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BTG Pactual é alvo da Lava Jato por suspeita de vazamento da Selic a fundo que rendeu 400%

Operação, chamada de Estrela Cadente, apura se banco teve conhecimento antecipado de qual seria a decisão do Copom em reuniões de 2010 a 2012 e se beneficiou da informação; instituição diz que só administrava, não geria o ativo

Bárbara Leite

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O Ministério Público Federal ( MPF ) e a Polícia Federal ( PF ) cumprem mandados de busca e apreensão na sede do banco BTG Pactual em São Paulo. A operação, batizada de Estrela Cadente, instaurada a partir de colaboração premiada de Antônio Palocci, ex-ministro de Lula e Dilma, investiga o vazamento das decisões nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central entre os anos de 2010 e 2012.

Após o anúncio da operação, as units do BTG Pactual despencaram quase 8% na Bolsa; às 14h43, os papéis caíam menos, 3,71%.

De acordo com o Ministério Público Federal, a operação apura o fornecimento de informações sigilosas em relação a mudanças na taxa básica de juros, a Selic, por parte da cúpula do Ministério da Fazenda e do Banco Central.

O principal beneficiário seria um fundo de investimento administrado pelo BTG, o Fundo de Investimento Multimercado Crédito Privado Bintang (que significa estrela em indonésio). Graças ao vazamento, afirma o MPF, o fundo teria obtido lucros extraordinários de dezenas de milhões de reais.

De acordo com a Economatica, o fundo começou com R$ 3,9 milhões em 2010 e, em abril de 2012, já tinha R$ 50 milhões, um avanço patrimonial de 1.150%. Somente em 2011, o fundo teve um retorno de mais de 402%, e parte dessa rentabilidade veio depois que Copom reduziu inesperadamente, em 31 de agosto de 2011, a Selic de 12,5% para 12% ao ano. Na ocasião, todas as 73 instituições financeiras consultadas em uma pesquisa da Agência Estado esperavam que a taxa fosse mantida em 12,5%.

Essa alta chamou atenção dos concorrentes do mercado e da própria Comissão de Valores Mobiliários. Na época, operadores se referiam a ele como “fundo Copom”.

Em nota, o BTG Pactual esclareceu: “O fundo possuía um único cotista pessoa física ( Marcelo Augusto Lustosa de Souza), profissional do mercado financeiro que também era o gestor credenciado junto à CVM, que nunca foi funcionário do BTG Pactual ou teve qualquer vínculo profissional com o banco ou qualquer de seus sócios. O Banco BTG Pactual exerceu apenas o papel de administrador do referido fundo, não tendo qualquer poder de gestão ou participação no mesmo”.

Já o BC diz que não foi comunicado do conteúdo da operação desta quinta-feira. “A respeito das informações divulgadas hoje pelo Ministério Público Federal em São Paulo e a Polícia Federal, o Banco Central esclarece que não foi comunicado sobre o conteúdo da Operação Estrela Cadente, que corre sob segredo de Justiça”, segundo nota da autoridade monetária.

*Com Exame.com

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