Economia Bárbara
  

Seu Bolso

Ibovespa deve chegar aos 250 mil pontos em 2022, mas ‘gringo não vem’, diz gestora do Dahlia

Na 2ª edição do MoneyTalks, organizado pelo banco digital Modalmais, Sara Delfim detalhou os quatro motivos para a projeção otimista e disse considerar que o índice brasileiro é pouco atrativo para o investidor estrangeiro: “30% são bancos e não tem tecnologia”

Bárbara Leite

Publicado

em

Para Sara Delfim: economia chinesa deve ganhar impulso nos próximos anos e puxar emergentes–Foto: Reprodução

Crescimento da economia chinesa, reforma tributária, aumento do lucro e dividendos das empresas e reavaliação dos preços das ações diante de uma taxa de juros mais baixa devem levar o Ibovespa, índice da B3, Bolsa brasileira, a atingir os 250 mil pontos em 2022, mas será o investidor local a puxar essa valorização, segundo Sara Delfim, gestora e sócia-fundadora do Dahlia Capital.

“A gente acha que o gringo não vem. Você não tem mais a exportação de juro real. A gente nunca foi o maior exportador de minério ou de soja, a gente sempre foi o maior exportador do mundo de juro real. Isso acabou. Você não tem mais esse incentivo desse dinheiro vir”, disse a sócia da administradora de recursos na 2ª edição do MoneyTalks, evento organizado pelo banco digital Modalmais, nesta segunda-feira (16).

Leia também: Em três dias, B3 tem três pedidos de IPO; outros 12 estão na fila: veja quais

A projeção para o Ibovespa em três anos da gestora de recursos representa um aumento de 123,42% de valorização para o índice se considerado o patamar de fechamento desta segunda (16), nos 111.896 pontos.

Para Sara, quatro motivos explicam a projeção otimista da gestora para 2022:

  1. Aumento de lucro e dividendo das empresas: “O crescimento do lucro das empresas deve subir entre 10% a 15% por ano e o crescimento do dividendo na casa de 5%. Aí já dá uns 50% de upside (potencial de alta)”.
  2. Reavaliação dos preços das ações com a Selic menor: “A gente veio de uma taxa de desconto que o mercado usa para precificar as ações muito alto. A cada 100 pontos base de corte nos juros, os valores das empresas sobem mais uns 20%”.
  3. Reforma tributária: “Não sabemos o que vai sair, mas se caírem os impostos para as empresas, temos mais uns 10% de upside”
  4. Crescimento da China: “A gente acha que a China vai ficar mais forte do que as pessoas acham. e isso para as ‘commodities’ (matérias-primas) é balístico. 30% do nosso índice é ‘commodities’. tem mais 10 a 15% de upside daria para chegar para 250 mil pontos. para final de 2020, um crescimento para a Bolsa entre 15% a 20%. apoiado no investidor local. tem chances de ir mais.

Para a gestora, o possível corte de impostos das pessoas jurídicas, que deve ser incluído na reforma tributária, é um dos fatores que deve impulsionar o mercado de ações.

“Os EUA fizeram isso, e o S&P é uma linha reta, que só sobe. Se a gente colocar isso no Brasil, as empresas vão estar gerando mais resultado para investir mais, para crescer mais ou pagar mais dividendo. A Índia fez isso no dia 20 de setembro, e nesse dia, quando anunciou esse corte de imposto para empresas, o índice da Bolsa lá subiu 10%”, explicou ela.

Veja também: Gestor da Daycoval: Selic deve subir a 6% em 2021; veja vídeo

Também o crescimento da economia chinesa deve puxar a economia e as empresas brasileiras. Segundo ela, dois grandes eventos podem estimular a economia chinesa nos próximos três anos. Em 2021, o Partido Comunista faz 100 anos e, em 2022, acontece a cerimônia que vai reconduzir Xi Jinping de novo à Presidência. Por isso, ela acredita que, no próximo ano, a China já vai estimular a economia para ganhar popularidade antes desses eventos.

“Isso é bastante favorável para mercados emergentes como o Brasil”, disse.

Para 2020, a gestora também está mais otimista que o mercado, que prevê uma valorização do índice entre 15% a 20%. “Tem chances de ir mais alto”, afirmou.

A gestora acredita que ações atreladas ao PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas em um país), como setor de varejo e aéreo, além de commodities, devem ter bom desempenho.

‘Ibovespa não é atrativo para gringo: 30% de bancos e não tem tecnologia’

Para Sara, o Ibovespa não é atrativo para o investidor estrangeiro. “Olhando globalmente, o Brasil é muito pequeno. Não tem tanta atratividade assim. O Ibovespa não é um índice bom. Tem 30% de bancos, que é um setor que ninguém sabe quanto mais vai viver. Os outros 30% a 40% são commodities, que podem até ir bem. O índice em si não tem tecnologia. Não sei se atrai o investidor estrangeiro”.

Leia também: Onde investir em dezembro? Veja as ações recomendadas por 13 corretoras

Segundo a gestora do Dahlia, “se tiver bons IPOs (Oferta Pública Inicial, na sigla em inglês) ou follow-ons (ofertas de ações para quem já está listado na Bolsa), o gringo vem, mas virá pontualmente, não de forma consistente como a gente viu no passado”.

Publicidade
Subscreva nossa Newsletter!
Cadastre seu e-mail para receber nossa Newsletter com dicas semanais.
Invalid email address

Mais Lidas