O fundo de private equity Pátria em conjunto com o fundo soberano de Singapura ofereceu R$ 1,1 bilhão e venceu o leilão do corredor rodoviário Piracicaba-Panorama (ou “Pipa”, como ficou conhecido), em São Paulo (SP), que deverá ser a maior concessão do setor já firmada no país A abertura oficial das propostas aconteceu por volta das 12 horas, na B3, Bolsa de Valores brasileira.
A proposta, que representa um ágio de 7.209,25% acima do valor mínimo estabelecido pelo governo de São Paulo, de R$ 15 milhões. O fundo derrotou a outra oferta na disputa, apresentada pela Ecorodovias (ECOR3), que oferece metade do valor da rival, R$ 527,05 milhões, ainda um ágio de 3.402,13%.
Nomes de peso ficaram de fora do certame. A CCR (CCRO3) e a própria Arteris, que atualmente opera parte do trecho a ser leiloado, não entregaram envelopes com ofertas. A Arteris era considerada a favorita por alguns analistas.
É a segunda vez que o Pátria derrota a Ecorodovias em um leilão. Em 2017, o grupo arrematou sua primeira concessão, a Entrevias, para administrar rodovias do Centro-Oeste paulista.
No último mês, o Pátria anunciou a aquisição da Cart, responsável pela rodovia Raposo Tavares, que hoje é da Invepar (a operação ainda depende da aprovação das autoridades).
Leilão: termômetro para apetite dos investidores por concessões
O leilão, o primeiro ativo a ser concedido no mandato do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), é visto como um termômetro para o apetite dos investidores nos ativos estatais.
O contrato de 30 anos prevê R$ 14 bilhões de investimentos em obras nos 1.273 quilômetros de extensão das vias. A tarifa-base de pedágio será cobrada dos usuários por quilometragem percorrida, foi definida em R$ 14,91 (a cada 100 km), para os trechos duplicados, e em R$ 10,65 (também a cada 100 km), para trechos simples. Usuários frequentes poderão ter descontos.
“[O lote] É basicamente um conjunto de ‘sobras’ de rodovias que não seriam atraentes se leiloadas sozinhas, mas que foram colocadas em lote com trechos interessantes ao mercado, uma forma de fazer subsídio cruzado entre elas. A margem de rentabilidade, porém, tende a ser pequena. O desafio será explorar as sinergias com vias que as empresas já operam na região”, afirmou ao “Valor Econômico” o advogado Luis Eduardo Serra Netto, sócio do Duarte Garcia, Serra Netto e Terra.
Um dos aspectos da modelagem que garantiu a atratividade, diz ele, foi o valor quase simbólico da outorga fixa, definida em R$ 15 milhões. O vencedor será aquele que oferecer o maior ágio em cima desse montante. Desde que a concessão foi anunciada, o governo paulista afirma que seu objetivo era privilegiar os investimentos, reduzindo ao máximo a ou outorga paga ao governo.
*Com Valor.com