Após um dia cheio de emoções, com o Ibovespa, índice de referência da B3 (Bolsa de Valores brasileira), chegando a cair 2,2% e terminando com alta de 0,12%, o pregão desta sexta-feira (31) promete ser volátil, de olho no noticiário do coronavírus e desempenho dos mercados no exterior, Lá fora, as Bolsas europeias, que iniciaram positivas, viram e recuam, já com o estresse pré-reabertura das Bolsas chinesas, na próxima segunda-feira (3). Os futuros dos índices das Bolsas americanas também caem.
Já a Ásia fechou mista: enquanto a Bolsa do Japão e da Austrália subiram 0,99% e 0,13%, respectivamente, “animadas” com os Índices de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) da China em janeiro, que ficaram em linha com o esperado, não trazendo surpresas negativas, Hong Kong caiu 0,52% e Coreia do Sul teve tombo de 1,35%.
Pelas 7h10, o índice europeu Stoxx 600 caía 0,36%, o Dax, da Alemanha, recuava 0,34%, o da Espanha (-0,71%), o da França (-0,41%) e o do Reino Unido, no dia do Brexit (saída do país da União Europeia) tombava 0,80%.
Os futuros do Dow Jones e do S&P perdiam 0,47%, à mesma hora.
O petróleo tipo Brent, referência para a Petrobras, recuava 0,30% para US$ 57,16.
Atividade na China
Foi divulgado nesta sexta (31), que o índice dos gerentes de compras (PMI) geral chinês ficou em 50 pontos, em linha com o esperado. Valores acima de 50 indicam expansão da atividade. O PMI da indústria da China caiu a 50 pontos em janeiro, de 50,2 pontos em dezembro, enquanto o PMI do setor de serviços chinês subiu a 54,1 pontos, contra 53,5 pontos no mês passado.
Havia receio de que o surto afetasse o desempenho. Para o banco Nomura, os dados ainda não refletem completamente o impacto do vírus, já que as restrições mais severas às viagens aconteceram depois do dia 23.
Coronavírus
Embora o comunicado da OMS (Organização Mundial da Saúde) descartando restrições de viagens e negócios na China e elogiando o governo pelas ações de combate à doença, tenha animado as Bolsas no fim do dia desta quinta (30)– o Ibovespa fechou nos 115.528 pontos, com alta de 0,12%, depois de tocar os 112 mil–, os investidores seguem de olho no noticiário do coronavírus, e a cautela regressa às vésperas do retorno do mercado acionário chinês na semana que vem, depois do feriado de uma semana e ampliação do recesso por conta do vírus.
Entre outras novidades sobre o surto, os EUA e o Japão recomendaram que seus cidadãos não viajem à China, a Itália registrou o primeiro caso e mais companhias aéreas estão suspendendo os voos para lá.
O número de mortos por infecção pelo novo coronavírus chegou a 213 nesta quinta-feira, segundo balanço divulgado pelo governo chinês, aumento de 24% em relação ao boletim do dia anterior, que contabilizava 170 óbitos.
O total de casos confirmados também cresceu significativamente, passando de 7.711 para 9.692 em um dia, a grande maioria na província de Hubei, onde está a cidade de Wuhan, epicentro da crise.
São já 19 países que têm casos confirmados, além da China. No Brasil, há 9 casos suspeitos.
Dólar e leilão do BC
Nesta quinta, o dólar não conseguiu captar o bom humor com o anúncio da OMS, uma vez que ele foi divulgado perto do fim da negociação, e terminou em R$ 4,259, no maior valor nominal da história. Mais cedo, chegou a alcançar os R$ 4,27. Para tirar um pouco de pressão sobre a divisa, o BC anunciou uma leilão de linha de US$ 3 bilhões, com compromisso de recompra.
Entre outros motivos para a disparada, além do surto, estão os sinais de retomada mais fraca da economia brasileira, número de queda de fluxo e expectativa de nova queda da taxa básica de juros, a Selic, na semana que vem, para 4,25% ao ano, que aumenta o diferencial para os juros americanos, de reduz a atração de migrar o capital de lá para o mercado brasileiro.
Brexit
Hoje é o dia do Brexit. O “divórcio” do Reino Unido com a União Europeia está marcado para as 23h (20h horário de Brasília).
Depois de 47 anos unidos, o país da libra esterlina vai deixar a união aduaneira e de livre circulação de pessoas na Europa. É um estresse a menos para o mercados, após três anos e meio de turbulência.
S&P e nota do Brasil
Relatório da Standard & Poor’s (S&P), divulgado nesta quinta (30), que mexeu com o mercado, diz que a agência de classificação de risco pode melhorar o “rating”, a nota de crédito do Brasil, se a política econômica melhorar a dinâmica do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas em um país).
Na S&P, o Brasil ainda está a três degraus do chamado grau de investimento, uma espécie de selo de bom pagador, que chancela que o país é seguro para se investir, e a melhora da nota pode atrair mais capital.
Agenda
Na agenda, temos dados do desemprego do trimestre encerrado em dezembro, às 9h . A taxa deve cair para 11%, voltando para os níveis de 2019. A redução não deve, porém, alterar a visão de crescimento modesto da economia brasileira, que alimenta apostas em queda da Selic.
Também saem as contas públicas, às 9h30, para saber o tamanho do déficit fiscal de 2019, o PIB da Zona do Euro (às 7h) e a definição de bandeira tarifária da conta da luz de fevereiro no fim da tarde.
*Com agências