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Preço do petróleo fecha com alta de 14,6%, a maior em quase 30 anos

Disparada se deve aos ataques com drones a instalações petrolíferas na Arábia Saudita, que forçaram o país a cortar pela metade a sua produção, o equivalente a 6% da oferta mundial

Bárbara Leite

Publicado

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Possível conflito armado entre EUA e Irã também trouxeram tensão ao mercado-Foto: Reprodução

O preço do petróleo Brent (negociado na Bolsa de Londres e referência mundial) fechou nesta segunda-feira (16) com alta de 14,6%, o maior ganho percentual diário em quase 30 anos, depois que ataques com drones a uma refinaria e um campo petrolífera da Saudi Aramco no sábado (14), forçaram a Arábia Saudita a reduzir sua produção pela metade, afetando 6% da oferta de petróleo mundial.

O petróleo Brent, referência global fora dos EUA e cotado em Londres, fechou em US$ 69,02, um salto de US$ 8,80, ou quase 14,6%, depois de chegando à máxima de US$ 74,83 no início da sessão, um ganho de 19,5%.

Já o petróleo WTI, negociado em Nova York, subiu para US$ 62,90, uma disparada de US$ 8,05 ou 14,8%. Desde o início das negociações de segunda-feira na Ásia, o WTI atingiu a máxima de US$ 63,47, um ganho intradiário de 15%.

Esses foram as maiores valorizações intradiárias desde a Guerra do Golfo de 1991, depois que os EUA entraram em guerra com o Iraque para libertar o Kuwait da invasão de Saddam Hussein.

“O impacto e o próximo curso de ação dependerão da duração da interrupção”, disse Vima Jayabalan, diretor de pesquisa da consultoria de energia Wood Mackenzie.

A Saudi Aramco disse que pretende restaurar cerca de um terço de sua produção de petróleo bruto, ou 2 milhões de barris até segunda-feira. No entanto, a Bloomberg News informou que pode demorar semanas até que a Aramco restaure a maioria de sua produção em Abqaiq.

Mackenzie acrescentou que a “Arábia Saudita tem reservas suficientes para cobrir o déficit na próxima semana, mas se a interrupção se estender, preencher a lacuna com o tipo certo de qualidade do petróleo pode ser um desafio”.

Os EUA já se ofereceram para liberar suas reservas estratégicas de petróleo para manter o mercado “bem abastecido”, segundo declarou o presidente dos EUA, Donald Trump. Mas, dependendo da demora da recuperação, o preço do produto pode sofrer um impacto maior.

Neste domingo (15), o executivo-chefe da Onyx Commodities, Greg Newman, ouvido pela agência Reuters, falou que o preço do barril poderia “retornar a US$ 100, caso não haja uma solução para o problema no curto prazo”.

Os rebeldes houthis do Iêmen, ligados ao Irã, assumiram a responsabilidade pelo ataque com dez drones às instalações petrolíferas, um dos maiores ataques já realizados à Arábia Saudita, que é o maior exportador de petróleo do mundo.

Conflito armado entre EUA e Irã: pressão maior nos preços

Além de grandes interrupções no fornecimento, os ataques também aumentaram as preocupações dos investidores com a situação geopolítica na região e o agravamento das relações entre o Irã e os EUA, com potencial para puxar mais as cotações do petróleo.

A Arábia Saudita é o principal aliado árabe de Trump, e apoiou sua política de “máxima pressão” contra os iranianos para obrigá-los a renegociar o acordo nuclear de 2015 e reduzir sua influência no Oriente Médio.

No domingo (15), Trump disse estar preparado para responder ao ataque à Arábia Saudita. Na tarde desta segunda (16), porém, seu tom esfriou, afirmando que não tem pressa para entrar em guerra com o Irã.

Impacto no bolso do brasileiro

Cálculos de Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), dão conta que com o petróleo no patamar de US$ 70, o valor que praticamente fechou nesta segunda-feira, a gasolina e o diesel poderiam ter um aumento entre 8% e 10% em seus preços.

Além da cotação internacional do petróleo, o preço dos combustíveis ainda é influenciado pela variação do dólar. Nesta segunda, a moeda americana ante o real fechou em alta de 0,06 % para R$ 4,09.

A Petrobras define os preços da gasolina e do diesel nas refinarias. As distribuidoras podem repassar ou não os reajustes feitos pela estatal para os preços aos consumidores.

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