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Powell ‘monitora’ coronavírus e inflação: falas sobem apostas de corte de juro e podem aliviar dólar

Presidente do banco central dos EUA comentou que o surto é ‘questão séria’ e pode impactar no crescimento da China e ‘provavelmente’ do globo, também afirmou não estar “satisfeito” com o índice de preços abaixo de 2%, sua meta

Bárbara Leite

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Jerome Powell: 'Difícil dizer com precisão o que está afetando os mercados-Foto: Reprodução

O Fed (Banco Central dos EUA) manteve a taxa estável no intervalo entre 1,5% e 1,75% ao ano, mas as declarações de presidente do Federal Reserve (Fed, o BC dos Estados Unidos), Jerome Powell, na coletiva após o anúncio da decisão foram interpretadas como ligeiramente “dovish”, elevando as apostas de cortes de juros por lá em 2020, o que pode tirar alguma pressão sobre o dólar aqui e valorizar o real.

Entre outras falas, o chefe da autoridade monetária disse que “queríamos enfatizar nosso compromisso de que 2% não seja um teto, que a inflação esteja simetricamente em torno de 2% e não estamos satisfeitos com a inflação abaixo de 2%”.

A declaração foi interpretada como de viés de baixa das taxas, uma vez que uma das medidas para elevar a inflação seria cortar juros para estimular o consumo, e assim, puxar os preços. Um corte nos juros por lá tende a beneficiar o real, já que a moeda brasileira tem vindo a ser penalizada pela expectativa de redução da taxa básica de juros, a Selic, sem previsão de baixas nos EUA.

Cortes lá tendem a atrair capital ao Brasil, de investidores em busca de retornos maiores. Um maior fluxo de dólares tende a baratear a moeda.

Nesta quarta (29), o dólar voltou a subir e fechou em R$ 4,219, com alta de 0,59%, com receio de impacto do coronavírus e e novo corte na Selic na próxima quarta (5), para 4,25% ao ano.

Coronavírus: ‘é questão muito séria’ e pode impactar a atividade no mundo

Outra declaração com potencial para aumentar as apostas de redução de juros foi a que ele fez sobre o novo coronavírus. Segundo ele, o Fed está “monitorando” o impacto do surto e que ele pode, “provavelmente”, afetar o crescimento global.

“É uma questão muito séria e quero começar reconhecendo o sofrimento humano considerável e considerável que o vírus já está causando. É provável que haja alguma interrupção das atividades na China e, possivelmente, globalmente, com base na disseminação do vírus até o momento e nas restrições de viagem e fechamento de negócios que já foram impostas. É claro que a situação está realmente em seus estágios iniciais e é muito incerta sobre quanto se espalhará e quais seriam os efeitos macroeconômicos na China e seus parceiros comerciais e vizinhos imediatos e em todo o mundo. À luz dessa incerteza, não vou especular sobre isso neste momento … Estamos minuciosamente cuidando da situação … nossa estrutura, em última análise, é quais são as possíveis ramificações para a economia dos EUA”, afirmou Powell, na coletiva.

Uma possível desaceleração econômica americana por conta dos efeitos da doença respiratória também poderia levar a novos cortes de juros para baratear o crédito, e desse modo, impulsionar consumo e investimentos.

Desemprego e ‘fase 1’ do acordo comercial

Powell, por outro lado, falou sobre o bom momento da economia americana, com um mercado de trabalho forte. “O mercado de trabalho continua com bom desempenho … vemos forte criação de empregos, vemos baixo desemprego, muito importante, vemos que a participação da força de trabalho continua subindo”, declarou.

Em relação à primeira fase do acordo comercial entre EUA e China, Powell referiu que se espera que o pacto surta efeito.

Injeção de liquidez é questão técnica, para elevar reservas

Powell também comentou as operações de injeção de liquidez no mercado bancário americano e falou que elas vão diminuindo à medida que o banco vai aumentando suas reservas. Segundo ele, as operações são técnicas, para aumentar as reservas, e não para impactar ativos de risco.

A quantidade de dinheiro que o Fed está adicionando aos mercados é vista por muitos operadores como uma forma de estímulo e um fator que tem impulsionado a tomada de risco nos mercados financeiros.

Sobre esse assunto, Powell afirmou que é muito difícil dizer o que está afetando os mercados.

“Acho que muitas coisas afetam os mercados. É muito difícil dizer com precisão a qualquer momento o que está afetando os mercados. O que posso dizer é que você sabe qual é a nossa intenção: é retornar a reserva a um nível amplo. Esperamos que isso aconteça durante o segundo trimestre, e nosso plano, ao fazer isso, é que, quando essas compras chegarem a esse nível, acreditamos que podemos reduzi-las gradualmente e acreditamos que também podemos reduzir gradualmente o repo (acordo de recompra) quando atingirmos um nível amplo”, afirmou Powell.

“Os níveis de reserva terão que estar em um nível alto o suficiente para permanecerem amplos; US $ 1,5 trilhão será a parte inferior do intervalo”, acrescentou.

Nos chamados acordos de recompra, ou “repos”, os bancos pedem dinheiro emprestado contra bens como títulos do Tesouro como garantia e em seguida devolvem os empréstimos com juros no dia seguinte. Desta forma, eles podem recarregar o dinheiro que as instituições mantêm no banco central quando essas reservas ficam abaixo do mínimo exigido pelo Fed.

*Com agências

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