(Publicado às 11h20; atualizado às 17h50 com cotação de fechamento)
O dólar ante o real fechou com queda de 0,19% nos R$ 4,206 nesta terça (3), mesmo depois da declaração do presidente dos EUA, Donald Trump, sugerindo que o acordo com China pode não sair antes de eleição nos EUA, no fim de 2020.
O mercado reagiu positivamente à divulgação do crescimento de 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas em um país) do Brasil no terceiro trimestre, que ficou acima das previsões dos analistas (0,4%).
É o menor patamar desde 22 de novembro (R$ 4,193). No melhor momento do pregão, o dólar caiu abaixo da marca dos R$ 4,20, nos R$ 4,186. Na véspera, a divisa também fechou em baixa, com números positivos da indústria da China e pressão de Trump para queda dos juros americanos.
Trata-se da primeira vez que o dólar cai por duas sessões seguidas desde os dias 19 (-0,17%) e 21 de novembro (-0,15%). A B3 não abriu em 20 de novembro devido ao Dia da Consciência Negra.
“Apesar do cenário externo bastante desfavorável, a gente está começando a enxergar os frutos de alguma medidas de austeridade econômica, que foram tomadas não só no governo Bolsonaro, mas ainda no governo Temer. Agora a gente está começando a colher os resultados desses medidas de equação econômica, que estão trazendo um esboço de recuperação econômica e o mercado está começando alguma tração”, disse Fernando Bergallo, diretor de câmbio da FB Capital.
Segundo Bergallo, “isso pode se impulsionar (queda do dólar mais forte) assim que o mercado externo ficar favorável”.
PIB cresce com agronegócio, consumo e serviços
O PIB brasileiro cresceu 0,6% de julho a setembro, puxado pela agropecuária, que subiu 1,3%, e pelo consumo das famílias, que beneficiado pela redução dos juros e o impulso do crédito, avançou 0,8%.
O maior impacto no PIB veio dos serviços, que têm o maior peso nas contas nacionais (60%), com avanço de 0,4%. A indústria, com alta de 0,8%, também contribuiu para a melhora da economia.
Trump: acordo comercial para mais tarde e França
Pela manhã, antes da abertura do mercado, Trump sinalizou que o acordo que pode pôr fim à guerra comercial entre EUA e China e vem penalizando as economias do mundo inteiro, pode ter um atraso, e só avançar após as eleições marcadas para novembro de 2020.
“De certa forma, gosto da ideia de esperar até depois da eleição para o acordo com a China”, disse Trump em entrevista coletiva em Londres, onde participa de uma reunião da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Na véspera, os EUA também anunciaram a intenção de impor até 100% de tarifas em US$ 2,4 bilhões em produtos franceses, se a França seguir em frente com uma taxa de serviços digitais que atinge principalmente grandes empresas de tecnologia dos EUA, como Google e Apple.
A notícia também azedou o humor do mercado, depois que na véspera Trump anunciou que o aço e o alumínio do Brasil e da Argentina também serão taxados.
*Com Reuters