A Petrobras decidiu segurar o preço da gasolina, do diesel e dos demais derivados de petróleo até o preço do petróleo se acomodar no mercado internacional, segundo o blog de João Borges, no G1.
Nesta segunda-feira (16), o preço do petróleo disparou 14,6%, o maior ganho percentual diário em quase 30 anos, depois que ataques com dez drones a uma refinaria e um campo petrolífera da Saudi Aramco no sábado (14), forçaram a Arábia Saudita a reduzir sua produção pela metade, afetando 6% da oferta de petróleo mundial.
A decisão da Petrobras é aguardar até que se tenha informações mais seguras sobre quanto tempo será necessário para normalizar a produção, diz a publicação.
A infomação segue em linha ao que o presidente Bolsonaro falou em entrevista ao “Jornal da Record” de que a disparada no petróleo não seria repassada aos preços dos combustíveis no Brasil.
Cálculos de Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), dão conta que com o petróleo no patamar de US$ 70, o valor que praticamente fechou nesta segunda-feira, a gasolina e o diesel poderiam ter um aumento entre 8% e 10% em seus preços nas refinarias.
A Petrobras define os preços da gasolina e do diesel nas refinarias. As distribuidoras podem repassar ou não os reajustes feitos pela estatal para os preços aos consumidores na bomba.
Além da cotação internacional do petróleo, o preço dos combustíveis ainda é influenciado pela variação do dólar. Nesta segunda, a moeda americana ante o real fechou em alta de 0,06 % para R$ 4,09.
A expectativa é que os preços continuem voláteis nos próximos dias.
Segundo o blog, a Petrobras vai segurar os preços sem que isso afete a rentabilidade. A empresa faz o chamado “hedge” ( proteção contra a variação de preços) para evitar que se repasse ao consumidor a variação toda vez que também houver variação das cotações no mercado internacional.
A Saudi Aramco disse que pretende restaurar cerca de um terço de sua produção de petróleo bruto, ou 2 milhões de barris até segunda-feira. No entanto, a Bloomberg News informou que pode demorar semanas até que a Aramco restaure a maioria de sua produção em Abqaiq.
Mackenzie acrescentou que a “Arábia Saudita tem reservas suficientes para cobrir o déficit na próxima semana, mas se a interrupção se estender, preencher a lacuna com o tipo certo de qualidade do petróleo pode ser um desafio”.
Os EUA já se ofereceram para liberar suas reservas estratégicas de petróleo para manter o mercado “bem abastecido”, segundo declarou o presidente dos EUA, Donald Trump. Mas, dependendo da demora da recuperação, o preço do produto pode sofrer um impacto maior.
Barril a US$ 100?
Neste domingo (15), o executivo-chefe da Onyx Commodities, Greg Newman, ouvido pela agência Reuters, falou que o preço do barril poderia “retornar a US$ 100, caso não haja uma solução para o problema no curto prazo”.
Fora isso, há ainda o aumento da tensão entre EUA e Irã, que pode culminar em um conflito armado, com potencial para puxar mais os preços do petróleo. Os rebeldes houthis do Iêmen, ligados ao Irã, assumiram a responsabilidade pelo ataque.
No domingo (15), Trump disse estar preparado para responder ao ataque à Arábia Saudita. Na tarde desta segunda (16), porém, seu tom esfriou, afirmando que não tem pressa para entrar em guerra com o Irã.
*Com agências