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Não vive sem comer carne? Prepare o bolso

Relatório da Fitch Solutions prevê que o produto deve ser alvo de impostos por danos ambientais e maus tratos aos animais

Redação

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Segundo as Nações Unidas, a pecuária é responsável por 14,5% do total de emissões globais-Foto: Reprodução

Se você não consegue nem pensar na ideia de parar de comer carne, então, vai precisar preparar o bolso. Segundo relatório divulgado pela Fitch Solutions Macro Research, a carne pode ser alvo de impostos mais altos, devido a críticas ao papel do setor na mudança climática, no desmatamento e na crueldade contra os animais.

A ideia ainda é incipiente e enfrenta muita oposição de grupos agrícolas, mas está emergindo como uma tendência na Europa Ocidental, disse o grupo de pesquisa.

Se os impostos ganharem força, isso pode encorajar mais pessoas a mudar para as proteínas de aves ou à base de plantas e ajudar a impulsionar a popularidade dos substitutos da carne.

“O aumento global dos impostos sobre o açúcar torna fácil prever uma onda similar de medidas regulatórias visando o setor de carnes”, disse a Fitch Solutions.

No entanto, “é altamente improvável que um imposto seja implementado em breve nos EUA ou no Brasil”, segundo a consultoria.

Na Alemanha, alguns políticos propuseram aumentar o imposto sobre vendas de produtos à base de carne para financiar melhores condições de vida dos animais. Uma pesquisa do grupo de mídia Funke mostrou que a maioria dos alemães, ou 56,4%, apoiou a medida, com mais de um terço chamando-a de “muito positiva” e cerca de 82% dos eleitores para os ambientalistas verdes a favor.

Propostas semelhantes foram introduzidas na Dinamarca e na Suécia desde 2016, segundo a Fitch Solutions.

A Goldsmiths University, de Londres, anunciou nesta segunda-feira (12) que deixará de vender hambúrgueres de carne bovina, burritos e outros pratos bastante consumidos por estudantes para ajudar na luta contra a mudança climática.

A decisão foi recebida com oposição do National Farmers Union, do Reino Unido, que disse ser “excessivamente simplista” distinguir um produto alimentar como resposta ao aquecimento global.

A decisão da universidade se baseou no relatório do Comitê sobre Mudança Climática do governo (CCC), que mostra que a produção de carne de cordeiro e leite foi responsável, em 2016, por 58% dos gases de efeito estufa emitidos por fazendas no Reino Unido.

Globalmente, a carne bovina é responsável por 41% das emissões de gases de efeito estufa da pecuária, e a pecuária é responsável por 14,5% do total de emissões globais, segundo as Nações Unidas.

Os impostos sobre carne e açúcar são controversos há muito tempo. Pouco depois de assumir o cargo em julho, o primeiro-ministro Boris Johnson sugeriu que ele aboliria o imposto sobre bebidas açucaradas do Reino Unido e disse que há maneiras melhores de lidar com a obesidade.

A Fitch disse que os preços de carne suína e bovina na Europa Ocidental são relativamente baixos, então qualquer imposto adicional teria que causar uma grande mudança nos preços de varejo para mudar os hábitos de compra dos clientes. O maior argumento contra a carne no momento não é baseado na saúde, mas na mudança climática.

A indústria da carne também tem estado sob fogo após os estudos ligados a comer muita carne vermelha e processada pode gerar doenças, que vão desde problemas cardíacos ao câncer.

Para a Fitch Solutions, essas preocupações ligadas às questões de saúde são as mesmas que levaram à imposição de impostos sobre o açúcar : “Um imposto sobre carnes poderia, portanto, emergir como um irmão político do imposto sobre o açúcar, apoiado na base de que a carne desempenha um papel em uma dieta equilibrada, mas excessiva. É um problema de saúde pública ”.

*Da agência Bloomberg

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