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China tem queda inesperada nas exportações em agosto, e notícia é negativa para o dólar e Bolsa

Dados divulgados neste domingo (8) mostram que a guerra comercial com os EUA impactou as vendas chinesas ao exterior, apesar da moeda mais fraca, informação que deve ser mal recebida pelos mercados financeiros nesta segunda-feira (9)

Bárbara Leite

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Importações chinesas tiveram queda de 5,6% no mês passado–Foto: Reprodução

A divulgação neste domingo (8) de que as exportações da China tiveram uma queda inesperada em agosto, mostrando que a guerra comercial com os EUA afeta a economia chinesa, deve pressionar o dólar e a Bolsa brasileira nesta segunda-feira (9).

De acordo com a administração aduaneira chinesa, as exportações chinesas caíram 1% em dólares em agosto ante o ano anterior, enquanto o mercado esperava uma alta de 2,2%. Já as importações caíram menos que o projetado pelos analistas: 5,6% contra apostas de tombo de 6,4%.

A queda nas exportações foi puxada pela tombo de 16% nas vendas para os EUA, impactadas pela taxação imposta aos produtos chineses pelo presidente Donald Trump, que aumentou mais as tarifas agora em setembro e prometeu novas altas para outubro e dezembro.

“É ruim em todas as frentes”, disse à agência Bloomberg Michael Every, chefe de pesquisa de mercados financeiros da Ásia no Rabobank em Hong Kong. “Acrescente a inevitável queda quando as remessas dos EUA finalmente alcançam 15% e 30% de tarifas, e é uma imagem feia”, contou.

As exportações fracas pressionam a economia já em desaceleração da China, principal parceiro comercial do Brasil.

A queda se deu mesmo com o yuan, moeda chinesa, mais fraco. A China permitiu que o yuan caísse abaixo de US$ 7, o que levou os EUA a chamá-lo de manipulador de câmbio. Com o yuan mais fraco os produtos chineses ficam mais baratos para os americanos, compensando parte do aumento de preço resultado da aplicação das tarifas. O superávit comercial da China em agosto contra os EUA foi de US$ 26,95 bilhões.

A China e EUA acordaram em voltar à mesa de negociações em outubro, conversas que podem pôr fim à guerra comercial entre os dois países e inverter esse cenário negativo.

Os dados também mostram que as importações chinesas estão caindo, o que é negativo para a economia brasileira, muito dependente da venda de commodities (matérias-primas) para o exterior e das vendas para a China.

A guerra comercial entre EUA e China, em um primeiro momento, porém, tem elevado pontualmente as vendas brasileiras de soja e de carne suína para a China, mas o enfraquecimento econômico chinês tem, por outro lado, reduzido os preço das commodities– o que prejudica empresas brasileiras como a Vale, por exemplo, e as exportações do nosso país.

Também há receio sobre se um acordo para pôr fim à guerra comercial entre China e EUA pode afetar as relações comerciais chinesas com o Brasil. Estudo publicado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), na semana passada, sugere que uma eventual redução do déficit bilateral com os EUA passaria pela redução das importações da China de produtos de outros países.

A desaceleração chinesa deve voltar a alimentar os temores de uma recessão local, com potencial para respingar no mundo inteiro e no Brasil. O governo chinês anunciou, na sexta-feira (6), um pacote para animar a economia, com redução de compulsórios (valor que os bancos precisam deixar como reserva) para elevar o crédito, que foi bem recebido pelos mercados. No entanto, os indicadores deste domingo devem trazer mau humor geral.

No fim da semana passada, os mercados financeiros estavam otimistas com a trégua na tensão comercial entre os dois países, e o dólar ante o real terminou na sexta (6) nos R$ 4,08, depois de ter chegado a bater os R$ 4,18 na segunda (2). O Ibovespa, referência da Bolsa brasileira, atingiu quase a marca dos 103 mil pontos, depois de patinar abaixo dos 100 mil pontos.

*Com agência Bloomberg

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