O mercado financeiro ficou preocupado com a declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, em Washington, de não ser possível se assustar com a ideia de alguém pedir o AI-5 diante de uma eventual radicalização dos protestos no Brasil.
“Não gostei da entrevista. Estou preocupado”, disse um analista de mercado, que preferiu não ser identificado.
Para outro, o ministro “acabou exagerando na dose (…) ao remoer a infeliz declaração de Eduardo Bolsonaro sobre o AI-5”.
A fala de Guedes ocorreu ao afirmar que condenava os discursos do ex-presidente Lula da Silva, que falou em polarizar o país ao deixar a prisão. Guedes classificou Lula como “irresponsável” e vê o petista chamando “todo mundo para quebrar a rua”.
“É irresponsável chamar alguém pra rua agora pra fazer quebradeira. Quando o outro lado ganha, com dez meses você já chama todo o mundo para quebrar a rua? Que responsabilidade é essa? Não se assustem então se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente?”, disse Guedes, na coletiva de imprensa realizada na embaixada brasileira em Washington (EUA) na noite desta segunda (25).
Ao mencionar o Ato Institucional Nº5, instrumento da ditadura militar editado em 1968 que fechou o Congresso e cassou as liberdades individuais, Guedes faz referência à afirmação de Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do presidente Jair Bolsonaro.
No fim do mês passado, Eduardo afirmou que poderia haver a necessidade de reeditar o AI-5 caso a esquerda radicalizasse.
O ministro participou nesta segunda (25) do Fórum de Altos Executivos Brasil-EUA, com a presença do secretário de Comércio americano, Wilbur Ross, e vinte empresários, dez de cada país. Pelo Brasil, estavam, entre outros, representantes da Natura, da Embraer, da Votorantim e Gerdau.
*Com Folha.com