À medida que o surto do coronavírus avança–Índia e Filipinas reportaram os primeiros casos e número de mortos já chega a 170– e no dia em que a OMS (Organização Mundial de Saúde) deve anunciar se o novo surto é ou não uma emergência global, também cresce o medo do impacto no crescimento da China e na economia mundial. Com essa preocupação, as Bolsas caem nesta quinta-feira (30).
O índice da Bolsa do Japão (Nikkei) caiu 1,72%, o Hang Seng, de Hong Kong recuou 2,62%. Taiwan, que regressa de feriado, tomba expressivos 5,75%.
E Europa está no vermelho. Pelas 8h, o índice Stoxx 600 caía 0,64%. Na Alemanha, a queda era de 0,83%; na França, de 1,13%, e no Reino Unido, de 0,59%.
Futuros dos índices das Bolsas americanas também recuam. Os futuros do índice Dow Jones recua 0,63%; o do S&P 500, -0,68%.
Na véspera, o presidente do Fed (banco central dos EUA), Jerome Powell, embora cauteloso, admitiu que o coronavírus deve afetar o crescimento chinês, e pode “provavelmente”, impactar no globo.
O alerta é mais um motivo para gerar tensão, depois que negócios e viagens foram suspensos devido ao surto.
Empresas interrompem suas operações na China por conta do coronavírus. O McDonald’s e a Disney foram os primeiros a tomar medidas na semana passada: a rede de fast-food disse que “suspendeu seus negócios” em cinco cidades da província de Hubei (no centro da área de risco), quanto a empresa de entretenimento anunciou o fechamento de seus parques temáticos em Shanghai e em Hong Kong.
A Starbuck fechou metade de suas 4,2 mil cafeterias na China. Várias grandes empresas também começaram a restringir viagens de seus funcionários à China. Gigantes da tecnologia como Facebook e Microsoft recentemente pediram que seus colaboradores cancelassem qualquer viagem ao país que não fosse essencial.
Companhias aéreas, como a Bristih Airways suspenderam os voos.
Noas estimativas dão conta de que a China pode crescer “apenas” 5% em 2020.
Nesta quarta, o Ibovespa se descolou do exterior e caiu 0,94%, pressionado pelos bancos, que refletiram os números do Santander do quarto trimestre e do crédito de 2019. O dólar encostou em R$ 4,22, com receio do vírus e expectativa de corte de juros no Brasil.
Agenda cheia
Na agenda internacional, sairá, às 9h, a decisão do Banco Central da Inglaterra (BOE) sobre os juros. As apostas estão divididas. Metade das apostas é de cortar o juro em 0,25 ponto percentual para 0,50% e a outra metade, manter. Esta é a a última reunião do canadense Mark Carney à frente do banco. Está lá desde 2013.
Pelas 10h30, teremos a leitura preliminar do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas em um país) dos EUA do quarto trimestre de 2019. O consenso é de que os EUA cresçam à taxa de 2,1% de outubro a dezembro, o mesmo ritmo do terceiro trimestre.
Tem ainda evento com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ)do Centro de Liderança Pública, em São Paulo, para falar sobre as reformas.
Na véspera, Maia disse que quer a reforma tributária resolvida até abril.
IGP-M desacelera mais que o esperado e Copom
A Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou que o IGP-M, inflação do aluguel, desacelerou em janeiro, e subiu 0,48%, contra 2,09% em dezembro, variação que havia sido impactada pelo preços das carnes. Com o resultado, o índice acumula alta de 7,81% em 12 meses.
O número veio melhor do que o esperado, que era de avanço de 0,54%, segundo analistas ouvidos pelo Broadcast.
Inflação estabilizada dá mais argumentos ao Comitê de Política Monetária (Copom) cortar os juros na próxima quarta-feira (5), dos atuais 4,50% para 4,25% ao ano.
Também ajuda a elevar as apostas de uma nova redução na taxa básica de juros, a Selic, o tom mais “dovish” (viés de baixa das taxas) do presidente do Fed (banco Central dos EUA), Jerome Powell, nesta quarta (29), de que não está satisfeito com a inflação abaixo de 2%.
Para Roberto Prado, economista do Itaú Unibanco, a fala de Powell pode beneficiar o real, tirando pressão sobre o dólar, e dar mais tranquilidade para o Copom cortar a Selic.
*Com agências