Os últimos dados divulgados pelo Serasa Experian apontam uma ligeira redução nos índices de inadimplência no país. Segundo o levantamento, o Brasil registrou 62,8 milhões de inadimplentes em junho, uma queda de 0,7% em comparação ao mês anterior.
Porém temos que visualizar esses números com cautela, já que apesar de num primeiro momento parecer um bom sinal, por outro lado, o crescimento dos inadimplentes foi de 2,2% em relação a maio de 2018. Se analisarmos por região, houveram aumentos no número de devedores em todas elas: Sudeste (3,83%), Sul (2,31%), Centro-Oeste (1,60%), Norte (1,23%) e Nordeste (0,53%).
No mês de maio deste ano, a liderança das dívidas continuaram a ser provenientes de instituições financeiras e bancos (28,5%), portanto podemos perceber que o crédito ainda está sendo usado de maneira desordenada entre as famílias, já que muitos tomam empréstimos para pagar dívidas já existentes ou então entram na famosa bola de neve do rotativo do cartão de crédito, que já atinge quase 300% ao ano, os maiores juros do mercado financeiro.
O cenário ainda é preocupante, portanto, não devemos comemorar, mas perceber que ainda há muito a se avançar para que o brasileiro possa fazer as pazes com o bolso.
Como reverter?
A educação financeira tem papel fundamental nessa mudança de comportamento em relação ao dinheiro e principalmente na redução da inadimplência. A ausência do tema ao longo dos anos fez com que não houvesse nenhuma organização no orçamento das famílias, ou seja, com a aplicação do conhecido modelo Ganhos – Gastos = Sobra ou Falta. E fica claro que essa situação foi se agravando com o passar do tempo até chegarmos no ponto de inadimplência recorde que encontramos hoje.
O ensino da educação financeira nas escolas tem avançado como ponto principal para alcançarmos uma sustentabilidade financeira no futuro. Com a homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que prevê a obrigatoriedade do tema de forma transversal dentro das salas de aulas até 2020, o tema passará a ser visto tal como é: uma ciência humana, não exata como se pensou durante muito tempo.
Ao instruir as nossas crianças desde os primeiros anos de formação, a chance de se tornarem adultos mais conscientes em relação às finanças aumenta consideravelmente, isso porque é muito mais difícil reverter as crenças e hábitos de uma pessoa mais velha, que já tem vícios adquiridos pelos seus pais e avós.
Esse processo pode auxiliar não só no combate à inadimplência, mas também fazer com que a sociedade como um todo possa ter mais autonomia financeira e consequentemente realizar mais sonhos.
Por mais de 10 anos tenho como missão disseminar o tema nos quatro cantos do país para que justamente cada vez mais pessoas tenham os sonhos realizados e percebam que o dinheiro é sempre um meio para a realização destes e não um fim. Tenho certeza de que ainda há muito o que fazer e que esta missão está apenas começando.