O UBS Brasil reduziu a projeção para a inflação e para a taxa básica de juros (Selic) no fim deste ano após a surpresa deflacionária com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a chamada inflação oficial, de setembro, divulgada nesta quarta-feira (9) pelo IBGE.
Com os números, o banco agora prevê que a inflação feche 2019 em 3,30%, contra 3,60% anteriormente, enquanto a aposta para a Selic passou de 4,75% para 4,5%. A taxa básica está atualmente em 5,50%, novo mínimo histórico. Se confirmada a expectativa, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) cortaria em mais 1 ponto percentual a taxa, de 0,50 em cada uma das duas próximas reuniões–30 de outubro e 11 de dezembro.
Para 2020, as previsões para a inflação foram mantidas em 4% e em 5% para os juros.
“Após a surpresa de hoje e o colapso dos números, assim como previsões melhores para outubro, revisamos a expectativa de IPCA no fim de 2019 para 3,3%”, diz, em relatório. Agora, a instituição espera alta de 0,12% no IPCA de outubro contra 0,30% anteriormente. “O cenário de inflação mais baixa nos levou a revisar para baixo a projeção para a Selic no fim de 2019 de 4,75% para 4,5%”, completa.
O IPCA registrou deflação de 0,04% no nono mês, contra queda esperada de 0,02% pelo UBS e de alta de 0,03% (consenso do mercado). O resultado foi o menor para o mês desde 1998 (-0,22%). Em 12 meses, também houve forte desaceleração, de 3,43% até agosto para 2,89% até setembro.
Segundo o UBS “as principais surpresas da nossa previsão vieram de bens comercializáveis em geral. Os preços da comida em casa caíram 0,7%%, impulsionado por itens frescos, como tomate (-16%), batata (- 8,4%) e cebola (-9,9%). Os bens duráveis também tiveram deflação (eletrodomésticos e
equipamentos) recuaram 2,3% e produtos de TV e TI (-0,9%)”.
“Enquanto o câmbio brasileiro enfraqueceu 8%, criando algum potencial repasse para bens comercializáveis, os preços internacionais de commodities também caíram 7,5%. Ambos
aconteceram em um ambiente local com capacidade não utilizada ainda significativa, apesar de alguma recuperação econômica”, explicam os economistas do banco.