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Petróleo despenca, anula disparada e tira pressão sobre gasolina e diesel no país

Cotações do mercado internacional recuam para valores menores à recente alta com as tensões EUA e Irã, e põem fim ao receio de reajuste nos preços dos combustíveis no Brasil

Bárbara Leite

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Cotações do petróleo Brent, referência para a Petrobras, chegaram aos US$ 71 durante o pregão com medo de uma guerra-Foto: Reprodução

As cotações do petróleo despencaram nesta quarta-feira (8), e já mais que anularam a disparada dos últimos dias. Isso tira a pressão da Petrobras de reajustar os preços da gasolina e do diesel nas refinarias brasileiras por conta das altas dos preços da “commodity” (matéria-prima) no mercado internacional. A petrolífera já havia informado que ia esperar um dias para decidir sobre os preços nas refinarias após recente alta forte da cotação do petróleo.

Após a disparada, o governo anunciou que está avaliando medidas para evitar que as altas do petróleo e do dólar impactem o bolso do consumidor, e a inflação. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, revelou que pretende apresentar até ao início de março um mecanismo, um fundo de compensação, para amortecer a disparada do petróleo.

O tombo no petróleo foi uma reação positiva do mercado ao pronunciamento do presidente dos EUA, Donald Trump sobre o ataque do Irã.

Leia também: Petrobras: reajuste da gasolina e do diesel será decidido ‘oportunamente’

Nesta quarta (8), o petróleo Brent, negociado em Londres e serve de referência para a Petrobras, fechou em baixa de 4,14%, a US$ 65,44 por barril, depois de ter chegado aos US$ 71,28, no início da negociação, o maior valor desde setembro, logo após a divulgação de que o Irã havia atacado duas bases militares dos EUA no Iraque, elevando o temor de um conflito armado entre os países.

Nesta quinta (9), a cotação tem ligeira alta. Pelas 7h30, o petróleo subia 0,21% para US$ 65,58.

Apesar da valorização desta quinta, a cotação do petróleo ainda está em níveis menores do que os negociados antes da recente disparada, que começou na sexta (3), após a morte do general iraniano Qassem Soleimani, em um ataque a um aeroporto em Bagdá, capital do Iraque, ordenado pelo presidente dos EUA.

Na quinta-feira (2) passada, o petróleo fechou em US$ 66,25 o barril; no dia seguinte, com temor de um conflito armado no Oriente Médio e seu impacto na produção de petróleo com Soleimani, disparou para US$ 68,60. Na segunda (6), a cotação subiu mais e foi aos US$ 68,91. Na terça, já começou a cair, e recuou para US$ 68,27, mas ainda acima dos valores anteriores à sexta (3).

O Irã é o 10º maior produtor de petróleo do mundo e mais do que isso é um dos países que controlam o Estreito de Ormuz, a passagem que liga o Golfo Pérsico ao oceano, por onde é escoado cerca de um quinto da produção global da “commodity” (matéria-prima). O Iraque, por sua vez, é o segundo maior produto do insumo.

A consultoria Eurasia indicou que o preço do barril poderia saltar para US$ 80 com o agravamento das tensões entre EUA e Irã.

O discurso de Trump desta quarta arrefeceu os ânimos, sinalizando que não pretende avançar com um conflito armado com o Irã, depois de ter indicado que tinha 52 alvos iranianos na mira no sábado (4) passado. Falou que quer paz, que os dois países têm um inimigo em comum e que vai avaliar novas sanções ao país, mas na área econômica. O presidente dos EUA afirmou ainda que o Irã parece não querer mais um acirramento das tensões.

Leia também: Queremos paz’ e ‘avaliamos novas sanções ao Irã’, diz Trump; fala agrada mercado

“A situação no Irã continua fluida, mas, baseado no que sabemos hoje, um cenário de interrupção real da oferta de petróleo parece improvável”, disseram analistas da Raymond James, em nota.

Autoridades da Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo) disseram que o cartel ainda não está discutindo nenhuma ação em resposta às tensões no Oriente Médio e acredita que uma interrupção da oferta é improvável.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, também ajudou a acalmar os mercados ao escrever, no seu perfil do Twitter, que o país “não busca uma escalada ou iniciar uma guerra, mas nos defenderemos de qualquer agressão”.

*Com Reuters

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