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Britânicos terão falta de comida, combustível e remédios com Brexit sem acordo

Saída do país da UE sem um pacto fechado com os membros do bloco pode levar caos aos portos e gerar um período de escassez de até seis meses

Bárbara Leite

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Brexit foi aprovado pelos britânicos em referendo de 2016-Foto: Reprodução

Documentos oficiais divulgados neste domingo pelo jornal “Sunday Times” alertam que uma saída do Reino Unido da União Europeia (UE) sem chegar a acordo com os membros do bloco, no chamado “Hard Brexit” ou “No-Deal Brexit“, vai implicar um período de escassez de combustível, alimentos e medicamentos e o caos nos portos britânicos.

O novo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, prometeu que o Brexit, saída do Reino Unido da UE, vai acontecer no próximo dia 31 de outubro, com ou sem acordo.

Dadas as dificuldades que se colocam a uma renegociação do acordo fechado com Bruxelas pela ex-primeira-ministra Theresa May nas 10 semanas que faltam até 31 de outubro, data prevista para o Brexit, a possibilidade de uma saída sem acordo parece a mais provável.

O jornal britânico publicou o que afirma ser um estudo confidencial do governo sobre as consequências mais prováveis de sair sem acordo.

Segundo o relatório, uma saída abrupta pode levar à escassez de alimentos frescos e a perturbações “significativas” no fornecimento de medicamentos, que podem se prolongar por seis meses.

É também possível haja falta de água, devido a possíveis interrupções na importação de químicos para o tratamento de líquidos.

O documento estima também que até 85% dos caminhões que cruzam o Canal da Mancha “podem não estar preparados” para as formalidades das alfândegas francesas, o que provocaria longas filas que poderia se estender por dias, consequentemente, gerar graves perturbações no tráfego dos portos britânicos durante meses.

Cerca de 75% dos medicamentos chegam ao Reino Unido através do Canal da Mancha, o que “os torna particularmente vulneráveis a atrasos graves”.

O que deu errado

O acordo firmado entre a ex-premiê Theresa May e a UE em novembro, não foi aprovado nas três vezes que esteve em votação no Parlamento britânico. Por conta disso, May pediu demissão e Boris Johnson foi eleito para a substituir.

A aposta do novo premiê, que tomou posse no mês passado, era de que a ameaça de um Brexit sem acordo iria persuadir as grandes potências da UE, Alemanha e França, a concordarem em revisar o pacto de saída, devido aos caos que a iniciativa poderá gerar no Reino Unido e no resto da Europa, o que ainda não aconteceu.

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, informou que se encontrará com Johnson na quarta-feira 21), mas frisando que Berlim está preparado para um Brexit desordenado.

O principal ponta de discórdia entre as partes é que o Reino Undo quer eliminar do acordo já fechado o chamado “backstop”, um mecanismo criado para evitar a volta de uma fronteira física entre a Irlanda do Norte (que é parte da Grã Bretanha) e a República da Irlanda (que é um país independente que faz parte da União Europeia).

Para críticos como Boris, essa cláusula de salvaguarda vai permitir a permanência parcial do país numa união aduaneira com a UE e tirar o poder do Reino Unido de fechar acordos comerciais por conta própria.

Neste domingo, o Reino Unido também anunciou ter ordenado a anulação do European Communities Act (ECA 1972) – a lei que, 46 anos atrás, incluiu o país na Comunidade Europeia, a antecessora da União Europeia, concedendo supremacia legal a Bruxelas. O decreto de anulação, assinado na sexta-feira pelo secretário do Brexit Steve Barclay, entra em vigor em 31 de outubro.

“Estamos assumindo o controle das nossas leis, como decidiram os britânicos no referendo de 2016”, segundo nota do governo britânico.

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