Economia Bárbara
  

Seu Bolso

Eleições nos EUA começam hoje: veja quem são os preferidos do mercado financeiro

Corrida presidencial inicia com as primárias no estado de Iowa, um dos mais importantes; pelos republicanos, o partido já escolheu virtualmente seu candidato, o atual presidente Trump, que tentará a reeleição em 3 de novembro; entre os democratas, há 5 candidatos mais fortes, dois mais “queridinhos” dos investidores: fique por dentro da disputa presidencial americana de 2020

Bárbara Leite

Publicado

em

Eleição presidencial dos EUA acontece em 3 de novembro; antes, as primárias vão escolher os candidatos-Foto: Reprodução

Foi dada a largada das eleições presidenciais americanas nesta segunda-feira (3), quando iniciam as primárias, uma espécie de eleição interna dos dois partidos-Republicano e Democrata, para escolher os candidatos à Casa Branca para o pleito deste ano, que acontece em 3 de novembro.

Enquanto o GOP (Grand Old Party, outro nome para o Partido Republicano) já tem definido virtualmente seu candidato à Presidência, o atual presidente e candidato à reeleição Donald Trump, os Democratas ainda contam com cinco candidatos com chances de representarem o partido na próxima disputa eleitoral– Elizabeth Warren, Joe Biden, Bernie Sanders, Pete Buttigieg e Michael Bloomberg.

Leia também: Eleição americana: entenda e veja calendário das primárias

A eleição começa pelo estado de Iowa, um dos mais importantes. Quem ganha lá tradicionalmente é o candidato na corrida presidencial.

O sistema eleitoral nesse estado, o “caucus”, é mais demorado porque a convenção partidária precisa achar um candidato que reúna consenso. (entenda abaixo).

Até então líder das pesquisas, Joe Biden, o pivô do impeachment de Trump e preferido dos investidores, está perdendo para Bernie Sanders, que já anunciou mais impostos para empresas e os mais ricos.

Leia também: Investidores receiam Warren na Casa Branca: saiba quem pode concorrer contra Trump

No dia 3 de março, acontecerá a “super terça”, quando 12 estados irão fazer as prévias e quando tradicionalmente é conhecido o candidato democrata.

Como funcionam as primárias americanas

Cada um dos 50 estados decide qual sistema de votação será usado para a escolha dos candidatos à Presidência. O mais comum é a eleição primária, uma espécie de eleições internas do partido. Esta é a opção de 39 Estados americanos. Os votantes vão às urnas e escolhem seu candidato.

Da mesma forma que o pleito pela cadeira na Casa Branca, as primárias também não são feitas por votação direta. Os votos da população determinam quem os delegados (ativistas partidários, líderes políticos locais ou apoiadores de candidatos) irão defender para representá-los na corrida presidencial – isso é feito na convenção nacional do partido (tanto na dos democratas quanto na dos republicanos).

Leia também: Agenda econômica da semana: veja o que você precisa acompanhar

As convenções partidárias nacionais acontecem no verão (hemisfério norte), onde todos os delegados dos 50 estados se reúnem para escolher o candidato presidencial do partido.

A convenção dos Democratas acontecerá neste ano entre os dias 13 e 16 de julho; a dos Republicados, que é apenas uma mera formalidade para lançar Trump, entre 24 e 27 de agosto.

Alguns Estados têm primárias abertas, enquanto outros têm primárias fechadas.

Em uma primária aberta, qualquer eleitor, independentemente da filiação partidária, pode votar em candidatos democratas ou republicanos. Já numa primária fechada, apenas democratas podem votar em pré-candidatos democratas e apenas republicanos podem eleger republicanos.

Leia também: Veja os melhores e piores investimentos em janeiro

Fora as primárias, há ainda outro sistema de votação para eleger os candidatos, chamado caucus (ou “convenção partidária”). Um dos mais famosos é o realizado no Estado de Iowa. Nele, os membros do partido se reúnem e discutem as razões para apoiar diferentes candidatos antes da votação começar.

Leia também: Ibovespa deve chegar aos 150 mil pontos em 2020, estimam analistas e gestores

No caso do caucus, o processo de votação é mais complexo: os participantes se reúnem – em ginásios, bibliotecas, etc. – e discutem sobre qual candidato eles acreditam ser o melhor representante para o partido. Somente quando há um consenso, elege-se o candidato. Evidentemente, no segundo modelo o processo é mais demorado que no primeiro. Assim, é inevitável que as chamadas caucuses exijam maior ativismo político dos participantes, em comparação ao eleitor médio das primárias.

Na maioria das vezes, o processo é bastante arcaico: apoiadores de um ou outro pré-candidato ficam em cantos diferentes da sala segurando placas com os nomes dos candidatos. Após os debates – que costumam ser longos – é hora de “votar”. A votação é feita com os eleitores se deslocando até o canto da sala correspondente a seu candidato.

A contagem é visual e manual. Os candidatos com menos de 15% de apoio são descartados. Os eleitores dos candidatos descartados passam a ouvir então os argumentos dos demais presentes, que tentam conquistar seus votos. Uma nova eleição é realizada com os candidatos restantes, até que se chegue a um vencedor.

Esses delegados são normalmente membros dos partidos ou simplesmente cidadãos engajados no processo político, pessoas ativas em suas comunidades, que tomam a frente no processo e são escolhidas para participar da convenção nacional.

Leia também: 2020 terá duas ‘Super Quartas’: veja agenda das reuniões do Fed e do Copom neste ano

A distribuição de delegados por estado vai de acordo com seu tamanho populacional e, na grande maioria dos casos, os representantes devem votar no candidato pelo qual os eleitores escolheram votar – somente alguns têm passe livre para votar em quem quiserem na Convenção Nacional.

Uma das críticas a esse sistema eleitoral é que os estados privilegiados (que votam mais cedo) no calendário das primárias acabam por ter mais peso na decisão. Isto porque os primeiros delegados eleitos nesses locais já vão determinar um caminho provável para o desfecho das eleições, lembra Felipe Berenguer, analista político da Levante Investimentos.

Leia também: ‘Queremos paz’ e ‘avaliamos novas sanções ao Irã’, diz Trump; fala agrada mercado

Nos EUA, como o voto não é obrigatório, tudo gira em torno da mobilização que o candidato levanta para que eleitores saiam de suas casas e exerçam seu direito de voto. Deste modo, tanto a arrecadação financeira dos candidatos quanto a mobilização dos voluntários de campanha são essenciais para o sucesso. Além disso, os debates televisivos têm especial peso na percepção de aprovação ou reprovação do candidato – números que influenciam diretamente a possibilidade do indivíduo sair para votar.

Desde a década de 1970, os candidatos democratas e republicanos à presidência têm construído suas estratégias de campanha em torno de Iowa, New Hampshire e outros estados que votam mais cedo. Uma posição sólida nessas regiões pode dar um impulso na longa e muitas vezes cansativa corrida para a indicação à presidência.

Leia também: 10 empresas divulgam balanços do 4º tri nesta semana: veja quais

Em 1976, o então relativamente desconhecido governador da Georgia, Jimmy Carter, surpreendeu a imprensa e causou sensação ao vencer as prévias de Iowa. Depois, ele se tornou o candidato democrata e venceu a eleição presidencial.

Em 2008, poucos esperavam que o senador pelo Estado de Illinois, Barack Obama, fosse vencer a senadora por Nova York, Hillary Clinton, e se tornasse o candidato democrata. A campanha de Obama se centrou no caucus, enquanto a de Hillary focou nos estados que realizam primárias. Como consequência, o atual presidente conquistou Iowa, e sua campanha ganhou dinamismo. 

Os principais candidatos democratas

Elizabeth Warren, 70

Elizabeth Warren é senadora pelo Estado de Massachusetts e também professora de Harvard.-Foto: Reprodução

Elizabeth Warren é senadora pelo Estado de Massachusetts e também professora de Harvard. A senadora é considerada uma mulher de ideias firmes para o governo – não à toa, já que prega por uma “mudança grande e estrutural” nos EUA. Já apresentou diversos planos – detalhados ­– para diferentes áreas do governo, como a economia. Seu slogan é: “I have a plan for that”, algo como “Eu tenho um plano para isso”. Warren faz parte da ala mais “radical” dos democratas. Toca muito em assuntos como inequidade de impostos, entre outros temas relacionados à desigualdade. Já anunciou que pretende criar um imposto sobre fortunas. Tem uma quantidade expressiva de votos, mas por fazer parte da ala mais à esquerda do partido tem dificuldade de angariar todos os votos necessários para disparar na liderança das primárias.

Joe Biden, 77 anos

Joe Biden, pivô do impeachment de Trump, foi vice-presidente nos governos Obama-Foto: Reprodução

Biden foi vice-presidente nos governos Obama e senador pelo Estado de Delaware. Foi o pivô do atual processo de impeachment contra Trump, aprovado pela Câmara americana. Os deputados aceitaram a alegação de que Trump usurpou o poder para reter assistência militar e pressionar a Ucrânia a investigar Biden e seu filho, Hunter, advogado de uma empresa ucraniana de energia.

É um político bastante experiente e já disputou a Presidência em outras duas ocasiões – esta, segundo ele, é a sua última tentativa. Biden é um democrata pragmático e tem facilidade no diálogo com a classe trabalhadora americana. Ainda mais, por conta de sua proximidade com Obama, atrai votos de parte do eleitorado negro e democrata. Pelas pesquisas, é o atual favorito para enfrentar Trump.

Bernie Sanders, 78

Bernie Sanders é senador por Vermont; na pesquisa divulgada nesta 6ª, lidera a primeira primária democrata, em Iowa-Foto: Reprodução

Bernie Sanders é atualmente senador pelo Estado de Vermont. Já foi deputado pelos democratas. O senador se autodescreve como um socialista democrático e defende medidas bastante progressistas, como ensino superior gratuito e universal. Nas últimas eleições, foi o grande concorrente de Hillary Clinton nas primárias. Sanders faz parte da ala mais à esquerda do partido, por isso esbarra na mesma dificuldade de Warren. Ainda assim, é um dos candidatos fortes. Na pesquisa divulgada nesta sexta (10), Sanders aparece como favorito para ganhar as primárias (uma espécie de eleições internas do partido) no Estado do Iowa, o primeiro a ter eleições primárias, em 3 de fevereiro. Historicamente, quem vence as primárias dos democratas por lá é escolhido candidato.

Pela pesquisa para Iowa:

Sanders: 20% das intenções de voto
Warren: 17%
Buttigieg: 16%
Biden: 15%
Bloomberg: 1%

Pete Buttigieg, 37

Pete Buttigieg é prefeito de South Bend e veterano das Forças Armadas americana-Foto: Reprodução

Pete Buttigieg é prefeito de South Bend, no Estado de Indiana, veterano das Forças Armadas americanas e abertamente gay. Pete é o pré-candidato mais novo e ventila sua campanha com base nisto: promete trazer uma nova era para a política americana. Pete é considerado do campo mais moderado entre os democratas e foca em assuntos como oportunidades de trabalho, mudanças climáticas e pautas identitárias. Para Iowa, Pete chegou a ser o favorito com 26% das intenções de votos.

Michael Bloomberg, 77

Michael Bloomberg é ex-prefeito de Nova York e dono da agência de notícias Bloomberg-Foto: Reprodução

Michael Bloomberg é ex-prefeito da cidade de Nova York, bilionário e dono da agência de notícias Bloomberg. O empresário é o nono homem mais rico do mundo, segundo a lista de 2019 da Forbes, dono de uma fortuna avaliada em US$ 55,5 bilhões. Ele entrou recentemente na corrida presidencial por entender que não havia um candidato “ao centro” com condições de derrotar Trump nas eleições. Voltou para o partido democrata, após ser prefeito de Nova York por quase uma década (2002 a 2013). Nesse mesmo sentido, disse rever suas posições com relação à política de “stop-and-frisk” – de revista ostensiva da polícia pelas ruas da metrópole – que apoiou e adotou em sua gestão. Bloomberg sempre desejou lançar-se à Presidência e, agora, entra na briga um pouco tardiamente. Por conta de posições mais orientadas ao mercado, é considerado da ala conservadora dos democratas.

Os favoritos do mercado financeiro

Entre os democratas, o mercado financeiro prefere Joe Biden ou Michael Bloomberg. Pragmáticos e com bom relacionamento com o setor privado, os dois representariam um cenário bastante positivo ao enfrentar Trump. Já Bernie Sanders e Elizabetg Warren são vistos mais alinhados a pautas contrárias ao livre mercado.

Leia também: Preocupado com o coronavírus na Bolsa? Histórico de epidemias mostra que mercado é ‘imune’

Em pesquisa feita pela CNBC, antes de Bloomberg entrar na corrida, Trump foi eleito o preferido dos milionários americanos (36% das intenções de voto), seguido por Biden (14%) e Warren (8%).

Calendário das primárias: Iowa abre temporada

O Estado de Iowa é o primeiro a realizar votações para a escolha dos candidatos presidenciais nesta segunda, 3 de fevereiro. Por lá, o processo será mais demorado, já que é pelo chamado caucus. Apenas quando houver consenso em torno de um candidato, a votação termina.

Leia também: Temporada de divulgação de balanços do 4º tri começa neste mês: veja calendário

A seguir vem New Hamphire, em 11 de fevereiro.

Veja abaixo o calendário das eleições americanas, com datas das primárias e das chamadas caucuses, das convenções nacionais dos Democratas e Republicanos e da eleição presidencial, além de comentário de Felipe Berenguer, analista político da Levante Investimentos, sobre as etapas mais importantes.

Fonte: Felipe Berenguer/Levante Investimentos

*Com Dow Jones

Publicidade
Subscreva nossa Newsletter!
Cadastre seu e-mail para receber nossa Newsletter com dicas semanais.
Invalid email address

Mais Lidas