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Com disparada da carne, inflação sobe 5 vezes e tem maior novembro em 4 anos

Segundo o IBGE, o IPCA fechou o mês passado com alta de 0,51%, acima do projetado pelos analistas e um salto de 400% ante o registrado em outubro (0,10%); no mês, a carne ficou, em média, 8,09% mais cara e é o novo vilão do bolso; exportações para a China e alta do dólar explicam encarecimento do alimento

Bárbara Leite

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Carne é o "novo tomate", o grande vilão do bolso em novembro–Foto: Reprodução

A disparada nos preços das carnes fez o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a chamada inflação oficial do país, acelerar para 0,51% em novembro, cinco vezes o registrado no mês de outubro (0,10%), segundo divulgou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (6).

Esse é o maior resultado para um mês de novembro desde 2015, quando o IPCA ficou em 1,01%. No acumulado do ano, a inflação registrou 3,12% e, nos últimos 12 meses, ficou em 3,27%. Em novembro de 2018, a taxa foi de negativa de 0,21%.

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A inflação de novembro ficou acima das projeções dos analistas ouvidos pela Reuters (0,46%), pelo Valor Data (0,47%) e pelo Estadão/ Broadcast (0,47%).

O Banco Central (BC) leva em consideração o indicador na decisão sobre a trajetória da taxa básica de juros, a Selic. Até agora era consenso e o próprio BC já havia sinalizado, que a Selic deveria cair de 5% para 4,50% na semana que vem. O novo dado da inflação acelerada, acima das projeções, pode impactar na decisão.

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Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete registraram alta em novembro, com destaque para despesas pessoais (1,24%), alimentação e bebidas (0,72%), e habitação, que passou de uma deflação de 0,61% em outubro para alta de 0,71% em novembro. Juntos, os três grupos corresponderam a cerca de 82% do IPCA de novembro.

Jogos de azar

“No grupo despesas pessoais, a alta foi puxada pelos jogos de azar, com a entrada em vigor dos reajustes dos preços das loterias federais, que variaram de 40% a 66%”, explicou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

Preço das carnes nas alturas: China + alta do dólar

“Já a aceleração no grupo alimentação e bebidas deveu-se, principalmente, ao comportamento dos preços das carnes, que registraram alta de 8,09% e contribuíram com o maior impacto individual no mês (0,22 ponto percentual)”, acrescentou o pesquisador do IBGE.

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Kislanov esclarece que o aumento nos preços das carnes decorre da maior demanda pela China acompanhada da desvalorização do real frente ao dólar. “Isso incentiva a exportação, restringindo a oferta interna e elevando o preço dos produtos”, disse ele.

Em novembro, o dólar disparou e fechou com alta de 5,80%, tendo atingido novos recorde históricos, na casa dos R$ 4,26.

Como resultado, a alimentação no domicílio, que havia registrado deflação de 0,03% em outubro, passou para uma alta de 1,01% em novembro. Já a alimentação fora do domicílio apresentou alta de 0,21%.

Bandeira vermelha na conta da luz

Na habitação, a variação de 2,15% foi influenciada pela energia elétrica, com a mudança de bandeira tarifária de um mês para o outro.

“Em outubro, estava em vigor a bandeira amarela, com acréscimo de R$ 1,50 para cada 100 quilowatts-hora consumidos. Já em novembro, passou a vigorar a bandeira vermelha patamar 1, cujo valor foi reajustado”, disse o gerente da pesquisa.

São Luís tem maior alta da inflação

Entre os 16 locais pesquisados pelo IPCA, a maior variação ficou com São Luís (1,05%), por conta da alta nos preços da gasolina e das carnes.

As regiões metropolitanas do Recife e de Aracaju registraram o menor índice (0,14%): no primeiro caso, em função da queda nos preços de alguns itens alimentícios, como a cebola, a batata-inglesa e as frutas; em Aracaju, além da queda da cebola, houve também redução nos preços do gás de botijão.

Confira a inflação por Estado em novembro:

RegiãoPeso Regional (%)Variação outubro (%)Variação novembro (%)
São Luís1,87-0,371,05
Belém4,230,220,93
Rio Branco0,42-0,140,72
São Paulo30,670,140,70
Goiânia3,590,070,70
Campo Grande1,510,310,65
Curitiba7,79-0,120,61
Porto Alegre8,40-0,010,47
Belo Horizonte10,860,170,46
Vitória1,780,290,39
Brasília2,80-0,080,38
Salvador6,120,080,23
Fortaleza2,910,040,22
Rio de Janeiro12,060,270,17
Recife4,20-0,070,14
Aracaju0,790,040,14
Brasil100,000,100,51

Fonte: IBGE

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