O dólar reagia nesta quinta-feira (28) positivamente à atuação do Banco Central (BC), apesar da piora das tensões entre EUA e China, após o presidente Donald Trump ter assinado um projeto de lei em apoio aos manifestantes pró-democracia em Hong Kong, o que irritou os chineses, que já ameaçaram retaliar.
Pelas 12h15, a moeda americana era negociada em R$ 4,251, com queda de 0,18% ante o pregão anterior, quando a divisa emendou o terceiro recorde consecutivo nos R$ 4,259.
Na manhã desta quinta, o BC despejou US$ 1 bilhão no mercado, para dar liquidez aos agentes, e assim, pressionar menos a moeda, já que o feriado de Dia de Ação de Graças nos EUA, deixa as Bolsas fechadas por lá e tira capital do mercado brasileiro.
Pela primeira vez, desde que começou a fazer leilões de venda de dólares à vista, quando usa parte das reservas, sem compromisso de recompra, a autoridade anunciou a operação e o montante envolvido.
Trata-se da quarta intervenção desde que o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou, na segunda-feira (25) à noite que estava confortável com o dólar alto e sugeriu que a moeda deve continuar nesses patamares por “um bom tempo”, com dois leilões não programados no dia seguinte e um na quarta.
As atuações do BC, porém, não haviam sido suficientes para impedir que o dólar batesse recorde; foram três nos últimos três pregões: segunda (R$ 4,215), terça (R$ 4,24) e quarta (R$ 4,259).
Além do “efeito Paulo Guedes”, a valorização do dólar é explicada pela falta de fluxo de capital do exterior e pela piora das exportações brasileiras, afetadas pela guerra comercial e pela crise na Argentina.
Acordo comercial ‘azeda’
A queda da moeda americana ante o real se dá apesar da primeira fase do esperado acordo comercial entre EUA e China para pôr fim a uma parte da guerra de tarifas entre as duas potências poder estar comprometida depois que o presidente americano, Donald Trump, assinou o projeto de lei que apoia os manifestantes pró-democracia em Hong Kong, e a China já avisou que vai retaliar.
De acordo com a agência Reuters, o texto determina que o Departamento de Estado americano se certifique anualmente de que Hong Kong mantém autonomia suficiente que justifique o comércio com os EUA.
Mais cedo, o Ministério das Relações Exteriores em Pequim emitiu uma nota informando que a decisão de Trump “é pura interferência nos assuntos internos da China. A lei trata Hong Kong com intimidação e ameaças”.
Segundo o editor-chefe do Global Times, a China estuda colocar legisladores americanos em lista de entrada proibida, como uma das retaliações a Trump.
O Escritório de Assuntos de Hong Kong e Macau, que lida com as duas regiões especiais chinesas, divulgou nota afirmando que o ato do governo Donald Trump é “cheio de preconceito e arrogância”, e que “fatos provam que os EUA é a maior ‘mão negra´ por trás da interferência em Hong Kong”.