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Peste suína deve matar um quarto dos porcos do mundo até fim do ano e puxar preço da carne

Só a China deve perder 350 milhões de animais neste ano; por lá, vai faltar 10 milhões de toneladas para atender o consumidor chinês, que come, em média 54 kg de porco por ano

Bárbara Leite

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peste suína africana, cujo novo surto foi identificado em agosto do ano passado, está se espalhando por toda a Ásia–Foto: Reprodução

A peste suína africana terá destruído um quarto dos porcos do mundo até o final deste ano, segundo especialistas, puxando os preços da carne ao redor do planeta.

O novo surto, o maior de doença animal já visto, foi identificado pela primeira vez em agosto de 2018 e em 12 meses viu a população de porcos da China cair em 100 milhões.

O número de porcos na China recuou 32% no ano até julho, e terá diminuído pela metade até o final do ano – quando 350 milhões de porcos morrerão apenas no país, segundo Alistair Driver, da Pig World.

Antes do surto, a China abrigava metade da população suína do mundo. Com a doença e os agricultores abatendo seus rebanhos antes de pegá-la, tem ocorrido uma redução incrível no número de porcos em todo o país.

Agora, os preços da carne de porco quase dobraram na China, onde, de acordo com o Rabobank, a produção de carne de porco cairá 24% neste ano e mais entre 10% a 15% em 2020.

A China deve ter uma escassez de carne suína de 10 milhões de toneladas neste ano, segundo a Bloomberg. Cada chinês consome, em média, 54 quilos de carne suína por ano. Metade de todo o consumo mundial.

Os produtores brasileiros estão se beneficiando com essa escassez de carne de porco na China. No mês passado, a China liberou mais 25 frigoríficos nacionais para exportarem carne para lá. Além de porco, os chineses, por conta da alta do preço, estão comendo mais frango, e aumentando também as importações desse produto. Para amenizar a alta nos preços, o governo chinês chegou a pedir à população para reduzir o consumo de carne. A iniciativa virou piada entre a população.

Embora seja benéfico para a indústria brasileira, a maior exportação para a China reduz a oferta da carne no Brasil, puxando dessa forma os preços da carne suína e de frango também para o consumidor brasileiro.

E essa alta dos preços da carne no mundo não deve parar. O Rabobank prevê uma continuação de aumento dos preços nos próximos três a cinco anos.

Doença se espalha

A peste suína africana está agora se espalhando por toda a Ásia – incluindo Coreia do Sul (nesta quinta foi anunciado dois novos casos da doença por lá) e do Norte, Filipinas, Camboja, Laos, Mongólia, Hong Kong e Mianmar.

Cinco milhões de porcos morreram no Vietnã e o país deve perder 25% de seu rebanho até o final do ano.

O criador de suínos chinês Chen Yun disse ao South China Morning Post: “O maior problema é que não existem medidas [eficazes] de prevenção de epidemias. As companhias de seguros e os governos locais não nos compensaram pelas perdas causadas pela propagação da febre”.

“Enterramos os porcos mortos que morreram em apenas um ou dois dias e depois tivemos que vender os 10.000 porcos vivos a um preço muito baixo, incluindo porcos reprodutores, porcas e leitões. Meu coração foi quebrado”, disse.

Histórico da doença

O primeiro surto de peste suína africana ocorreu em 1907 e a doença foi confinada à África até 1957, quando se espalhou para Portugal e depois para a Espanha.
 
Depois atingiu a França, a Bélgica e outros países europeus até ser erradicado na metade ocidental do continente por abate na década de 1990.

Cuba viu um surto em 1971 com 500.000 porcos abatidos.

Houve um surto na Bélgica em 2018, que é suspeito de ter vindo de javalis importados da Europa Oriental para a caça. Na época, 4 mil porcos foram abatidos e a área infectada foi fechada.

A peste suína africana eclodiu na Rússia e nos países vizinhos em 2007 e tornou-se endêmica–com surtos todos os anos desde que a doença se espalhou para a Lituânia, Polônia, Letônia, Estônia, Ucrânia, Bielorrússia, República Tcheca, Romênia, Bulgária e – neste ano – Eslováquia.

A peste suína africana não afeta seres humanos.

*Com informações da BBC

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