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Gestora vê sério risco com crise da Amazônia e diz só investir em brasileiras ‘amigas’ do ambiente

Uma das administradoras de fundos de ações mais antigas no país alerta sobre possíveis sanções dos incêndios e aponta as companhias que dão atenção à questão ambiental

Bárbara Leite

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Imagem da Nasa tirada de satélite mostrando fumaça na região amazônica, devido às queimadas-Foto: Divulgação

A FAMA Investimentos, uma gestora de fundos de ações no país há mais de duas décadas, diz que os incêndios na Amazônia podem trazer “terríveis consequências econômicas” para o Brasil.

Segundo a gestora, as queimadas podem ensinar algo aos investidores. “O país precisava estar à beira de um abismo fiscal para que a reforma da Previdência fosse aprovada”, escreveram Fabio Alperowitch e Maurice Levi, em carta, a clientes. “Agora, temos que assistir à Amazônia queimar para o tema para ganhar a relevância que merece”, contaram.

Entre as “terríveis consequências econômicas para a nação” estão sanções econômicas direcionadas às exportações, especialmente para a Europa.

“Não podemos descartar um revés no acordo histórico entre a União Europeia e o Mercosul”, segundo a carta.

As políticas ambientais do Brasil e do presidente Jair Bolsonaro estão sob pressão, com mais de 75.000 incêndios em todo o país neste ano, um aumento de 84% em relação ao ano passado, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O aumento dramático levou a pedidos internacionais de ação imediata e uma resposta feroz do governo, que trocou farpas com líderes estrangeiros – especialmente o presidente francês Emmanuel Macron.

Macron, ameaçou, na semana passada, bloquear o acordo de livre-comércio com o Mercosul, dizendo que Bolsonaro havia mentido para ele sobre seu compromisso com a mudança climática.

Na terça-feira, o governo norueguês alertou as empresas presentes no Brasil contra qualquer envolvimento no desmatamento, enquanto o governo sueco estaria examinando se os investimentos dos fundos de pensão no país e no resto da América do Sul estão de acordo com as metas de sustentabilidade.

Preocupação ambiental: longe da ‘cabeça’ dos gestores brasileiros

Até aqui, segundo a gestora, a questão ambiental era vista por empresas e investidores brasileiros como uma preocupação menor.

De acordo com a FAMA, as empresas brasileiras têm o nível mais baixo de supervisão dos conselhos sobre questões climáticas, citando um relatório do CDP, um grupo de pesquisa britânico sem fins lucrativos que solicita e divulga informações ambientais corporativas. Cerca de 50% das empresas do país dizem que seus diretores lidam com essas questões, em comparação com 60% nos EUA e 87% na Europa, de acordo com o relatório, que compilou dados de 6.937 empresas.

A gestora afirma usar critérios ambientais, sociais e de governança para filtrar as empresas em que investe. Com isso, tem em sua carteira a locadora de carros Localiza, a fabricante de celulose Klabin e a agência de viagens CVC Brasil.

A FAMA FIC FIA, carro-chefe da empresa, teve um retorno total de 16,6% no acumulado do ano, comparado a um retorno de 11,1% do índice Ibovespa, referência da Bolsa brasileira.

*Com informações da Bloomberg

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