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Grupo ameaça nova greve dos caminhoneiros para 2ª-feira; líder de 2018 vê fraca adesão

Estão circulando áudios de aviso de paralisação pela categoria para a madrugada de segunda (16); Chorão é contra e vê um “movimento político” por trás dos protestos; segundo ele, o governo vai aplicar o “Ciot para todos” na próxima terça e mudar as metodologias da tabela do frete em 20 de janeiro

Bárbara Leite

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Em maio de 2018, motoristas autônomos bloquearam as estradas por 10 dias, provocando desabastecimento geral–Foto: Agência Brasil

(Publicada às 12h44 de 6/12; atualizada às 9h45 de 7/12 com declarações do caminhoneiro Marconi França em que ele relata que a greve está sendo convocada para 16 de dezembro, e não para o dia 9 como a reportagem avançava anteriormente)

Voltaram a circular, nesta semana, áudios em grupos de WhatsApp feitos por alguns caminhoneiros, desta vez alinhados à esquerda, que ameaçam parar o país em uma nova greve da categoria, à meia-noite de domingo (15) para segunda (16), em protesto pelo preço alto do diesel e tabela do frete.

O caminhoneiro Wallace Costa Landim, conhecido como Chorão, um dos líderes da greve de 2018, diz ser contra qualquer paralisação neste momento e vê “um movimento político” por trás da nova ameaça.

“Existe por trás uma articulação política. Tem muita gente me procurando pedindo apoio, mas eu não apoio pauta que não é da categoria. Tem um movimento político por trás e tem que ter seriedade para não se ser usado como massa de manobra”, disse ele ao Economia Bárbara.

Para Chorão, o movimento será pontual e terá fraca adesão. “A gente tem que ter seriedade no que a gente faz. A categoria está no limite, mas não tem como fazer uma paralisação da categoria hoje porque tem muitas coisas que não dependem da gente nem do governo. Não terá adesão”, afirmou o caminhoneiro.

Leia também: Greve dos caminhoneiros: paralisações atingem ao menos 6 locais no país nesta quarta

Nos áudios, as ameaças são de que a paralisação será mais ordeira e organizada e que vai entrar para a história do Brasil. Em um deles, Arnaldo Sales Bispo, que se diz uma liderança da Bahia, afirma que “segunda-feira a gente vai travar de novo o país. (…) Tudo o que esse presidente (Bolsonaro) deu, retirou. Desta vez não vai rodar nada, nem carro pequeno, nem ônibus, nada….”.

Nesta sexta (6), um dos líderes do novo movimento, Marconi França publicou um vídeo, na sede da CUT (Central Única dos Trabalhadores) do Rio, em que convoca toda a população para aderir à paralisação. Segundo disse ao Correio Braziliense, “pelo menos 70%” dos cerca de 4,5 milhões de profissionais autônomos e celetistas vão parar em todo o país”. 

Uma das reivindicações dos motoristas autônomos é a mesma que levou à paralisação em maio de 2018: o preço alto do diesel.

De acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo), o litro do diesel era comercializado na semana passada por, em média, R$ 3,708, na bomba. Entre setembro e novembro, o indicador registrou 10 altas consecutivas.

Em maio do ano passado, quando caminhoneiros pararam o país solicitando a redução dos preços do combustível, o preço do diesel era de R$ 3,59.

Outra pauta é a nova tabela do frete, que havia sido suspensa em julho, mas voltou a ser editada neste mês. Ela passou a incluir o pedágio no cálculo do preço mínimo do transporte de carga. Outras despesas poderão ser incluídas mas terão de ser negociadas entre as partes.

Frete: reajuste em 20 de janeiro

Segundo Chorão, ficou acordado com o governo que a tabela do frete sofrerá mudanças nas metodologias em 20 de janeiro de 2020, que devem elevar os valores do piso, uma das reivindicações da categoria.

Nesta quinta-feira (5), o secretário Nacional de Transporte Terrestre, Marcello Costa, disse que o governo estava em busca de uma nova “metodologia matemática para calcular o frete”.

Leia também: Com queda dos serviços de caminhoneiros, setor tem pior agosto em 2 anos

Segundo Costa, o valor total do frete é composto pelo piso mínimo e de um valor a mais, negociado entre as partes.

“Custos operacionais como diesel, pneus, salário do motorista, pedágio, quando for o caso, e despesas adicionais como ponto de parada, diária e alimentação… tudo já está dentro do piso mínimo. Uma parte do piso é obrigatória e tem de ser seguida por todos os embarcadores e transportadores. Tem também uma questão negocial, que é um valor adicional que depende de cada caso, como, por exemplo, extensão da viagem e a existência ou não de pedágio”, acrescentou.

A tabela do frete, que estipula valores mínimos para o transporte de cargas no país, foi criada para acabar com a greve de maio de 2018, mas tem sido alvo de contestações tanto dos caminhoneiros como dos empresários da indústria e do agronegócio.

“Ciot para todos” na terça

De acordo com Chorão, o governo acertou que vai aplicar “o Ciot (Código Identificador da Operação de Transporte) para todos”, a partir da próxima terça-feira (10). A alteração era outra exigência da categoria. O Ciot atualmente é aplicado apenas ao motorista autônomo, e não à empresa.

Sem a equiparação, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) não consegue fazer a fiscalização adequada das notas emitidas para as cargas transportadas.

Neste ano, aconteceram vários movimentos pontuais de paralisação da categoria, mas não tiveram a adesão nacional, como em 2018, quando os caminhoneiros fecharam as estradas do país por dez dias, provocando desabastecimento geral e impactando no crescimento econômico do país.

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