A mistura mínima obrigatória de biodiesel no óleo diesel vai subir dos atuais 10% para 11% a partir do domingo que vem, dia 1º de setembro, podendo deixar o combustível vendido na bomba mais caro.
A alta pode ocorrer porque as distribuidoras de combustíveis estão pagando mais pelo biodiesel. Elas compram o produto para misturar ao óleo diesel, em leilões, a cada dois meses. No penúltimo leilão, em 10 de junho, o preço médio do litro de biodiesel saiu a R$ 2,329, enquanto na última licitação da ANP (Agência Nacional do Petróleo), em 19 de agosto, o biodiesel foi vendido, em média, a R$ 2,857, uma alta de 22,6%.
Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), uma empresa pública ligada ao Ministério de Minas e Energia, não é possível, porém, estimar um eventual aumento do preço ao consumidor, a partir da elevação do percentual de mistura obrigatória para 11%, já que o preço na bomba é definido por vários fatores.
“O preço do diesel é composto por diversos itens, dentre eles a margem da Petrobras, o custo do biodiesel, a margem de distribuição e revenda e os impostos (ICMS, Cide, PIS/Pasep e Cofins), que podem se alterar ao longo do tempo”, diz.
De acordo com a EPE, o preço do diesel, por exemplo, poderá cair nas refinarias, seguindo a variação das cotações do petróleo no mercado internacional. Essa queda poderia compensar um aumento do preço via teor mais elevado do biodiesel.
Além disso, diz, o preço de venda do biodiesel nos leilões variou de região para região. Nesse caso, numa região que obteve um preço mais baixo, o novo teor não impactaria no preço.
A entidade lembra ainda que “as margens das distribuidoras e revendedoras são baseadas nas estratégias de participação de mercado de cada distribuidor e revendedor de combustíveis e podem ser alteradas de acordo com os objetivos almejados por cada agente”. Ou seja, para ficar mais competitivo um posto pode decidir não repassar aos preços ao consumidor um possível aumento que teve no custo do biodiesel.
A mistura do biodiesel ao diesel vai continuar subindo a cada ano. O cronograma da ANP prevê que a mistura aumente em um 1 ponto percentual por ano até o limite máximo de 15% até 2023.
O preço alto do diesel foi uma das razões que motivou, em maio do ano passado, a greve dos caminhoneiros, que deixou o país parado por dez dias e afetou o crescimento econômico da economia.