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Em novo leilão do pré-sal esvaziado de estrangeiras, país vende apenas um dos 5 blocos

Diretor-geral da ANP, Décio Oddone, admitiu surpresa pela Petrobras ter apresentado apenas uma oferta e atribuiu ao direito de preferência da estatal a ausência de empresas de fora no certame

Bárbara Leite

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Décio Oddone, diretor-geral da ANP: "Estamos deixando para trás a era dos bônus bilionários"–Foto: Agência Brasil

Um dia depois de realizar o maior leilão de petróleo da história, da cessão onerosa, que gerou arrecadação de R$ 69,96 bilhões, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) fez mais um certame, a 6ª Rodada de Partilha de blocos do pré-sal, nesta quinta-feira (7), e o resultado repetiu a licitação da véspera: apenas a Petrobras e chineses foram os únicos a apresentar ofertas.

Das cinco áreas em oferta, quatro na Bacia de Santos e uma na Bacia de Campos, apenas uma, Aram (a maior), foi arrematada, pelo consórcio formado pela Petrobras em 80% e a chinesa CNODC, uma das parceiras da estatal no bloco de Búzios arrematado na véspera, com os restantes 20%.

No leilão de cessão onerosa da véspera, Petrobras e CNODC se juntaram à também chinesa CNOOC para comprar Búzios (o mais caro e atraente do certame) por R$ 38,199 bilhões. Sozinha, a estatal levou ainda Itapu, o menor em licitação.

Nesta quinta, pelo bloco de Aram, as empresas vão pagar os R$ 5,5 bilhões fixados no edital e o percentual mínimo exigido de lucro/óleo (o que a nova empresa vai lucrar após pagamento de custos de produção e royalties), que era de 29,96%. Os investimentos previstos são de R$ 278 milhões. 

Assim, o valor arrecadado pela União de R$ 5,5 bilhões na 6ª Rodada foi de apenas 70% do previsto, que era R$ 7,8 bilhões.

As restantes quatro áreas: Bumerangue (R$ 550 milhões de bônus e 26,68% de óleo lucro); Cruzeiro do Sul (R$ 1,15 bilhão e 29,52%); Sudoeste de Sagitário (R$ 500 milhões e 26,09%); e Norte de Brava, na Bacia de Campos (R$ 600 milhões e mínimo de 36,98%) não tiveram ofertas nem mesmo da Petrobras.

Além de Aram, a Petrobras havia manifestado preferência pelos blocos de Sudoeste de Sagitário e Norte de Brava.

Surpresa

Para a ANP, a ausência da Petrobras nesses blocos foi uma surpresa, admitiu o diretor-geral da agência, Décio Oddone.

“A gente esperava que essas três áreas fossem contratadas. Estou surpreso, sim”. Ele avaliou que o bloco arrematado tem sozinho um potencial superior aos outros quatro que não receberam ofertas, o que não cria um impacto relevante nas projeções para o setor nos próximos anos.

Preferência da Petrobras ‘inibiu’ estrangeiras

“O que vamos ver nos próximos anos é a perfuração de centenas de poços e a instalação de dezenas de plataformas”, disse, acrescentando que, apesar disso, considera que a manifestação da Petrobras “inibiu a concorrência”, já que a estatal entra como operadora no consórcio quando exerce preferência.

“Outras empresas poderiam se interessar em fazer ofertas na condição de operadoras”, avaliou.

‘Fim da era do bônus bilionários’

Ao abrir o leilão, Oddone, afirmou que a era do altos bônus de assinatura está acabando. “Vamos passar para uma fase na qual a produção de petróleo nos blocos vai começar a fluir. Estamos deixando para trás a era dos bônus bilionários”, destacou.

Segundo Oddone, não não faltarão recursos para tocar a produção de petróleo no pré-sal. “Na medida em que a atividade no pré-sal for amadurecendo, vai ocorrer uma natural perda de importância dos leilões. Porque começam a aumentar os investimentos e a produção. É a partir daí que o Brasil vai entrar no seleto grupo dos cinco maiores produtores de petróleo do mundo”, disse. 

O diretor da ANP ressaltou que o potencial do pré-sal está, finalmente, destravado. “Fica agora o desafio de administrar os recursos e evitar a maldição do petróleo, que eu não canso de dizer que não existe, o que existe é má gestão”, disse.

*Com Agência Brasil

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