Um mistério está mexendo com a B3, Bolsa brasileira, neste fim de ano: as ações ordinárias da até então desconhecida Eucatex (EUCA3; EUCA4) dispararam 1.331,6% nos últimos cinco pregões, e ninguém da companhia sabe explicar a alta. A empresa, que pertence à família Maluf, emitiu, nesta quinta-feira (19), um comunicado para se pronunciar sobre o salto exponencial, e até pediu à B3 ajuda para entender a razão por trás das oscilações do papel.
No passada quinta-feira (12), a ação ordinária da Eucatex (EUCA3) custava R$ 9,36; uma semana depois, nesta quinta (19), em cinco pregões, o papel fechou nos R$ 134, um salto de 1.331,6%. Apenas na sessão desta quinta, a disparada foi de 76,32%. Na véspera, o papel havia fechado cotado nos R$ 76.
A ação preferencial (EUCA4) não está sofrendo a mesma oscilação; no mesmo período variou 14,33% para R$ 7,50. Nesta quinta, teve queda de 8,31%.
O volume de transações da ação ordinária também cresceu acentuadamente. No dia 17, por exemplo, foram negociados 24,8 mil contratos, dez vezes mais que a média diária dos últimos três meses.
Motivo desconhecido e rumores
Em carta da Eucatex à B3 desta quinta (19), a empresa afirma desconhecer as razões de tais movimentações atípicas, e acrescenta: “gostaríamos de contar com o apoio de V.Sas. para identificarmos os responsáveis por tais oscilações”.
“A diretoria da Eucatex informa que desconhece eventuais motivos que não os resultados apresentados pela empresa, relativos ao terceiro trimestre de 2019, já devidamente divulgados ao mercado. Não houve publicação de fatos relevantes no período. Ressalta, ainda, que o grupo de controle da companhia não está vendendo ou comprando ações, de qualquer classe, neste momento”, escreveu a companhia.
O comunicado da família Maluf contrasta com a matéria do site ” Infomoney”, que, ao citar um gestor que não quis ser identificado, sugere que a movimentação das ações pode ter passado pela possível venda de controle da empresa ou que seria a família Maluf por trás das operações.
O site da revista “Veja” sinaliza outra explicação. Fala que, de acordo com fontes dentro da empresa, a valorização se deu pela compra de uma fábrica da Duratex, empresa que produz madeira, louças e metais sanitários mantida pelo Itaú, em Botucatu, no interior de São Paulo. A compra da indústria foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). De acordo com essas fontes, não há negociações pela venda da empresa.
Em nota, a CVM afirmou que “acompanha e analisa informações envolvendo companhias abertas, tomando as medidas cabíveis, sempre que necessário, mas que não comenta casos específicos”.
Sobre a empresa
A Eucatex, que foi fundada em 1951, é uma das maiores produtoras de pisos, divisórias, portas, painéis MDP e MDF, chapas de fibras de madeira, tintas e vernizes no Brasil.
A empresa é controlada pela família Maluf, que possui 59,8% do capital votante. Os filhos do político Paulo Maluf comandam a diretoria, com Flavio Maluf como presidente e Otavio Maluf no cargo de vice-presidente.
Ambos estão em cargos idênticos no conselho da companhia, que conta ainda com ex-ministro da Fazenda Antonio Delfim Netto e o ex-ministro da Indústria do governo Lula, Miguel Jorge.
O restante dos sócios inclui fundos estrangeiros, com 40% do capital votante, e 0,2% nas mãos de pessoas físicas.
*Com Money Times