Sabe o que o pernil e o peru da ceia de Natal e aquele tradicional churrasco de fim de ano têm em comum? É que vão ficar mais caros em 2019. E a culpa é dos chineses. Bom, também têm uma pontinha de contribuição os sauditas e os sul-coreanos.
Em meio ao cenário de baixa oferta de animais, devido à entressafra, e à alta das exportações sobretudo para a China, que sofre com uma epidemia de peste suína africana que dizimou cerca de 40% de seu rebanho de porcos, a arroba do boi negociada na Bolsa brasileira vem subindo nos últimos tempos e não para de bater recordes.
O indicador de preços do boi gordo no atacado medido pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vinculado à Esalq/USP, também está registrando recordes de toda a série histórica (22 anos de coleta), já acumulando alta de 19,54% neste mês de novembro.
Nesta quinta-feira (21), a arroba do boi está novamente em patamares máximos. Pelas 9h40, os frigoríficos estavam pagando R$ 222,55 a arroba do boi para vencimento em maio de 2020 (BGIK20), uma alta de 3,51%, enquanto para outubro de 2020, o valor era maior, de R$ 229,60 (avanço de 3,42%).
China, Arábia Saudita e Coreia do Sul
Com impulso dos chineses, que elevaram as compras de carne bovina do Brasil em 23,6% de janeiro a outubro, para cerca de 320 mil toneladas, o país exportou 11% mais no período, para 1,47 milhão de toneladas, de acordo com a associação da indústria Abrafrigo. Trata-se do maior volume da história para o acumulado de um ano corrente.
Além da forte demanda da China após novas habilitações de indústrias de bovinos pelos chineses –que passaram de 16 no início do ano para 40 unidades atualmente, segundo a Abrafrigo– um dólar em máximas históricas frente ao real também favorece as exportações.
Além da China, que passou a consumir mais outros tipos de carnes, após a disparada dos preços da carne suína, também a Arábia Saudita habilitou, neste mês, oito novas plantas brasileiras para exportarem carne bovina para lá.
Já a Coreia do Sul liberou mais frigoríficos do país a venderem carne no início do ano e a expectativa é de novas habilitações em 2020, após a visita que a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, realizou, no fim de outubro, à Ásia.
Preços no açougues já sobem
Com isso, o consumidor já está sentido os preços mais elevados da carne nos açougues e a tendência é de alta já que os valores no atacado continuam subindo.
Segundo o Índice de Preços ao Consumidor, medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o contrafilé teve alta de 6,04% em novembro, enquanto em outubro havia subido 2,69%.
Em Belo Horizonte (MG), por exemplo, o preço médio do quilo do patinho passou de R$ 23,29 para R$ 25,07, um aumento de 7,64% em um mês, de acordo com o site Mercado Mineiro.
De acordo com dados da Bolsa de Gêneros Alimentícios do Estado do Rio (BGA), o preço da carne bovina já subiu 15% neste ano e a tendência é de ficar entre 30% a 40% mais alta no ano que vem.
Já os preços da carne suína (pernil, lombo, tender, entre outros) também subiram em razão da maior demanda externa pelo produto brasileiro, o que reduziu a oferta no mercado doméstico.
De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), foram exportadas 592,3 mil toneladas nos 10 primeiros meses do ano, volume 11,66% superior ao alcançado no mesmo período do ano anterior, com 530,5 mil toneladas.
“As vendas para a Ásia seguem impulsionando as exportações de carne suína, com elevação, no mês de outubro, de 81% nos embarques para a China e de 19% para Hong Kong”, analisa Francisco Turra, presidente da ABPA.
Diante das altas no atacado, a BRF – dona das marcas Sadia e Perdigão–, a Seara e a catarinense Aurora Alimentos reajustaram os preços dos produtos natalinos em até 30% em relação ao ano passado, segundo o Valor.com.
*Com Reuters