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Dólar despenca a R$ 4,058 com exterior; Ibovespa vira após Bolsonaro falar sobre CPMF

Bom humor externo com acordo comercial parcial entre EUA e China e dados econômicos melhores do país asiático levaram ao tombo de 5 centavos na moeda americana e ao índice de ações a bater recorde intradiário; no fim, declaração do presidente sobre possível volta do imposto derrubou as ações dos bancos; porta-voz da Presidência negou qualquer decisão

Bárbara Leite

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Risco-país caiu para o menor patamar em 9 anos e atingiu os 98 pontos nesta segunda (16)–Foto: Pixabay

O dólar despencou para R$ 4,058 nesta segunda-feira (16) em um pregão dominado pelo bom humor com o acordo comercial parcial firmado entre EUA e China e dados econômicos melhores do país asiático. O Ibovespa, índice de referência da Bolsa brasileira, que chegou a bater um novo recorde intradiário, virou no fim após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que “todas as alternativas estão sobre a mesa” sobre a possibilidade da volta da CPMF.

No fechamento, a moeda americana ficou nos R$ 4,058, um tombo de 1,23%, o equivalente a uma baixa de 5 centavos ante a última sexta (13). Foi a maior queda desde 22 de outubro (-1,33%), atingindo o patamar mais baixo desde 5 de novembro.

Já o Ibovespa terminou em 111.896 pontos, com recuou de 0,59%, penalizado por ações de bancos. Mais cedo, o indicador alcançou um novo patamar máximo intradiário da história, nos 113.196 pontos.

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“O bom humor externo fez a Bolsa bater a nova máxima intradiária e o dólar ir à mínima de R$ 4,06. O mercado digeriu o acordo comercial e os números que saíram melhores da China. O Itaú que reviu a alta do PIB para 1,2% este ano também contribuiu e fez o risco-país cair a 98 pontos”, disse Pablo Syper, diretor da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara.

O giro financeiro da B3 nesta segunda foi reforçado pelo vencimento de opções sobre ações. Na quarta-feira (18), será a vez do vencimento de opções sobre o Ibovespa.

EUA-China e dados chineses

Na sexta, o acordo comercial parcial EUA-China menos abrangente que o esperado fez o dólar ante o real fechar em alta. Nesta segunda, lá fora após declarações de autoridades dos dois países neste fim de semana, o mercado voltou a ficar animado com o pacto “fase 1” entre as duas nações.

Neste domingo (15), o representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, disse que o acordo vai quase dobrar as exportações dos EUA para a China ao longo dos próximos dois anos e já está totalmente concluído apesar da necessidade de traduções e revisões do seu texto.

Neste domingo (15), o representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, disse que o acordo vai quase dobrar as exportações dos EUA para a China ao longo dos próximos dois anos e já está totalmente concluído apesar da necessidade de traduções e revisões do seu texto.

Embora muitos detalhes ainda sejam desconhecidos, a “fase 1” do acordo comercial cancelou a imposição de novas tarifas neste domingo e prevê a redução de taxas sobre US$ 120 bilhões em produtos chineses de 25% para 7,5%.

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Também animaram os dados da China, divulgados no domingo (15) à noite, de que a sua produção industrial cresceu 6,2% em novembro ante 4,7% em outubro e os 5 % previstos e que as vendas de varejo subiram 8% batendo a estimativa de 7,6% e o dado do mês anterior (7,2%).

Risco-país brasileiro vai ao menor patamar desde 2010

O risco-país do Brasil medido pelo CDS (Credit Default Swap) de cinco anos foi ao menor nível em nove anos nesta segunda-feira (16). Depois de nove quedas consecutivas, o índice recuou mais 3% e caiu a 98 pontos, patamar mais baixo desde novembro de 2010.

O CDS funciona como um termômetro informal da confiança dos investidores em relação a economias, especialmente as emergentes. Se o indicador sobe, é um sinal de que os investidores temem o futuro financeiro do país, se ele cai, o recado é o inverso: sinaliza aumento da confiança em relação à capacidade do país saldar suas dívidas.

Itaú Unibanco revisa projeções para o PIB

Os economistas do Itaú Unibanco divulgaram um novo relatório revisando para cima as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas em um país) do Brasil para 2019, de 1 % para 1,2%. Para 2020, a expectativa foi mantida em 2,2%. Já para 2021, o banco vê que o “crescimento deve acelerar para 3,0%”.

Fala sobre CPMF derruba ações de bancos; porta-voz nega decisão

O mau humor chegou no fim do pregão após a fala do presidente Jair Bolsonaro sobre a possível volta de um imposto sobre transações financeiras, aos moldes da antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). “Todas as alternativas estão na mesa”, disse Bolsonaro a jornalistas, após reunião com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas.

“Nós não queremos criar nenhum novo tributo, a não ser que seja para extinguir outros. E assim mesmo, colocado junto à sociedade, para ver qual a reação da sociedade, a gente vai levar avante essa proposta ou não”, acrescentou o presidente.

Mais tarde nesta segunda, o porta-voz da Presidência, general Otávio do Rêgo Barros, afirmou que a decisão da possível volta do imposto não está na alçada do presidente.

“Não obstante essas questões que são muito técnicas –e aí eu incluo a antiga CPMF ou coisa que o valha– ainda não está no escantilhão do próprio presidente e eventualmente pode estar sendo analisado pelo Ministério da Economia, mas nós não temos dados nem referência mais objetiva para afiançarmos se isso vai adiante ou não”, completou.

Leia também: Guedes ‘troca’ nova CPMF por tributação de dividendos

Em setembro deste ano, o ex-secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, foi exonerado por uma sequência de desentendimentos, inclusive com Bolsonaro, que envolvia a defesa do retorno de um imposto nos moldes da antiga CPMF.

Paulo Guedes vinha defendendo a criação do imposto sobre pagamentos financeiros, que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) já afirmou que não passa na Casa, para desonerar a folha de pagamento das empresas. Com a negativa do presidente, a equipe econômica equacionava aplicar uma taxa de 20% sobre os dividendos.

A declaração de Bolsonaro derrubou as ações de bancos. As ações do Itaú (ITUB4), que fecharam em queda de 2,28%, foram as que mais contribuíram para a baixa do índice. As ações do Bradesco (BBDC4), que recuaram 1,75% e as do Banco do Brasil (BBAS3), com recuo de 1,36%, também estão no top 5 dos papéis que mais levaram à queda do Ibovespa nesta segunda (16).

Ata do Copom

A atenção estará voltada nesta terça (17) para a divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC para ver alguma sinalização sobre o futuro da taxa básica básica de juros, que caiu a 4,50% ao ano na última quarta (11).

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