O presidente Jair Bolsonaro fez nesta terça-feira (24) seu discurso na abertura da 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Em tom agressivo, presidente criticou governos anteriores, ditaduras de esquerda na Venezuela e Cuba e a imprensa. Também dirigiu críticas diretas ao cacique Raoni Metuktire, do povo Caiapó, afirmando que ele não representa todos os indígenas do Brasil.
A fala de Bolsonaro, que durou cerca de 30 minutos, era amplamente esperada diante das críticas da comunidade internacional ao posicionamento do governo em relação às queimadas na Amazônia, que já vêm prejudicando os negócios do país.
Críticas aos governos do PT, Venezuela e Cuba e afago à Argentina
Bolsonaro começou por criticar os governos anteriores, do Partido dos Trabalhadores (PT): “Meu país esteve muito próximo do socialismo, o que nos colocou numa situação de corrupção generalizada, grave recessão econômica, altas taxas de criminalidade e de ataques ininterruptos aos valores familiares e religiosos que formam nossas tradições”.
“Em 2013, um acordo entre o governo petista e a ditadura cubana trouxe ao Brasil 10 mil médicos sem nenhuma comprovação profissional. Foram impedidos de trazer cônjuges e filhos, tiveram 75% de seus salários confiscados pelo regime e foram impedidos de usufruir de direitos fundamentais, como o de ir e vir. Um verdadeiro trabalho escravo, acreditem…Respaldado por entidades de direitos humanos do Brasil e da ONU!”, falou.
Também criticou o regime da Venezuela e de Nicolás Maduro, afirmando que o Brasil sente os impactos da ditadura venezuelana. “A Venezuela, outrora um país pujante e democrático, hoje experimenta a crueldade do socialismo. O socialismo está dando certo na Venezuela! Todos estão pobres e sem liberdade! O Brasil também sente os impactos da ditadura venezuelana. Dos mais de 4 milhões que fugiram do país, uma parte migrou para o Brasil, fugindo da fome e da violência. “, afirmou.
Por outro lado, afagou a Argentina e seu presidente liberal, Mauricio Macri: “Visitamos também um de nossos grandes parceiros no Cone Sul, a Argentina. Com o presidente Mauricio Macri e nossos sócios do Uruguai e do Paraguai, afastamos do Mercosul a ideologia e conquistamos importantes vitórias comerciais, ao concluir negociações que já se arrastavam por décadas.
Liberdade econômica e UE-Mercosul
Em outra fala, disse que “não pode haver liberdade política sem que haja também liberdade econômica” e que “o livre mercado, as concessões e as privatizações já se fazem presentes hoje no Brasil”.
E lembrou do acordo firmado entre o Mercosul e a União Europeia, que está sendo posto em causa pelo posicionamento do governo brasileiro em relação à Amazônia. “Em apenas oito meses, concluímos os dois maiores acordos comerciais da história do país, aqueles firmados entre o Mercosul e a União Europeia e entre o Mercosul e a Área Europeia de Livre Comércio, o EFTA”, contou.
Disse que o Brasil está pronto para entrar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo das economias mais desenvolvidas do mundo.
Amazônia
O tema mais esperado era sobre as queimadas da Amazônia. Falou que era “uma falácia dizer que a Amazônia é patrimônio da Humanidade, e um equívoco, como atestam os cientistas, dizer que a nossa Amazônia é o pulmão do mundo”, em uma crítica ao presidente francês Emmanuel Macron.
“Nossa Amazônia é maior que toda a Europa Ocidental e permanece intocada. Prova de que somos um dos países que mais preserva (…) existem queimadas praticadas por índios e populações locais”, avançou. E deu números: o Brasil utiliza apenas 8% das terras para produção de alimento e 61% do território é preservado, disse.
Já os países críticos do Brasil em relação à questão amazônica, França e Alemanha, afirmou: “usam mais de 50% de seus territórios para a agricultura”.
“O Brasil é o país que mais protege o meio ambiente”, acrescentou. “Problemas, qualquer país os tem. Os ataques sensacionalistas que sofremos da mídia internacional por causa dos focos de incêndio despertaram o nosso patriotismo”, afirmou.
Por fim, pediu para que os estrangeiros venham conhecer o Brasil. “A Amazônia não está sendo devastada e nem consumida pelo fogo, como diz mentirosamente a mídia. Cada um de vocês pode comprovar o que estou falando agora. Não deixem de conhecer o Brasil, ele é muito diferente daquele estampado em muitos jornais e televisões!”, afirmou.