O dólar comercial fechou o pregão desta quinta-feira (30) no maior valor nominal desde o Plano Real, em 1994, nos R$ 4,259, puxado pelo receio do impacto do coronavírus no crescimento econômico, e o Banco Central (BC) anunciou a retomada das vendas de recursos das reservas internacionais para tentar conter a alta da divisa americana.
O dólar encerrou a sessão em alta de 0,95%, R$ a 4,259, nova máxima histórica, deixando para trás o recorde anterior de R$ 4,2586 do dia 27 de novembro de 2019. Mais cedo, a moeda chegou a ultrapassar os R$ 4,27.
A pressão sobre a moeda americana é fruto de uma combinação de vários fatores, além do atual foco de tensão, o coronavírus e seus impactos no crescimento da economia chinesa e nos países emergentes, como o Brasil, que tem a China como maior parceiro comercial e depende das vendas de “commodities”, que estão com queda nos preços.
Também pressiona o dólar a expectativa de queda da taxa básica de juros, a Selic, que está em 4,5% ao ano, e o mercado prevê que ela recue para 4,25%, o que eleva o diferencial de juros para os EUA, e torna menos atrativo para o investidor migrar seu capital para o país.
Com projeção de que vai entrar menos dólares no país, o mercado “corre” para comprar a moeda, o que puxa a sua cotação.
Também os números piores de fluxo de capital para o país e sinais de retomada mais lenta da economia brasileira pesam na divisa, “afastam” o investidor, e enfraquecem o real.
Leilão de US$ 3 bilhões
Após a disparada desta quinta, que também serviu para o mercado testar a “tolerância do BC” ao valor da moeda, o BC anunciou que vai fazer nesta sexta (31) um leilão extraordinário de US$ 3 bilhões com compromisso de recompra.
Chamado de leilão de linha, esse tipo de venda caracteriza-se pelo caráter temporário. Os dólares vendidos são recomprados pelo Banco Central depois de alguns meses, retornando para as reservas internacionais.
A última vez em que o BC tinha feito um leilão de linha tinha sido em 18 de dezembro, quando a autoridade monetária vendeu US$ 600 milhões com compromisso de recompra.
O BC atua para injetar liquidez e assim tirar alguma pressão sobre a moeda americana, que em patamares altos por muito tempo por “contaminar” a inflação.
*Com agências