O dólar comercial ante o real negocia em alta nesta quinta-feira (9), mas a tendência no curto e médio prazo é de baixa. No longo, porém, ainda é de valorização. A avaliação é de José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos.
Segundo Faria Júnior, o dólar segue negociado no intervalo de R$ 4,05 a R$ 4,09. Nesta quinta (9), pelas 12h50, a divisa americana operava nos R$ 4,077, com alta de 0,62%, após dados decepcionantes da indústria brasileira em novembro, que questionam o desempenho da economia em 2019, apesar do otimismo do exterior.
Em 2019, a moeda apesar de ter batido recorde perto dos R$ 4,27, fechou na casa dos R$ 4, com uma alta anual de apenas 3,5%.
A tendência de baixa do dólar e alta do real é justificada por vários motivos. Veja abaixo quais.
Confira motivos que justificam a tendência de baixa do dólar e valorização do real:
1. Estrangeiro menos comprado
Entre as razões está o fato do investidor estrangeiro estar “menos comprado” no mercado futuro de dólar na B3, Bolsa de Valores brasileira. Na posição comprada, o investidor ganha com a alta da moeda americana. Ou seja, para o estrangeiro que “está comprado” é positivo que o dólar esteja elevado. Com menos estrangeiros se beneficiando da alta da divisa, pode haver menos pressão sobre a divisa, o que pode levar a um alívio na divisa.
“A posição comprada dos estrangeiros na B3 continua abaixo de US$30 bilhões desde 13 de dezembro, mas está estacionada em torno de US$ 28 bilhões”, diz o diretor da Wagner Investimentos, em relatório.
2. Dollar Index mostra sinais de fraqueza
O Dollar Index (DXY, dólar contra uma cesta de 6 moedas fortes – euro (Europa), yuan (China), libra esterlina (Reino Unido), franco suíço (Suíça), coroa sueca (Suécia) e dólar canadense (Canadá)) ainda está ainda em tendência de alta de longo prazo, mas está mostrando sinais de fraqueza e pode fazer a reversão.
3. Moeda do Canadá segue em alta
Uma das três moedas clássicas de países muito dependentes das exportações de commodities (matérias-primas), como o Brasil, o dólar canadense entrou em tendência de alta de longo prazo. Isso pode sinalizar que o real também pode subir ante o dólar. As duas outras moedas clássicas são as divisas da Austrália e Nova Zelândia.
4. Índice de ‘commodities’ sobe
Outro motivo é o fato do índice de “commodities’ ter revertido a tendência de baixa e agora subir no longo prazo. “Destaque para as altas de commodities agrícolas que são de nossa pauta de exportação: açúcar, café, soja e algodão. E também é importante notar que o cobre está em processo de reversão de tendência de longo prazo. Assim, a alta das commodities não se deve exclusivamente ao aumento do preço do petróleo”, diz Faria Júnior.
Com maior venda de produtos agrícolas ao exterior, entram mais dólares no país, o que tende a baratear a moeda americana e a valorizar o real.
5. Moeda chinesa com tendência de valorização
Segundo o diretor, o yuan, a moeda da China, está na linha de reversão de longo prazo. Se conseguir fazer a reversão, será importante gatilho para a melhora das moedas de emergentes, como o real do Brasil.