A espanhola Telefónica, dona da Vivo, está negociando um acordo com os principais concorrentes no mercado brasileiro, a mexicana América Móvil, proprietária da Claro e chefiada por Carlos Slim, e a italiana Telecom Italia (TIM), dona da TIM no Brasil, para que juntos comprem a Oi, que está em recuperação judicial desde 2016, segundo noticiou o jornal espanhol “Expansión” nesta segunda-feira (7), citando fontes conhecedoras da negociação.
O plano será comprar os ativos em conjunto e depois reparti-los, em meio à situação financeira complicada da Oi.
Operação complexa: Negociação pode ficar apenas entre Vivo e TIM
Segundo o jornal espanhol, a operação é muito complexa, pois é preciso chegar a um acordo de três vias. Além disso, a Oi é controlada por um grupo de fundos e o tribunal que cuida da recuperação judicial da empresa também precisa dar o aval.
De qualquer forma, a operadora espanhola também poderia tentar chegar a um acordo apenas com a TIM italiana, já que as vantagens da compra para ambas são maiores do que no caso da América Móvil, que adquiriu recentemente a Nextel, outra das operadoras menores do mercado brasileiro, o que lhe permitiu monopolizar mais frequências de rádio. Dessa forma, o espectro de rádio disponível para a Oi é menos importante para a América Móvil do que para a Telefónica e a TIM.
A compra do negócio móvel da Oi reúne para a Telefónica e a Telecom Italia todas as vantagens que ocorrem quando um operador móvel adquire um rival no mesmo país, como aconteceu com a Telefónica na Alemanha quando comprou o E-Plus.
Primeiro, a compra do negócio móvel da Oi, pelas três ou Telefónica e Telecom Italia, é uma operação que beneficia as três operadoras, reduzindo o nível de concorrência no setor móvel e passar de um setor de quatro para um de três.
Somente isso já significa, imediatamente, uma melhoria no EBITDA (indicador do desempenho operacional) de todos os operadores, uma vez que o roubo de clientes entre um operador e outro (rotatividade) é bastante reduzido pela redução do atrito competitivo. A mudança de operadora por parte dos clientes acarreta custos administrativos associados suficientes, tanto da operadora que a cancela quanto da que recebe o registro e, além disso, em muitas ocasiões, é necessário pagar subsídios ao celular ou comissões ao canal de vendas.
Além disso, quando o nível de concorrência é reduzido, é mais fácil implementar políticas de aumento de preços, como aconteceu na Espanha após 2015, após a aquisição da Ono e Jazztel.
Vice-presidente da Oi admitiu vender operação móvel
Na semana passada, o vice-presidente de operações da Oi, Rodrigo Abreu, disse à Reuters que, se receber uma oferta atraente, a empresa pode considerar a venda de seu braço de telefonia móvel.
A Oi, que tem a maior rede instalada de telefonia fixa do país e 16,4% de participação no mercado de telefonia móvel-a quarta maior do país, atrás da líder Vivo, com 32,3%, da TIM e da Claro-, pediu recuperação judicial em 2016, com uma dívida de R$ 64 bilhões.
Mês a mês, a empresa vem perdendo espaço em alguns dos principais mercados em que atua.
Abreu reconhece que a base de clientes móveis da Oi diminuiu, mas disse que o negócio ainda é sustentável. “Continuaremos a investir seletivamente para mantê-lo valioso”. O executivo reafirmou que o plano estratégico ainda prevê que a empresa gere um fluxo de caixa positivo até 2021.
Em agosto, a Anatel descartou a possibilidade de intervenção na Oi e destacou, por meio de nota, que “uma solução de mercado definitiva é o cenário preferencial para a evolução positiva da situação do grupo”.