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Quatro anos após Lava Jato, Odebrecht faz maior pedido de recuperação judicial do país

Empreiteira, que acumulou dívidas de R$ 98,5 bilhões, teve executivos presos e linhas de crédito negadas

Bárbara Leite

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Sede da empreiteira Odebrecht (Foto: Agência Brasil)

Odebrecht, um dos maiores conglomerados empresariais do país, formalizou nesta segunda-feira (17) na Justiça de São Paulo um pedido de recuperação judicial, em meio a dívidas de R$ 98,5 bilhões e quatro anos após se torna alvo da Lava Jato na 14ª fase da operação, sob acusações de integrar um esquema de corrupção envolvendo fraudes e licitações da Petrobras.

No processo, que ficará a cargo do juiz João de Oliveira Rodrigues Filho, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, a empreiteira informou que possui R$ 51 bilhões de dívidas passíveis de reestruturação. Outros R$ 14,5 bilhões são compostos sobretudo por dívidas lastreadas em ações da Braskem e não passíveis de reestruturação. E R$ 33 bilhões em dívidas para empresas do grupo.

Os R$ 98,5 bilhões fazem deste processo o maior da história no Brasil, superando o da operadora de telecomunicações Oi, que indicou débitos no valor de R$ 64 bilhões.

 O pedido de recuperação judicial expõe o fracasso das conversas da Odebrecht com seus maiores credores financeiros. Na semana passada, o presidente-executivo do Bradesco, Octavio de Lazari, disse que os grandes bancos do país negociavam uma recuperação extrajudicial da Odebrecht, processo negociado que em geral descarta reestruturação de dívidas, usando em vez disso um alongamento. Foi este o caminho usado por uma das unidades do grupo a Ocyan.

Um dos ativos mais valiosos do grupo, a Braskem, vinha tendo o controle negociado pela Odebrecht para a LyondellBasell, mas as conversas para a venda foram encerradas no começo deste mês, segundo a agência Reuters. Segundo o documento apresentado à Justiça, a Braskem respondia por 79,4% da receita bruta do conglomerado em 2018.

Java Jato

Atingida pela 14ª fase da operação Lava Jato, em julho de 2015, que desvendou um multibilionário de esquema de corrupção envolvendo sobretudo contratos com a Petrobras, a empresa criada em 1944 teve presos vários de seus principais executivos e linhas de financiamento interditadas para uma dívida que chegou a R$ 110 bilhões.

Preso, o então presidente da empresa Marcelo Odebrecht foi um dos que assinaram acordo de delação premiada, além de Emilio Odebrecht, filho do fundador.

Desde então, a empresa busca reerguer sua imagem e credibilidade. Após o fechamento de acordos de leniência em 2016, chegou a publicar uma carta de “desculpas” pelos erros, e desde então afirma que vem investindo no aprimoramento de práticas de governança. Em 2018, mudou quase toda a composição do seu conselho de administração. Neste ano, adotou um novo nome, OEC – iniciais de “Odebrecht Engenharia e Construção”.

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