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Após bater R$ 4,26, BC surpreende e faz leilão com reservas; alta do dólar freia

Autoridade faz leilão de venda de dólares à vista para tentar conter disparada da moeda, que sobe após declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes

Bárbara Leite

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Moeda dos EUA terminou no maior valor nominal da história nesta segunda (25)–Foto: Pixabay

Após a disparada do dólar na manhã desta terça-feira (26), que chegou a bater os R$ 4,26, o Banco Central (BC) realizou um leilão de venda de dólares à vista para injetar liquidez no mercado, e assim conter a valorização da divisa.

Após o anúncio do BC, a moeda dos EUA perdeu um pouco de força. Pelas 11h52, a moeda dos EUA era negociada em R$ 4,257, uma alta de 0,99%; antes, ela chegou a cair a R$ 4,228.

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O leilão de venda de dólares à vista, que acolheu propostas entre 11h03 e as 11h08, é uma das formas que a autoridade tem para intervir no mercado. Neste caso, a autoridade usa parte das reservas internacionais, que estão em cerca de R$ 371 bilhões, sem compromisso de recompra. O dinheiro é injetado no mercado.

No leilão desta terça, a taxa de corte foi de R$ 4,2320 e o lote mínimo de US$ 1 milhão. O BC não divulgou o montante total negociado.

A atuação do BC pegou o mercado de surpresa, segundo disse Juan Prada, estrategista de câmbio do Barclays Capital à Bloomberg.

A última vez que o BC realizou outro leilão de venda de dólares à vista foi em 27 de agosto, quando a moeda disparava a uma máxima de R$ 4,1956, colada no recorde histórico de fechamento na ocasião: R$ 4,1957,

Esse recorde já foi, entretanto, batido. Nesta segunda (25), a moeda dos EUA terminou nos R$ 4,215, maior valor nominal da história do Real, desde 1994.

Guedes e dólar alto por “um bom tempo”

A disparada desta terça é reflexo das declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, em entrevista coletiva na embaixada brasileira em Washington, nos EUA.

Na noite desta segunda-feira (25), o ministro disse não estar preocupado com o dólar em níveis recorde e sugeriu que a moeda deve continuar nesses patamares por “um bom tempo”.

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“O dólar está alto. Qual o problema? Zero. Nem inflação ele (dólar alto) está causando. (…). É bom se acostumar com juros mais baixos por um bom tempo e com o câmbio mais alto por um bom tempo”, disse ele em entrevista na embaixada brasileira em Washington, capital americana, onde participou do Fórum de Altos Executivos Brasil-EUA.

Segundo o ministro, o dólar em patamares mais elevados é reflexo do ajuste fiscal que o governo está fazendo, combinado com taxas de juros mais baixas. “Quando você tem um fiscal mais forte e um juro mais baixo, o câmbio de equilíbrio também ele é mais alto”, afirmou.

“Se entrar mais investimento, o câmbio (real) vai apreciar”, disse.

Guedes e AI-5

Além disso, o ministro também condenou os discursos do ex-presidente Lula da Silva, que falou em polarizar o país ao deixar a prisão. Guedes classificou Lula como “irresponsável” e vê o petista chamando “todo mundo para quebrar a rua”. Na coletiva, o ministro disse a jornalistas que “não se assustem se alguém pedir o AI-5” diante desse cenário.

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Ao mencionar o Ato Institucional Nº5, instrumento da ditadura militar editado em 1968 que fechou o Congresso e cassou as liberdades individuais, Guedes faz referência à afirmação de Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do presidente Jair Bolsonaro. No fim do mês passado, Eduardo afirmou que poderia haver a necessidade de reeditar o AI-5 caso a esquerda radicalizasse.

A fala assustou o mercado. “Não gostei da entrevista. Estou preocupado”, disse um analista de mercado, que preferiu não ser identificado.

Para outro, o ministro “acabou exagerando na dose (…) ao remoer a infeliz declaração de Eduardo Bolsonaro sobre o AI-5”.

*Com Folha.com

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