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Em dia de 2 IPOs e fala de Trump, Ibovespa renova recorde histórico; dólar cai a R$ 3,99

Mercado segue repercutindo a aprovação da reforma da Previdência; bom humor externo, queda do risco-país e Boletim Focus também puxaram a Bolsa e derrubaram a moeda americana

Bárbara Leite

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Na semana passada, Ibovespa acumulou três recordes históricos consecutivos–Foto: Pablo Syper/Mirae Asset

Alinhado com o otimismo no exterior, após fala do presidente dos EUA, Donald Trump, e ainda repercutindo a reforma da Previdência, o Ibovespa, índice de referência da Bolsa brasileira, terminou com novo recorde histórico nesta segunda-feira (28), dia em que duas novas empresas abriram seu capital na B3, Bolsa brasileira. Já o dólar terminou abaixo dos R$ 4 pela primeira vez desde 15 agosto.

Com alta de 0,77%, o Ibovespa fechou nos 108.187 pontos, maior patamar de fechamento na era do Plano Real, iniciada em 1994. A moeda americana ficou nos R$ 3,99, com queda de 0,44%, depois de acumular tombo de 2,69% na semana passada.

“O mercado segue digerindo a reforma da Previdência. O CDS confirma a queda em sintonia com o dólar. São três semanas em queda. Estamos entrando na quarta semana de recuo. Isso quer dizer que a percepção de que o Brasil não é mais insolvente está o melhorando o humor”, disse Pablo Syper, diretor da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara.

Os mercados globais repercutiram a declaração de Trump, sobre assinar uma parte significativa do acordo comercial com a China antes do previsto, mas não deu detalhes sobre o cronograma.

Também foi recebida com alívio a extensão do prazo para 31 de janeiro para o Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia).  O Parlamento britânico rejeitou nesta segunda eleições antecipadas em 12 de dezembro, como queria o premiê britânico Boris Johnson. 

A alta do Ibovespa foi sustentada pela valorização das ações de bancos, refletindo a melhora das projeções para o crescimento econômico brasileiro e o ambiente externo benigno. Pela manhã, o Boletim Focus mostrou que a estimativa para o PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas) para 2019 subiu de 0,88% para 0,91%.

Os papéis do Bradesco terminaram com alta de 3,61%; as ações do Itaú Unibanco ganharam 1,36%, enquanto o Banco do Brasil subiu 2,22%. O setor terá divulgação de resultados financeiros do terceiro trimestre nesta semana.

Leia também: IPOs: C&A fecha em alta de 3% no dia de estreia na Bolsa; BMG cai 0,86%

Dois papéis entraram na Bolsa nesta segunda: as ações da rede varejista de moda C&A fecharam com a alta de 3,09%; já as units do banco BMG recuaram 0,86% no fechamento.

Risco-país entra na quarta semana de queda

Do lado doméstico, ajudou a queda do CDS (custo do contrato de swap de default de crédito, na sigla em inglês), medida usada para calcular o risco-país, do Brasil, cravou nesta segunda-feira (28) uma nova mínima no ano, nos 117,287 pontos. O CDS está no patamar quando o Brasil tinha o chamado grau de investimento, uma espécie de selo de bom pagador.

Por aqui, o mercado segue na expectativa com o programa econômico do governo após a aprovação da reforma da Previdência, que vai gerar, ao menos R$ 800 bilhões de economia aos cofres públicos. O ministro da Economia, Paulo Guedes, vai ao Senado nesta terça-feira (29) falar sobre o Pacto Federativo, que pode ajudar nas contas públicas dos Estados brasileiros, que estão endividados.

Argentina: Bolsa despenca 3,9% após vitória de Fernandéz

Apesar de um salto de 6% na abertura, a Bolsa argentina terminou com uma queda de 3,9% depois do país ter eleito para a Presidência do país o candidato peronista e a sua vice, a senadora e ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015), neste domingo (27) em primeiro turno, derrotando o atual presidente, o liberal Mauricio Macri.

Leia também: Fernández derrota Macri em volta da esquerda à Argentina

Há receio de que o novo governo adote medidas populistas e dê um novo calote da dívida, como em 2001. O banco central local limitou a compra de moedas estrangeiras, para evitar a fuga e a redução das reservas do país.

Segundo o secretário de Comércio Exterior, Lucas Ferraz, a Argentina segue como parceiro importante para o Brasil e o governo não discute dissolver o Mercosul. Isso após o presidente Jair Bolsonaro fazer críticas ao presidente eleito e chegar a dizer que o país vizinho pode ser afastado do Mercosul.

“Super Quarta”

No radar dos investidores seguem as decisões sobre o rumo dos juros básicos nos EUA e no Brasil na “Super Quarta”. A expectativa é que o Fed, BC dos EUA, anuncie, nesta quarta (30) um corte de 0,25 ponto percentual na sua taxa, que está no intervalo de 1,75% a 2% ao ano. Já o BC brasileiro deve promover uma redução maior, de 0,50 ponto, para 5% ao ano, enquanto uma minoria acredita na possibilidade de redução de 0,75 ponto.

O mercado reduziu mais as expectativas para Selic em 2020, e já vê a taxa em 4,50%, ante 4,75% ao ano anteriormente, outro dado revelado pelo Boletim Focus nesta segunda.

Esse diferencial tende a diminuir o chamado “carry trade” – quando se pega dinheiro em um país que paga uma taxa de juros mais baixa, como os EUA, e se aplica a quantia em outro destino que pague retornos maiores (caso de emergentes, como o Brasil)– e a afastar investidores do Brasil.

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