Estudo realizado pela pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) Juliana Trece revela que a recuperação da economia brasileira é a mais lenta em 40 anos e a falta de fôlego para impulsionar uma retomada mais robusta está pior no que na década de 1980 período chamado pelos economistas de a “década perdida”.
Segundo ela, o que mais tem chamado atenção nesse último ciclo, é a lenta expansão do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas em um país) do Brasil, após a saída de dois anos consecutivos de recessão, 2015 e 2016. “Do primeiro trimestre de 2017 até ao segundo trimestre de 2019, a economia só cresceu 3,7%”, diz Juliana Trece.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta quinta-feira (29) que o PIB brasileiro cresceu 0,4% de abril a junho de 2019, acima do esperado pelo mercado, depois de ter caído 0,1% nos primeiros trimestre meses do ano.
Segundo o levantamento, depois de mais de dois anos de crescimento, o PIB ainda permanece 5% abaixo do nível pré-recessão.
“Em meio a uma crise fiscal preocupante, com uma relação dívida bruta/PIB próxima a 80% e incertezas com relação à aprovação de medidas para buscar solucionar os problemas macroeconômicos do país, a economia não tem conseguido reagir”, observa a economista.
Sete das 12 atividades econômicas analisadas estão com o pior crescimento por trimestre, nos períodos de expansão, desde 1980.
“Este cenário não é nada animador tendo em vista que o Brasil passou, recentemente, por um dos piores períodos recessivos de sua história, seja com relação ao tempo de duração (11 trimestres), seja com relação à intensidade (retração de 8,2% do PIB, no período)”, diz ela.