Varejo (VVAR3), o melhor papel do Ibovespa em janeiro, acumulando alta de 25,34%. Se a dona das Casas Bahia e do Ponto Frio estivesse no ranking das rentabilidades das aplicações financeiras, ela seria a vice-líder, só perdendo para o Bitcoin.

Confira as maiores altas do Ibovespa no mês de janeiro:

Empresa Ticker Cotação Variação no mês
Via VarejoVVAR3R$ 14,0025,34%
NaturaNTCO3R$ 47,5823,04%
Magazine LuizaMGLU3R$ 55,8017,08%
TotvsTOTS3R$ 74,6515,65%
IRBIRBR3R$ 44,8315,10%

Fonte: B3 e Tito Alencar

Orientação e rentabilidade bruta

Para todos os investimentos, a orientação é sempre lembrar que a rentabilidade passada não significa garantia de rendimento futuro. O mês de fevereiro já abre nervoso, com o coronavírus em foco.

Também é importante mencionar que o ranking de investimentos considera a rentabilidade bruta das aplicações no mês, sem descontar o Imposto de Renda (IR).

Nas aplicações em fundos de ações, há IR de 15%. Nos fundos de curto prazo, a alíquota é de 22,50% para resgates em até 180 dias e de 20% para resgates depois de 180 dias. Nas demais categorias de fundos (longo prazo), a tributação segue tabela regressiva, em que a alíquota varia entre 15% e 22,5%, conforme o prazo de vencimento.

Os títulos públicos também são tributados pela tabela regressiva de IR. A poupança não tem cobrança de IR.

Confira o ranking dos melhores e piores investimentos em janeiro de 2020:

InvestimentoRentabilidade no mês
1º Bitcoin38,34%
2º Ouro7,08%
3º Dólar6,86%
4º Fundos cambiais4,68%
5º IRF-M (Tesouro Direto) 0,88%
6º Poupança antiga0,50%
IGP-M (inflação do aluguel) * 0,48%
CDI*0,36%
7º CDB***0,36%
8º Poupança nova **0,26%
Ibovespa (referência da Bolsa brasileira)-1,63%
10º Ifix (índice de fundos imobiliários) -3,76%

Fonte: Anbima, B3, Valor Pro, FGV, Tesouro Direto, Coinbase; *índices de referência **depósitos feitos até dia 4 de maio de 2012 ***rendimento bruto no 1º dia útil do mês

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