Os investidores estrangeiros retiraram um volume recorde da B3 (Bolsa de Valores brasileira) em 2019, mas o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, não atribuiu a saída a problema de fundamentos da economia brasileira ou cenário político, mas a busca de oportunidades em outros mercados mais baratos.
“É mais do que a justificativa de que o fundamento não está bom, de problemas de governo”, disse o presidente do BC em evento promovido pelo Credit Suisse. “Os (investidores) locais fizeram movimento de migração (para bolsa) muito forte. E o estrangeiro acabou comprando outros mercados”, disse Campos Neto.
Ele comentava os números, divulgados pelo próprio BC nesta segunda (27), de que os estrangeiros tiraram US$ 5,666 bilhões de aplicações em ações do Brasil, no pior desempenho registrado para a negociação direta de papéis em bolsa no mercado doméstico desde 2008, quando a saída foi de US$ 10,850 bilhões.
Em 2018, o dado havia ficado negativo em US$ 4,265 bilhões.
Já por meio de fundos de investimento, houve entrada de US$ 2,053 bilhões em 2019, ante retirada de US$ 850 milhões no ano anterior.
De forma geral, o chefe da autoridade monetária disse que o mercado tem “comprado crescimento” e, assim, tem recebido mais fluxo.
Para Campos, agora é a “primeira vez em um bom tempo que o Brasil tem uma perspectiva melhor de crescimento”.
Em 2019, o Ibovespa fechou com alta de 31,58%, na maior alta em três anos, puxada pela entrada de investidores locais, que migraram seus investimentos em renda fixa para ativos mais arriscados, em meio à queda da taxa básica de juros, a Selic, para 4,50%, níveis historicamente baixos, que reduzem o retorno de aplicações conservadoras.
O Ibovespa, referência da B3 (Bolsa de Valores brasileira), encerrou nesta segunda (27) com queda de 3,29%, o maior tombo em 10 meses, puxado pelas ações de empresas de “commodities”, dependentes das vendas para a China e dos preços das matérias-primas no mercado internacional, que vinham caindo com receio de queda da demanda por conta do surto chinês.