O dólar fechou em alta de 0,32% nos R$ 4,026 na primeira sessão de 2020, puxado pelos dados da balança comercial brasileira de 2019, que teve o superávit mais baixo dos últimos quatro anos, por conta da queda nas exportações, e da saída de capital estrangeiro.
Os números sinalizam menor fluxo de dólares ao país, o que tende a puxar a moeda americana.
Em 2019, a moeda americana bateu recorde e chegou aos R$ 4,26, mas acabou fechando com alta de apenas 3,5%.
Nesta quinta (2), o pregão na Bolsa foi de otimismo com a expectativa de assinatura da primeira fase do acordo comercial entre EUA e China no próximo dia 15 e dados positivos da venda de carros no ano passado, o que deixou a divisa estável pela manhã. À tarde, a trajetória virou e o dólar passou a subir.
De acordo com o Ministério da Economia, a balança comercial brasileira fechou 2019 com superávit de US$ 46,674 bilhões, um recuo de 20,5% pela média diária sobre 2018, num ano marcado por arrefecimento no comércio global pelas tensões entre EUA e China, crise na Argentina e menor crescimento doméstico que o inicialmente projetado.
De acordo com o secretário do Comércio Exterior, Lucas Ferraz, a peste suína africana, que dizimou milhões de porcos na China, também prejudicou as exportações brasileiras, por ter reduzido as vendas de soja. Por outro lado, a doença ajudou a vender mais carne para a China, e tem pressionado os preços no Brasil.
Para 2020, as expectativas é de um cenário externo mais fraco e um aquecimento da economia interna. “É natural que a gente espere um crescimento maior das importações do que das exportações”, acrescentou o secretário. As projeções para 2020 só serão divulgadas em abril.
Também penalizou o humor os dados divulgados pela B3, a Bolsa brasileira, de que em dezembro até 27, o fluxo cambial ao Brasil ficou negativo em mais de US$ 16 bilhões, o que coloca o país a caminho de uma saída recorde de moeda estrangeira no mês e virtualmente garante a 2019 o título de ano com maior debandada de dólares já registrada, com saída líquida de mais de US$ 43 bilhões.
No acumulado de 2019 até dia 27 de dezembro, o fluxo cambial mostrou déficit de US$ 43,253 bilhões, de longe superando o pior resultado anual até então: saída de US$ 16,182 bilhões em 1999.
Vários motivos explicam a saída de dólares do país no ano passado, como a frustração com os leilões do petróleo, a queda dos juros no Brasil em amplitude maior do que nos EUA que “afugentaram” os especuladores, diminuindo a atração pelo chamado “carry trade”, o fato dos investidores estrangeiros estarem comprados no mercado futuro de dólar (que se beneficiam com a alta da divisa americana) e os protestos na América Latina.
O mercado espera um maior fluxo neste ano diante de uma retomada mais forte da economia brasileira, mais privatizações e ofertas de ações que tendem a atrair o investidor estrangeiro.
*Com Reuters