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Mercado segue dividido após ata do Copom: Itaú mantém projeção de Selic a 4%

O documento sobre a última decisão em que o órgão do Banco Central cortou o juro básico a 4,5%, divulgado nesta terça (17), não esclarece de forma certeira os próximos passos da autoridade monetária em relação à taxa

Bárbara Leite

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Selic serve de referência para os juros dos empréstimos e para a rentabilidade de investimentos em renda fixa–Foto: Pixabay

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), da última quarta-feira (11), em que o órgão do Banco Central (BC) decidiu cortar a taxa básica de juros para 4,50% ao ano, não esclarece de forma certeira os próximos passos da autoridade para a Selic em 2020, deixando o mercado novamente dividido.

Há quem tenha considerado que o discurso foi de viés “hawk” (favorável a taxa de juros mais alta) e apostam na manutenção do juro básico ao longo do próximo ano e os que leram que o ciclo de baixas do juro básico ainda não terminou e deve continuar em 2020.

A taxa Selic serve de referência para os juros dos financiamentos do país e de alguns investimentos. Taxas menores tendem a ser repassadas pelos bancos para suas linhas de crédito, barateando os empréstimos, e a deixar investimentos em renda fixa menos atrativos.

Taxa estável em 4,5%

Os economistas do Banco Fator e da Guide Investimentos estão entre os que preveem que a taxa ficará em 4,50% ao fim do ano que vem, após quatro cortes consecutivos de meio ponto, saindo de 6,50% em julho para 4,50% ao ano em dezembro.

“A ata da reunião do Copom que reduziu a Selic para 4,50%, sem surpresa, tem um claro viés hawk, na linha do que opinamos em relação ao comunicado divulgado dia 11 deste mês. De fato, não apenas a literal mudança, de “O Copom entende que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela em eventuais novos ajustes no grau de estímulo”, depois de anunciar a queda ocorrida na Selic, para “… o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na condução da política monetária”, mas o conjunto das mudanças analisadas no documento, apontam para a intenção de manter a Selic inalterada”, avalia o Fator.

Para a Guide Investimentos, “a grande novidade trazida no documento foi que o comitê voltou a citar o fato de que o momento é que vivemos um movimento inédito na política monetária do país, reforçando a cautela necessária para a condução da mesma daqui para frente. (…) Em função disso, acreditamos que o Copom deverá manter a Selic estável em 4,5% entrando em 2020, pausando o ciclo de cortes iniciado em julho deste ano”.

André Perfeito, economista-chefe da Necton, entende que a leitura da ata divulgada nesta terça (17) não esclarece como será o futuro da Selic.

“Se de um lado o BCB deixa subentendido que suas projeções de inflação são mais benignas que as de mercado ao levar em conta uma Selic ainda menor em 2020 (indo para 4,25% no início do ano que vem, ver parágrafo 6), por outro fala mais uma vez em cautela (parágrafo 21)”, diz, em nota.

No parágrafo 6, o Copom diz que “no cenário com trajetórias para a taxa de juros e câmbio extraídas da pesquisa Focus, as projeções do Copom situam-se em torno de 4,0% para 2019, 3,5% para 2020 e 3,4% para 2021. Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2019 em 4,50% a.a., reduz-se para 4,25% no início de 2020, encerra o ano em 4,50% e se eleva até 6,25% a.a. em 2021”.

Já no 21, o órgão fala em cautela nas próximas decisões . “O Copom entende que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na condução da política monetária. O Comitê enfatiza que seus próximos passos continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”, diz o parágrafo.

Perfeito entende que as condições não serão as mais favoráveis para um corte nas taxas na próxima reunião de 5 de fevereiro. “Muito provavelmente até o começo de fevereiro nenhum avanço concreto será feito na agenda de reformas (em especial a tributária), a inflação estará ainda pressionada por alimentos e o IGP-M em alta por conta da alta recente do dólar irá apontar elevação de alguns preços administrados típicos de início de ano e a atividade deve estar dando sinais de recuperação mais evidente”, destaca ele.

Cortes na Selic

Já os analistas da Mirae Asset avaliam que “o entendimento é que existe espaço para cortes adicionais em 2020 e o Banco Central estará monitorando o cenário no curto prazo”.

Para o departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco “o Copom efetuará um corte adicional na próxima reunião se o cenário base de dissipação do choque e de retomada gradual da economia se confirmarem no início do próximo ano”.

Itaú mantém estimativa de Selic a 4%, mas admite que ata não está tão otimista

Após a ata, o Itaú Unibanco manteve suas projeções e segue estimando que a Selic sofra reduções e caia a 4% ao ano em 18 de março de 2020, na segunda reunião do próximo ano. Os analistas admitiram, porém, que podem ter uma visão diferente do Copom, pois consideram que a ata “sugere menor propensão a reduzir juros”.

“Em suma, a comunicação (o texto, e não as projeções) parece consistente com um plano de voo que levaria a Selic a 4,25% ao ano ao final do ciclo, ou mesmo a manteria estável em 4,5%. Por enquanto, mantemos nossa leitura de que o ciclo se encerrará no patamar 4% ao ano (em 18 de março de 2020), porque avaliamos que as previsões de inflação permitirão esses novos cortes, mas entendemos que, no momento, os membros do comitê podem ter uma visão diferente”, dizem os economistas do Itaú.

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