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Peste africana avança e carne de porco deve ficar mais cara para o brasileiro

Executivo da ABPA admite a alta de preços no Brasil; surto da doença afeta UE e Ásia, sobretudo a China, que deve começar a comprar mais produto do Brasil, puxando o custo no mercado doméstico

Bárbara Leite

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Ucrânia anunciou nesta quarta que vai abater 100 mil porcos por conta da doença-Foto: Reprodução

A peste suína africana continua se espalhando pela Europa e pela Ásia, sobretudo na China, e a diminuição da oferta chinesa deve provocar um aumento das exportações brasileiras, o que deve encarecer a carne de porco para o brasileiro, admitiu o diretor executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, nesta quarta-feira (21).

“Vai haver disputa pelo produto. Hoje, mercado interno e externo já brigam por mercadoria”, disse ele, ao comentar que a maior venda para o mercado chinês leva a uma redução do produto no Brasil, o que puxa os preços da carne para a população brasileira.

No primeiro semestre, o lucro da maior empresa de carne suína do mundo, a chinesa WH Group, registrou uma queda de 16,9% devido à peste suína africana, que levou à queda da oferta de porcos e sua consequente alta nos preços.

A ABPA diz que, nos primeiros sete meses de 2019, já houve um aumento das exportações brasileiras de carne suína e de frango para a China por conta da peste suína africana no mercado global.

Segundo ele, há produtoras brasileiras esperando autorização para exportarem para lá. Enquanto as habilitações não vêm, a associação acredita que as unidades brasileiras que já têm exportação para lá podem direcionar toda a sua produção para o gigante asiático – hoje, parte dela vai para outros países e até para o mercado interno.

“O chinês é muito inteligente comercialmente. Se eles habilitarem dezenas de plantas repentinamente, é possível que o preço para eles aumente em seguida. Então estão demonstrando segurança, dizendo: ‘não estou precisando tanto assim”. Não querem se entregar para que o mundo os explore”, contou.

Nesse cenário, o preço da carne de porco no mercado brasileiro ficaria ainda mais alto. Se há um aumento da demanda no exterior, que paga mais caro pelo seu produto, a indústria brasileira vai preferir exportar, a vendê-lo no mercado interno, e é esse movimento que puxa os preços no Brasil.

Por tabela, preço do frango também pode subir

Durante a entrevista, o executivo da ABPA disse que, por conta do preço mais alto do porco por lá, devido à redução da oferta, a China pode querer importar partes dos animais que hoje o país não consome. “Daqui a pouco, a China pode querer coxa com sobrecoxa, ou peito de frango, produtos que não são de seus hábitos”, disse Santin.

Essa tendência impactaria também nos preços do frango vendidos no Brasil, já que uma parte da produção seria direcionada para o mercado chinês, diminuindo a oferta no país.

Ucrânia sacrifica 100 mil porcos, no pior caso já registrado no país

Nesta quarta (21), a Ucrânia anunciou que vai sacrificar 100 mil porcos após um surto de peste suína africana ter sido detectado em uma das maiores fazendas de suínos do país.

O caso, que afetou 1,6% do rebanho suíno da Ucrânia, pode se tornar o pior já registrado no país, que por anos vinha tentando vencer a doença, que é fatal para porcos, mas não afeta seres humanos.

O pior registro até o momento havia levado à morte de 60 mil porcos em 2015, na região de Kiev.

A União Europeia (UE) também acendeu um alerta amarelo depois que a Bulgária e sua vizinha Romênia divulgaram casos da peste suína africana. Até julho, a Eslováquia também havia registrado a peste em quatro criações domésticas.

Além da Ucrânia e da UE, a Rússia relatou também nesta quarta (21) que detectou novos casos de peste suína africana na região de Amur, perto de sua fronteira com a China, onde o surto vem comprometendo o rebanho de porcos local.

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