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Medo com coronavírus arrefece; JP Morgan vê oportunidade nas Bolsas; petróleo ainda cai

Após duro golpe na véspera, os mercados ensaiam alta nesta terça (28) ainda em meio à cautela. A Bolsa japonesa recuou menos que na véspera, Europa está estável com viés de alta e futuros dos índices americanos sobem; relatório do banco americano mostra que, no passado, pandemias tiveram impacto negativo apenas no curto prazo; fala de Campos Neto está no radar

Bárbara Leite

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China aumentou, nesta terça, as restrições de viagens: mortes chegam a 106 e mais de 4,5 mil estão infectados–Foto: Reprodução

O mercado financeiro lá fora está mais calmo nesta terça-feira (28), após o duro golpe na véspera, quando as Bolsas derreteram com medo de contágio do coronavírus da China e seus efeitos no crescimento da economia chinesas e global. Nesta terça (28), a Bolsa do Japão caiu menos do que na véspera: tombo de 0,55%, ante 2,03% na segunda. A Bolsa da Coreia do Sul teve queda maior, de 3,09%, mas foi o primeiro pregão na volta do feriado.

A Bolsa da China permanecem fechada por conta do feriado, e volta na segunda (3). Hong Kong, volta nesta quarta (29).

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Na Europa, os mercados operam estáveis com viés de alta, mas a cautela segue no radar. Pelas 7h40, o índice do mercado acionário alemão recuava 0,06%, na Bélgica, subia 0,19%, na Espanha (0,38%), França (0,14%), Portugal (1%) e Reino Unido (0,18%).

Os futuros dos índices das Bolsas americanas registravam valorização. O futuro do Dow Jones subia 0,30% e do S&P 500, alta de 0,31%.

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O Ibovespa, referência da B3 (Bolsa de Valores brasileira), encerrou nesta segunda (27) com queda de 3,29%, o maior tombo em 10 meses, puxado pelas ações de empresas de “commodities”, dependentes das vendas para a China e dos preços das matérias-primas no mercado internacional, que vinham caindo com receio de queda da demanda por conta do surto chinês.

JP Morgan vê oportunidade de compras

O momento pode ser de turbulência, mas os especialistas do JP Morgan Chase dizem que a volatilidade pode representar uma oportunidade de compra.

Embora a onda vendedora de ações possa continuar antes que a situação melhore, no passado, esses grandes surtos apenas levaram apenas desvalorização das ações no curto prazo e de impacto reduzido. No passado, quanto mais as ações caíam pressionadas por receios semelhantes, mais recuperavam posteriormente.

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“Receios sobre saúde, semelhantes às campanhas de guerra localizadas, bem como incidentes terroristas, foram historicamente oportunidades de compra, e não razões para vendas sustentadas”, escreveram os especialistas do JP Morgan, Mislav Matejka, Prabhav Bhadani e Nitya Saldanha.

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As ações de empresas de “commodities” (matérias-primas), viagens e luxo foram especialmente afetadas, devido à queda dos preços dos metais, minério de ferro e petróleo e à decisão da China de suspender as vendas de pacotes turísticos na tentativa de conter o surto, além de estender o feriado por mais três dias, com impacto na produção, serviços e comércio.

Os especialistas do JP Morgan analisaram a reação do mercado acionista às pandemias passadas, incluindo a SARS, em 2003, e os surtos da gripe suína, em 2009. Segundo o time, estes episódios não levaram a períodos prolongados de venda de ações e se tornaram oportunidades de compra em questão “de semanas”.

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Os índices subiram 23% em média nos três meses após o pico de queda devido aos receios de saúde pública.

Petróleo cai pelo 6º pregão

Apesar da melhora do humor, o petróleo segue em queda pela sexta sessão seguida, embora a perda seja menor do que nos dias anteriores. Nesta segunda, o petróleo Brent, referência para a Petrobras, fechou com queda de 2,25%, tendo chegado a recuar mais de 3%. Fechou abaixo da barreira dos US$ 60 por barril.

Pelas 8h, o petróleo Brent era negociado com queda de 0,90%.

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Os metais recuavam em Londres (ouro, porém, subia ligeiramente (0,12%)), e o minério de ferro estende baixa em Singapura após perder mais de 6% ontem.

Mortes sobem a 106 e China restringe mais viagens

A China anunciou nesta segunda (27) à noite de que as mortes provocadas pelo coronavírus subiram de 82 para 106. O número de pessoas infectadas na China subiu a 4.515 e agora são 16 os países com casos da doença, além da China. Foi anunciado o primeiro caso na Alemanha nesta segunda. O total de pessoas em observação atinge expressivos 30.450.

Nesta terça (28), a China decidiu restringir viagens a Hong Kong, em mais uma medida para tentar conter o contágio do coronavírus.

Nesta segunda (27), a China havia suspendido viagens internacionais e de ônibus para tentar conter o vírus durante o feriado de Ano-Novo Lunar, que foi estendido por mais três dias até domingo (2). Os chineses já voltariam ao trabalho nesta sexta (31), o que deve afetar comércio, indústria e serviços, com risco de impactar a economia mundial.

Com o mesmo intuito, gigantes corporativas chinesas, incluindo o Alibaba Group Holding e a Tencent Holdings, disseram ter pedido a suas equipes que trabalhem de casa por uma semana após o término do feriado do Ano Novo Lunar, previsto para esta quinta (30).

A OMS (Organização Mundial da Saúde) anunciou nesta segunda (27) que cometeu um erro e passou a classificar como “elevado” o risco internacional de contágio do novo coronavírus.

Presidente do BC fala nesta terça

No radar do mercado financeiro, além do comportamento dos ativos no exterior, está a fala do presidente Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, programada para as 10h, em evento organizado pelo Credit Suisse, em São Paulo.

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A recente escalada do surto chinês e possível impacto na retomada do crescimento da economia brasileira fizeran o mercado aumentar as apostas em um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, no encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira (5) que vem, para 4,25% ao ano. Agora, 80% do mercado prevê que o ciclo de baixas vai continuar.

Na semana passada, declarações de Campos Neto sinalizaram que a autoridade pode não parar os cortes, como havia sinalizado na reunião de dezembro.

A aposta em mais um corte também ajudou a puxar o dólar, que está em R$ 4,21, uma vez que um corte nos juros aqui sem que o Fed (banco central dos EUA) acompanhe a trajetória, aumenta ainda mais o diferencial de juros brasileiro e americano, reduzindo o apetite pelo chamado “carry trade”. Os investidores preferem deixar seu capital investido em títulos americanos ou em outros emergentes, que paguem um retorno maior, vez de investirem no Brasil.

Com expectativa de menos dólares entrando, o mercado “corre” para comprar a moeda americana, puxando a sua cotação.

Começou nesta terça a reunião de dois dias do Fed para decidir o rumo dos juros por lá, que devem ficar estáveis.

*Com agências

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