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Câmara dos EUA aprova impeachment de Trump: entenda o caso

Presidente americano é acusado de abuso de poder por não ter prestado ajuda militar e ter pressionado a Ucrânia a investigar um possível rival seu rival na eleição presidencial de 2020, Joe Biden; houve dois dissidentes entre os democratas na votação

Bárbara Leite

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Processo não deve passar no Senado, já que o partido do presidente americano tem maioria na Casa–Foto: Reprodução

A maioria na Câmara dos Deputados americana aprovou nesta quarta-feira (18) o impeachment do presidente Donald Trump por abuso de poder. A votação marcou apenas a terceira vez na história americana que a Casa aprovou a destituição do cargo de um presidente da República.

Por 230 votos a favor e 170 contra, os deputados apoiaram o impedimento de Trump da Casa Branca, alegando que ele usurpou o poder para reter assistência militar e pressionar a Ucrânia a investigar um possível rival seu na eleição presidencial de 2020, Joe Biden.

Era necessários 218 votos para a aprovação do impeachment na Câmara dos Deputados dos EUA.

Dois dissidentes entre os democratas

A votação foi bem-sucedida, mas dois democratas, do partido rival de Trump, que é republicano, votaram contra o impeachment do presidente. O deputado Colin Peterson, D-Minn., que representa um distrito que Trump venceu facilmente em 2016, e ele já havia dito anteriormente que se opunha ao impeachment.

O outro voto “não” veio do deputado de Nova Jersey Jeff Van Drew, que deve trocar de partido e se juntar ao grupo republicano.

Acusações

Trump enfrenta impeachment sob duas acusações específicas: a primeira foi que ele abusou de seu poder congelando a ajuda externa dos EUA à Ucrânia, a fim de pressionar o presidente da Ucrânia a iniciar investigações sobre os oponentes políticos domésticos de Trump. De acordo com o primeiro artigo de impeachment, as ações de Trump em relação à Ucrânia equivaleram a ter usado o poder para solicitar “a interferência de um governo estrangeiro, a Ucrânia, nas eleições presidenciais dos EUA em 2020”.

O voto na Câmara foi um clímax dramático, mas inevitável, de quase três meses de audiências em público e a portas fechadas, desencadeadas pela revelação de um telefonema entre o presidente e um líder estrangeiro (entenda o caso abaixo).

Ao abrir o debate, a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, chamou Trump de “uma ameaça contínua à nossa segurança nacional” e disse: “se não agirmos agora, estaremos abandonando nosso dever”.

O representante republicano Doug Collins da Geórgia, um dos principais defensores do presidente durante as audiências do Comitê Judiciário, disse em resposta que o presidente não fez nada de errado.

“O povo da América vê isso”, disse Collins. “O povo da América entende o devido processo e entende quando está sendo pisoteado na Casa do povo”.

Processo não deve passar no Senado

Apesar da aprovação na Câmara, Trump não deve sofrer um impeachment, já que os republicanos são maioria no Senado.

Pela Constituição americana, impeachment é uma figura jurídica equivalente à do indiciamento. A palavra final para o possível afastamento de Trump cabe ao Senado, onde o Partido Republicano detém maioria.

No Senado, onde os republicanos têm 53 dos 100 assentos, os democratas devem convencer 20 senadores do partido no poder a votar a favor de uma das duas acusações contra Trump. A tarefa é quase impossível, dada a profunda divisão entre as duas formações políticas.

Entenda o caso

Os democratas acusam Trump de usar o cargo para perseguir um adversário político, após um telefonema feito, em 25 de julho, ao presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski.

A suspeita é de que Trump teria bloqueado uma ajuda militar de US$ 391 milhões para pressionar o líder ucraniano a investigar o ex-vice-presidente Joe Biden, e possível candidato à Casa Branca para 2020, e seu filho, advogado de uma empresa ucraniana de energia.

A investigação foi aberta em 24 de setembro após a Câmara ter tomado conhecimento do conteúdo da conversa entre ele e Zelenski, graças a um denunciante anônimo.

Trump diz que suas conversas com Zelenski foram “perfeitas” e repete, sem provas, que Joe e Hunter Biden são “corruptos”, porque o filho do ex-vice-presidente democrata estava no conselho do Burisma, um grupo ucraniano de gás acusado de práticas duvidosas.

*Com Bloomberg

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