Entre gestores de fundos, traders e investidores, elas despertam briga. De um lado, uma rede com 87 milhões de clientes que tenta se reerguer após anos de má gestão; e do outro, a varejista que não para crescer e deve fechar 2019 como a terceira maior no concorrido comércio online brasileiro. Mas, afinal, qual das ações queridinhas do mercado no segmento de varejo- Via Varejo (VVAR3) ou Magazine Luiza (MGLU3)- se deu melhor em 2019?
O ano foi muito bom para as duas varejistas na B3, Bolsa brasileira, acumulando altas acima de 100%, mas a VVAR3 teve um desempenho superior à MGLU3. Até esta quinta (26), as ações da Via Varejo, que é dona das marcas Casas Bahia, Ponto Frio e Extra.com, valorizaram expressivos 168,18% em 2019. Isso quer dizer que quem comprou, por exemplo, 1000 ações a R$ 4,40 na abertura da B3 em 2 de janeiro e as vendeu nesta quinta no fechamento a R$ 11,80, ganhou R$ 7.400 de lucro ou 168,18% de retorno.
Já os papéis da rede, que também controla a Netshoes, somaram forte alta de 117,69% no mesmo período, a dois pregões do encerramento do ano.
Nos dois casos, a grande virada veio no segundo semestre, quando a Via Varejo saltou 131,37% e a Magazine Luiza, 85,25% na B3. O mês de julho foi o melhor para as duas varejistas, com aumento de 51,37% no caso da VVAR3 e de 24,42% na MGLU3 (veja tabela abaixo).
Via Varejo: família Klein volta e empresa reage na Black Friday
Após dez anos sob controle do Grupo Pão de Açúcar, empresa dona das Casas Bahia, Ponto Frio e Extra.com, passou a ter a família Klein, que fundou a empresa, como principal acionista em junho, que comprou junto com a XP Asset, do grupo de investimentos XP Inc., a fatia colocada à venda pela Cia Brasileira de Distribuição, subsidiária da Casino no Brasil. O investimento também rendeu uma cadeira no conselho da Via Varejo a João Luiz Braga, sócio-gestor da XP Asset.
No mês seguinte, as ações já dispararam. Em novembro, após o anúncio de que a empresa faturou R$ 1,1 bilhão na Black Friday, correspondente a 15 vezes a venda de um dia normal da companhia, com a instalação de 8 mil computadores nas lojas e mudanças na plataforma de comércio online, os papéis voltaram a ter elevada valorização.
No terceiro trimestre, a empresa ainda somou o quinto seguido de prejuízo, mas há uma expectativa de que a companhia volte aos eixos na gestão de Michael Klein.
Para 2020, o objetivo é recuperar a imagem das Casas Bahia e Ponto Frio, que têm uma base de mais de 87 milhões de clientes, sendo que 22 milhões compraram nos últimos 12 meses, e 5 milhões de clientes no crediário, e apostar nas vendas online.
Neste mês, a empresa divulgou a descoberta de indícios de fraude contábil em gestões anteriores e estimou os custos dessa irregularidade entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,4 bilhão. Pelas investigações preliminares, os envolvidos são funcionários de médio escalão da própria Via Varejo, e não do GPA, antigo dono da empresa – mas a conclusão das investigações está prevista para fevereiro.
A grande dúvida dos investidores para o próximo ano é como a nova gestão irá lidar com essa crise e, principalmente, como evitará novas fraudes.
Magazine Luiza cresce no online e mira as líderes Mercado Livre e B2W
O Magazine Luiza não para de crescer. Neste ano, comprou a cobiçada operação da Netshoes, rede varejista online de roupas, calçados e artigos esportivos, em disputa com a Centauro, e passou a somar mais de 25 milhões de consumidores.
A expectativa do Goldman Sachs é que a rede encerre 2019 como o terceiro maior varejista online do país, com uma fatia de 14% desse mercado, bem acima dos 5% com que contava em 2014. Só as vendas pelo e-commerce cresceram 96% de julho a setembro.
A empresa agora mira as líderes Mercado Livre, que tem 32% do mercado online nacional e a B2W, dona de sites como Americanas.com, Submarino e Shoptime, com 20%. O Goldman Sachs estima que vão bastar dois anos para que o Magazine Luiza alcance a vice-liderança. Para isso, o banco projeta um recuo da B2W para 18% de share, e um crescimento constante da rival até 2021.
Após o lançamento pela gigante americana no comércio eletrônico Amazon do serviço Amazon Prime no Brasil, as ações da rede foram penalizadas, mas logo a empresa anunciou que também teria entrega rápida e frete grátis nas compras acima de R$ 99.
Neste ano, a marca anunciou estratégias que chamaram a atenção do mercado. Uma delas foi a parceria com as Lojas Marisa. O Magalu assumiu o setor de tecnologia da Marisa, com uma açãonas 300 lojas da marca em todo o país.
Nos primeiros nove meses deste ano, os investimentos do Magazine Luiza somaram mais de R$ 390 milhões. A rede tem lojas atualmente em mais de 800 cidades do país e tem interesse em entrar em novos mercados nos próximos anos, como Rio de Janeiro e Brasília.
Veja abaixo o desempenho da VVAR3 e da MGLU3 em 2019: